O escalador norte-americano Kai Lightner criou a Climbing for Change, uma organização sem fins lucrativos que visa corrigir a desigualdade racial na escalada e as incluir na indústria outdoor. Aqui mesmo na Revista Blog de Escalada, um podcast que abordou o assunto de racismo no universo outdoor, além de uma reportagem sobre mulheres afrodescendentes no Everest, tiveram muitas “polêmicas” levantadas.
Analisando o teor dos comentários, observando o tipo de argumento (se existia), ficou nítido que no Brasil, o preconceito racial ainda é algo solidificado. O racismo é o ato de discriminar, isto é, fazer distinção de uma pessoa ou grupo por associar suas características físicas e étnicas a estigmas, estereótipos e preconceitos. Nos comentários deixados no podcast e no artigo sobre mulheres negras teve todas estas intenções citadas.
Pela passionalidade dos comentários, ficou claro que o racismo no Brasil todo mundo sabe que existe, mas ninguém acha que é racista. Nos EUA, como todos devem saber, a questão é tão delicada quanto no território brasileiro, com o agravante que lá há muito mais violência por parte das autoridades.
Climbing for Change
Durante este período sem precedentes de grande agitação social, à medida que as pessoas em todo o mundo se posicionam contra o racismo e a discriminação, o escalador norte-americano Kai Lightner decidiu desempenhar um papel de liderança na comunidade de escalada de seu país e na indústria outdoor ao fundar a Climbing for Change.
Como o nome indica, a organização sem fins lucrativos visa abordar a desigualdade racial na escalada e na indústria de atividades outdoor, apoiando programas para aumentar a participação de minorias e tornar a atividade de esportes de natureza um ambiente mais inclusivo. A organização espera criar mudanças a longo prazo, reunindo fundos e fazendo parceria com empresas para fornecer financiamento e oportunidades para iniciativas de diversidade, equidade e inclusão para comunidades carentes
O escalador profissional de 20 anos ganhou fama por seus resultados em competições juvenis, e completou vias difíceis na escalada, como ‘Era Vella’ em Margalef (Espanha) em 2015. A via é graduada em 9a francês (11c brasileiro). Seu desejo de ajudar os outros, em particular os afrodescendentes (chamados de afro-americanos nos EUA), foi incutido nele desde cedo e no início de 2019 decidiu abandonar a escalada competitiva para se dedicar à faculdade e ajudar sua comunidade.
Através de sua conta no Instagram, Lightner afirmou:
“Como um dos poucos afro-americanos no topo do meu esporte, passei toda a minha carreira tentando utilizar minha plataforma para ajudar os outros e ser um exemplo de não permitir que estereótipos e pressões sociais limitem suas possibilidades. No entanto, ultimamente eu tenho tenho me perguntado
‘Que papel posso desempenhar na transformação de nossas comunidades para melhor?’
‘Como posso ajudar a facilitar mudanças de longo prazo?’
No meio de iniciativas de planejamento com meus patrocinadores e diferentes organizações, decidi que queria criar algo maior. Algo que ajude a remover as barreiras para a participação diversificada em nosso esporte outdoor. Algo que ampliará os esforços das empresas que trabalham para a criação de espaços inclusivos em nossa comunidade, algo que fornece uma plataforma para unir os esforços de DEI em toda a nossa indústria e apoiar os líderes comunitários”.
Se você deseja saber mais: climbing4change.org
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.