Pós COVID-19: O que vai mudar quando voltarmos às montanhas?

Se você faz parte dos negacionistas, ou mesmo é integrante do grupo de terraplanistas do universo outdoor, pode ser que este artigo não irá cari no seu gosto. O que sugiro fazer antes de começar a leitura, olhar pela janela e observar as notícias de veículos com credibilidade e deixe de acreditar nos ‘especialistas’ seus grupos de WhatsApp.

O motivo deste tipo de reflexão é simples: o mundo que você conhecia até o início de março de 2020, não existe mais. Portanto, é necessário realizar uma reflexão: a pratica de esportes ao ar livre será muito diferente no que muitos chamam “novo normal”?

Quase todas as pessoas que respeitaram pacientemente a quarentena existe uma frase comum: “Eu quero voltar para as montanhas!”.

No México, assim como acontece no Brasil, embora algumas áreas naturais estejam abertas ao público, os Parques Nacionais, como Iztaccíhuatl, Pico de Orizaba ou Malinche são mantidos fechados por ordem oficial. No Brasil, áreas de Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro, já estão abrindo aos montanhistas.

Mas, como será o retorno às montanhas? O que devemos planejar? Quais aspectos do que era “usual” em nossas ascensões antes da pandemia e que agora teremos de repensá-los e ajustá-los ao que eles chamam o novo normal?

Sem dúvida, é hora de refletirmos sobre o assunto e conhecer as medidas que devemos tomar em nossas saídas à natureza. Abaixo, uma prévia do que com certeza teremos que adotar nos próximos meses ao ir às montanhas.

Prioridade 1: Forte senso de responsabilidade social

O primeiro aspecto que devemos considerar, e adotar como medida que determina nossas saídas à natureza, é o forte senso de responsabilidade social, ou seja, estar atento em cada uma de nossas ações para evitar qualquer possível contágio.

Responsabilidade social é quando as pessoas, de forma voluntária, adotam posturas, comportamentos e ações que promovam o bem-estar das outras pessoas. Toda e qualquer comunidade, como a de escaladores, de montanhistas, dos praticantes de trekking, entre outras, devem incorporar a partir do momento de reabertura.

Para a aplicação desta responsabilidade social no planejamento de sua atividade outdoor, é importante se perguntar:

  • Como me sinto?
    • Antes de qualquer saída programada, é fundamental avaliar o nosso estado de saúde. Monitorar sempre se sofrermos de algum sintoma relacionado ao COVID-19 (tosse seca, febre, dor de garganta, perda do olfato e do paladar). Na existência de algum destes sintomas, é melhor ficar em casa, mesmo que pensemos que é um pequeno resfriado. Isso não é só para não nos colocarmos em risco, mas também para proteger a comunidade de montanha de um possível contágio.
  • Tive contato com alguém que teve COVID-19?
    • Fique em casa, mesmo que não tenha sintomas. Monitore seus sintomas e espere pelo menos alguns dias para voltar ao convívio social.

Novos princípios gerais de orientação

Pratique o ‘montanhismo local’: Quanto mais nos afastamos de cidade onde vivemos para praticar o montanhismo, maiores são as chances de contágio. O motivo é simples: requer mais paradas em postos de gasolina, banheiros públicos, lojas, etc. Portanto, se você for para as montanhas, o melhor a fazer é planejar o mais próximo de casa.

Mantenha uma distância saudável: Devemos manter sempre dois metros de distância de qualquer pessoa e, fundamentalmente, nas montanhas. Isso também se aplica quando chegar ao cume. Se ao chegar ao topo da montanha encontrar muitas pessoas, é melhor esperar alguns minutos para que algumas delas desçam (mantendo uma distância saudável) ou desfrutar da vista do ponto mais alto se já alcançou.

Use uma máscara: Seja para correr, ou andar de bicicleta, e até fazer caminhadas ou qualquer esporte ao ar livre, tenha como regra geral, usar uma máscara em uma área onde é difícil manter o distanciamento social. Se se trata de locais lotados, onde encontraremos outras pessoas por perto, o melhor a fazer é sempre usar uma máscara (e trocá-la por uma nova, sempre que estiver molhada). E, claro, SEMPRE VOLTE PARA CASA COM A MÁSCARA. Ou seja, não deixe nenhuma marca na montanha.

Lave as mãos: Muitos de nós amamos, ou não nos importamos, em passar o dia todo nas montanhas sem lavar as mãos. No entanto, a higiene das mãos é essencial. Infelizmente a lavagem adequada das mãos não é uma prática comum no montanhismo, portanto, passe a usar álcool em gel para as mãos, com pelo menos 80% de etanol, principalmente após qualquer contato com superfícies ou equipamentos compartilhados. este hábito fará parte da vida cotidiana para quem for em ambiente outdoor.

Evite lugares populares: Com certeza, quando as montanhas abrirem, haverá muitos, talvez centenas, que com grande entusiasmo desejarão retornar. Se isso não for feito de forma controlada, irá gerar aglomerações que irão aumentar a propagação da COVID-19. Portanto, o melhor é planejar passeios evitando locais movimentados, pontos de encontro e rotas que nos obriguem a nos aproximarmos dos outros.

Racionalidade: Os passeios deverão ser determinados pela nossa capacidade física e técnica e de acordo com o objetivo que pretendemos. Depois de muito tempo longe das montanhas, o melhor a fazer é abaixar nossas expectativas, recuperar a condição física e passar de ‘menos’ para ‘mais’.

Isso também faz parte do forte senso de responsabilidade que devemos ter para com os responsáveis pelos resgates, que trabalham em sua maioria voluntariamente às chamadas de emergência nas montanhas. Qualquer acidente coloca o risco de transmissão entre as vítimas e membros de ajuda.

Utilização independente de equipamento : Teremos que transportar equipamento próprio e é melhor não o partilhar; Depois de um passeio, coloque o equipamento compartilhado em quarentena em uma área especial e pelo maior tempo possível. Da mesma forma, o kit de primeiros socorros deve ser parte essencial do que carregamos conosco para evitar o contato com outras pessoas. No caso de qualquer necessidade, por mais absurda que seja, como precisar um curativo para cobrir uma bolha, pode causar contágio.

Evite abrigos: Teremos que esperar para saber quais as medidas oficiais serão estabelecidas para os diferentes abrigos que se encontram nas montanhas. No entanto, é melhor planejar nossos passeios de forma a evitar seu uso durante os primeiros meses com pessoas as quais não conhecemos ou convivemos.

Limitar o tamanho dos grupos a no máximo duas pessoas: Haverá muitos desafios em ficar a dois metros de distância uns dos outros, portanto, reduzir o tamanho dos grupos para no máximo duas pessoas é a melhor opção no momento. Caso seja a sua primeira saída à montanha, planeje com uma empresa de turismo responsável e que adote esta postura.

Paciência e otimismo

Todos nós queremos voltar às montanhas, encontrar os nossos amigos e viver naquele espaço de que tanto necessitamos.

No entanto, devemos respeitar as indicações oficiais quanto ao encerramento e abertura dos diferentes Parques Nacionais e, uma vez abertos, acatar as sugestões ou regulamentos estabelecidos pelas autoridades competentes. O tempo para muitos cumes chegará em breve.

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