Patagônia: Qual a origem do nome e a história desta região

Por que a Patagônia chama Patagônia? O destino dos sonhos de qualquer pessoa que pratique montanhismo é conhecer a região conhecida como Patagônia. A vasta área de pouco mais de um milhão de metros quadrados fica no extremo sul da América do Sul e ocupa partes da Argentina e do Chile.

Para se ter uma ideia, a área é o equivalente aos estados brasileiros de Bahia e Minas Gerais juntos. Um outro dado, que atesta o tamanho da região, é que somente a Patagônia ocupa uma área equivalente a 1/8 (12,5%) de todo território brasileiro e ocupa uma área equivalente à metade do México.

Além disso, aprender sobre região também nos ensina sobre como era a vida na América há 500 anos. A Patagônia é o lar de vários grupos de etnias ameríndias que têm, baseado em achados arqueológicos, uma história de aproximadamente 14.500 anos na região.

Em 2017, a população regional foi estimada em cerca de 2,7 milhões de habitantes. As principais fontes econômicas são turismo, petróleo, pesca, energia, gás e pecuária, entre outras.

História da Patagônia

Patagônia

Fernão de Magalhães

O navegador e explorador Fernão Magalhães nasceu em Portugal, por volta de 1480, em uma família nobre. Como jovem marinheiro, participou das campanhas militares de Portugal na Índia e em outras regiões do Oriente. Navegou sob o comando de Diogo Lopes de Sequeira na primeira embaixada portuguesa em Malaca, com Francisco Serrão, seu amigo e possivelmente primo.

Serrão partiu na primeira expedição enviada para encontrar as “Ilhas das Especiarias” nas Molucas, onde permaneceu. Suas cartas a Magalhães seriam decisivas para a formação do caráter do português, dando informações sobre os territórios produtores de especiarias. Depois de sair de folga sem permissão, Magalhães ficou mal visto na marinha portuguesa e passou a ser perseguido politicamente.

Servindo no Marrocos, ele foi ferido, resultando em uma claudicação permanente. Pouco depois foi acusado de negociar ilegalmente com os mouros (o que depois provou ser uma calúnia) e sabendo de “algumas atividades questionáveis” de Fernão durante este período, o rei de Portugal D. Manuel I negou-se a dar-lhe qualquer recompensa.

Magalhães então renunciou à nacionalidade portuguesa e foi morar na Espanha, em Sevilla, onde casou. Dedicou-se lá ao estudo das cartas mais recentes de Francisco Serrão, investigando em parceria com o cosmógrafo Rui Faleiro, uma passagem do Atlântico ao Pacífico Sul e a possibilidade das Molucas serem espanholas segundo a demarcação do Tratado de Tordesilhas.

Magalhães foi servir então ao rei espanhol Carlos V, apresentando-lhe sua ousada proposta de uma rota alternativa para alcançar as cobiçadas Ilhas Molucas ou Ilhas das Especiarias (localizadas na atual Indonésia), que eram ricas, obviamente, em especiarias. O rei Manuel I de Portugal viu isso como um ato de insulto e fez tudo ao seu alcance para atrapalhar os arranjos de Magalhães para a viagem.

Isso porque as especiarias podem ser consideradas como o equivalente ao petróleo nos dias atuais. Especiarias eram importantes porque eram item de luxo e moda gastronômica e consumidas apenas em ocasiões especiais por cidadãos comuns e com maior frequência por nobres e abastados. Além disso, também escondiam o sabor da carne estragada.

As especiarias eram caras porque só eram encontradas no leste da Ásia. Para chegar lá os mercadores deveriam usar uma rota marítima conhecida como rota da seda, era uma viagem longa, essa viagem gerava despesas, como a alimentação.

A viagem de Fernão de Magalhães

Patagônia

Rui Faleiro refez os cálculos de Colombo (para ter certeza que estava certo) e garantiu a Magalhães que, ao sul das terras de Vera Cruz (Brasil), a cerca de 40 graus de latitude, havia uma passagem do “Mar Oceano” (Oceano Atlântico) para o “Mar do Sul” (Oceano Pacífico) e que as Molucas estavam dentro da metade que, pelo Tratado de Tordesilhas, cabia à Coroa de Castela.

Como, na época, era Portugal que dominava o caminho marítimo oriental que era utilizado para chegar à região, o navegador propôs que fosse feito um percurso ocidental, contornando-se as Américas. A proposta de Magalhães era fazer o contorno pelo sul, atingindo outro oceano e chegando às Ilhas Molucas, provando dessa forma que elas estavam dentro dos limites designados para a Espanha mediante o Tratado de Tordesilhas.

A serviço do rei de Espanha, em 1519, Fernão Magalhães planejou e comandou a expedição marítima que efetuou a primeira viagem de circum-navegação do planeta. Magalhães e seu agora sócio Rui Faleiro, além de cerca de 240 homens distribuídos em cinco caravelas, partiram de viagem em 20 de setembro de 1519.

Cerca de 60% da tripulação eram espanhóis provenientes de praticamente todas as regiões do país. Haviam também portugueses (28), italianos (27), França (15), Grécia (8), Flandres (5), Alemanha (3), Irlanda (2), Inglaterra (1) e Malásia (1) e outros origem não identificada.

O motim

A frota deixou a Espanha em setembro, navegando para o oeste através do Atlântico em direção à América do Sul e em dezembro do mesmo ano desembarcaram no Rio de Janeiro. De lá, navegaram para o sul ao longo da costa, procurando um caminho através ou ao redor do continente.

Quando os suprimentos ficaram escassos, foi necessário fazer um primeiro racionamento de provisões, o que levou a um motim em três dos cinco navios da frota. Após o motim ser controlado, Magalhães realizou um julgamento dos conspiradores.

Os capitães Luis de Mendoza e Gaspar de Quesada foram executados por decapitação, enquanto Juan de Cartagena (que frequentemente discutia com Magalhães durante a viagem e questionava sua autoridade) foi abandonado na costa da Patagônia com o sacerdote Pedro Sánchez de la Reina, que havia liderado o motim.

Conspiradores de nível inferior foram obrigados a fazer trabalhos forçados acorrentados durante o inverno, mas depois foram libertados.

A sentença foi executada em 11 de agosto de 1520, quatro meses após o motim. Cartagena e o padre receberam um pequeno suprimento de biscoitos de navio e água potável e foram deixados em uma pequena ilha na costa da Patagônia. Nenhum dos dois foi visto novamente.

A descoberta da Patagônia

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Pouco depois de derrotar a insurreição, o navegador Fernão Magalhães atravessou a região atual da Patagônia. No ano de 1520 (portanto, 20 anos após o “descobrimento do Brasil” e 28 anos após o “descobrimento da América), o navegador português Fernão de Magalhães passou pela região do extremo sul do continente americano.

Ali, o navegante português encontrou um arquipélago (grupo de ilhas) ao qual chamou Terra do Fogo (Tierra del Fuego em espanhol), por que avistou fogueiras feitas pelos índios tehuelches ao longo da costa.

Magalhães foi o primeiro a alcançar a “Terra do Fogo” (Tierra del Fuego) no extremo sul do continente americano a atravessar o estreito que hoje leva seu nome. O navegador entrou no estreito dia 1 de novembro e o batizou inicialmente de “Estreito de Todos os Santos”.

O estreito ainda é conhecido pela dificuldade de navegação, devido ao clima hostil e à sua pequena largura. No dia 28 de novembro de 1520, eles entraram no que Magalhães batizou como Mare Pacificum (mar pacífico).

Na época, a história de Antonio Pigafetta, que era o relator oficial dos acontecimentos no navio, mencionava pela primeira vez o nome do lugar como “terra patagonia”.

Os tehuelches, os primeiros habitantes da Patagônia

Patagônia

Durante a sua exploração, o navegador entrou em contato com os tehuelches. Ao investigar a região, sua tripulação notou pegadas feitas pelas tribos nas praias da patagônia. As pegadas eram feitas pelas botas de couro de guanaco (camelídeo nativo da América do Sul), que os tehuelches usavam para cobrir seus pés.

O povo tehuelche é um dos vários povos indígenas que habitam a região da Patagônia.

Tehuelche era o nome dado pelos mapuches aos habitantes dos pampas à costa norte do estreito de Magalhães. Quando os europeus chegaram ao continente, os tehuelche eram em torno de 4.000 a 5.000, divididos em grupos nômades de até 100 membros cada. Esses grupos viviam da caça do guanaco e do avestruz ñandú e da coleta de alimentos ao longo da costa e usaram arcos e flechas, bem como boleadeiras para caçar.

As origens do Tehuelche podem ser rastreadas há 4.500 anos em sítios arqueológicos que exibem tecnologia muito semelhante, dieta e padrões de habitação.

As origens do nome Patagônia

PatagôniaO romance de cavalaria português “Palmeirim de Inglaterra” (mas com o nome completo de “Cronica do famoso e muito esforçado cavalleiro Palmeirim d’Inglaterra”) do autor Francisco de Morais foi escrito entre 1541 e 1543. O livro possui algumas lembranças autobiográficas do autor e é considerado um dos melhores romances de cavalaria do século XVI, sendo, inclusive, elogiado por Miguel de Cervantes em “Dom Quixote”.

Um dos personagens do livro era um monstro chamado Patagão, um ser com figura de cão, grandes orelhas, dentes descomunais e pés de cervo. Antonio Pigafetta, geógrafo e escritor italiano, que acompanhava Fernão Magalhães ao observar os indígenas locais com calçados de couro, chamou-os de “patacanes”, ou seja pés de cachorro em italiano.

Inspirado pelo romance, Magalhães acreditou que se tratavam de um Patagão, por causa do livro do qual era fã.

Além dos calçados diferenciados, os tehuelches tinham uma altura média de 180 centímetros, em comparação com os 155 cm de média dos europeus da época. O que, por causa desta diferença de altura, pareciam aos navegadores que eram uma espécie de “gigantes”.

Segundo o relato de Pigafetta , os tehuelches eram altos e tinham um físico forte, por isso Magalhães chamou-os patagones, pois lembrou-lhe do personagem do livro “Palmeirim de Inglaterra” chamado patagão (patagón).

Em setembro de 1522, Pigafetta retornou à Itália, onde relatou as suas experiências na obra Relazione del Primo Viaggio Intorno Al Mondo, na qual falou sobre os habitantes do extremo sul da América. Pigafetta escreveu em seu relato da viagem de Magalhães: “Nosso capitão chamou esta cidade de Patagones …”, sem mencionar mais detalhes do motivo de tal nome.

Outros autores, sem se referir a essa linguagem, afirmam que “Patagones” deriva de “patones” ou pessoas com pés grandes.

A partir de então, a região ficou conhecida como o lar dos patagãos (patagones): Patagônia. Ambos os termos, “patagón” e “Patagônia”, foram amplamente divulgados e usados ​​em cartografia e nomes regionais. Dada a incerteza sobre sua verdadeira origem, outras hipóteses de etimologia indígena ou europeia foram levantadas, mas não prosperaram.

Paphlagonia

Patagônia

O pesquisador argentino Miguel Doura afirma que o nome patagão possivelmente deriva da antiga região grega da Turquia moderna chamada Paphlagonia. Miguel Moura é um pintor argentino e possui sua própria galeria de arte na qual mostra suas próprias obras, chamadas “Nautilus” a 4.300 metros acima do nível do mar no acampamento base “Plaza de Mulas” no Monte Aconcágua.

A maior parte da Paphlagonia é um país montanhoso acidentado, mas contém vales férteis e produz uma grande abundância de avelãs e frutas (especialmente ameixas, cerejas e peras). As montanhas são revestidas de densas florestas, que se destacam pela quantidade de folhas que fornecem.

Esta hipótese foi publicada no livro New Review of Spanish Philology.

Colonização da Patagônia

Embora não se saiba exatamente quando a Patagônia começou a ser povoada, a presença humana nessas terras é geralmente aceita desde pelo menos 10.000 a.C. Antes da chegada dos europeus, a Patagônia era pouco povoada.

No final do século XVI, os espanhóis tentaram colonizar a região costeira da Patagônia para livrá-la dos piratas ingleses. Em 1778, os ingleses tentaram se estabelecer na mesma baía, e os espanhóis reagiram com a fundação das primeiras duas cidades da Patagônia, San José e Viedma (que originalmente se chamava Nuestra Señora del Carmen).

Depois que a Argentina conquistou a independência da Espanha, em 1816, a Patagônia ficou abandonada, até que as campanhas da Conquista do Deserto, na década de 1870, varreram os índios da área.

Durante sua viagem ao redor do mundo a bordo do HMS Beagle com o Capitão Robert Fitz Roy, entre os anos de 1832 e 1834, Charles Darwin percorreu as costas, estepes e montanhas da Patagônia, dando importantes contribuições no campo da antropologia, geologia, zoologia, e paleontologia.

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