Uso de máscara para atividades outdoor: O que é mito e o que é verdade?

O debate sobre a utilização de máscaras para cobrir o nariz e a boca está repleto de noções sem fundamento científico. Há, portanto, muito mais “achismo”, conceitos pseudocientíficos difundidos do que propriamente conhecimento científico.

De concreto é que o uso de máscaras ajuda a evitar a disseminação da doença, sobretudo nos lugares onde não é possível respeitar a distância física de 1,5 a 2 metros. O uso dessa proteção por si só não contém a propagação do vírus, mas existe um consenso de que sua utilização ajuda a deter a pandemia.

No início, as autoridades de saúde pública desencorajaram o uso de máscaras, alegando que não eram úteis e que os suprimentos de equipamentos médicos deveriam ser reservados para profissionais de saúde. Especialmente aqueles que trabalham na linha de frente do combate à pandemia.

Porém, houve consenso no uso da máscara para evitar que o vírus fique suspenso no ar. A partir disso, todos os lugares começaram a exigir a máscara. Para o público que pratica esportes outdoor apareceu um paradoxo: usar ou não a máscara enquanto estivermos na natureza e estivermos afastados das pessoas e cidades?

Como funcionam as máscaras?

Para entender se é necessário ou não usar máscaras, primeiro é importante entender como elas ajudam no processo de combate à pandemia. Por meio de estudos científicos, os quais podem ser consultados em revistas científicas de prestígio, está comprovado que os humanos são uma verdadeira fonte de emissões de vírus e bactérias pelas suas vias respiratórias.

Cada vez que falamos, tossimos ou apenas respiramos, emitimos uma série de gotículas, às vezes com quase um milímetro de diâmetro. Entenda como se cada pessoa seja um “aerossol de gotículas”. Então as máscaras funcionam capturando essas partículas entre nossas vias aéreas e o ambiente externo por meio de um de suas várias camadas.

Portanto, as máscaras higiênicas, ou mesmo as de pano, agem como uma barreira para evitar a propagação do vírus do usuário para outras pessoas, como explicam a OMS e os CDC. As máscaras de pano possuem um nível de proteção menor que o das cirúrgicas, mas mesmo assim reduzem a quantidade de gotículas respiratórias transferidas pelo portador da máscara às demais pessoas.

Além disso, também serve de proteção, pois evita que o usuário seja infectado por outros. Porém, é importante salientar que, segundo especialistas em infectologia, utilizar máscaras para prevenir a COVID-19 implica assumir vários riscos.

O principal deles é que seu uso cria a falsa sensação de segurança de estar protegido. Esta falsa sensação, segundo a OMS, pode aumentar as possibilidades de infecção pois a pessoa com máscara pode tender a tocar o rosto com as mãos infectadas.

Os cientistas estão testando itens de uso diário para encontrar a melhor proteção contra o coronavírus. Porém, é importante salientar que no uso das máscaras:

  • O usuário NÃO respira menos oxigênio Não há nenhuma evidência científica de que a utilização de máscaras provoque hipoxia.
  • O usuário NÃO respira dióxido de carbonoSegundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “usar máscaras médicas durante muito tempo pode ser desconfortável, mas não provoca intoxicação por dióxido de carbono nem hipoxia”.
  • O usuário NÃO ativa o próprio vírusEste tipo de dado carece de fundamento científico e se difundiu por causa de uma afirmação em um documentário Pandemic, o qual é amplamente criticado pela comunidade científica por causa da enorme quantidade de mentiras que possui.
  • O uso da máscara NÃO favorece o surgimento de infecções respiratórias

Mais importante, qualquer cobertura facial é melhor do que nenhuma, especialmente se usada por uma pessoa que tem o vírus, mas não você não sabe.

As máscaras feitas de tecidos de alto desempenho funcionam?

Para atender um nicho do mercado esportivo, especialmente na aquisição de tecidos de 100% poliéster, surgiram os chamados “tecidos esportivos”. Os tecidos esportivos de alto desempenho podem filtrar tão bem quanto o algodão, que geralmente é visto como o material preferido porque pode ser tecido densamente.

A melhor máscara médica (chamada de respirador N95) filtra pelo menos 95% das partículas tão pequenas quanto 0,3 mícron. Já uma máscara cirúrgica comum, a qual é feita com um pedaço retangular de tecido plissado com presilhas elásticas para as orelhas, tem uma eficiência de filtragem de 60% a 80%.

Testes de laboratório apontaram que um tecido de algodão de 600 fios capturou apenas 22% das partículas quando dobrado, mas quatro camadas capturaram quase 60%. Um cachecol de lã grossa filtrava 21% das partículas em duas camadas e 48,8% por cento em quatro camadas. Uma bandana de 100% algodão teve o pior desempenho, capturando apenas 18,2% quando duplicada e apenas 19,5% em quatro camadas.

Todo um estudo a respeito da eficiência das máscaras caseiras foi publicado no site Medrxiv. O estudo verificou o desempenho de 11 tecidos domésticos no bloqueio de gotas de alta velocidade, usando uma máscara médica comercial como referência.

De acordo com o estudo, tecidos esportivos servem para a proteção de atletas. A aprovação é por servir de barreira para o vírus, além de permitir uma maior sensação de respirabilidade ao usuário, as máscaras feitas de tecido de alto desempenho funcionam. O tecido de camiseta ara exercícios, podem bloquear as gotículas com uma eficácia semelhante à de máscaras médicas, enquanto ainda mantêm respirabilidade comparável.

O estudo pode ser conferido em: https://www.medrxiv.org / NCBI

Preciso usar uma máscara quando estiver na natureza?

Se você fosse um administrador público, e tivesse a responsabilidade de zerar os casos de contágio em um local de prática de atividades outdoor, você liberaria para ninguém usar máscara? Ao responder a essa pergunta, lembre-se que caso apareça um caso, ou mesmo um óbito, é sua carreira e seu emprego que pode estar em jogo.

Pois foi exatamente isso que administradores de parques e locais de escalada pensaram. No início, as autoridades de saúde pública se concentraram na transmissão direta por meio de gotículas maiores e na transmissão de contato por meio de superfícies contaminadas por essas gotículas.

Ou seja, mesmo no ambiente outdoor, você pode estar respirando um ar contaminado por uma pessoa que se achou na liberdade de não usar máscara A inalação profunda é mais provável de ocorrer com respiração pesada com a boca aberta, como durante o exercício. Ou seja, praticar o seu trekking em um lugar que uma pessoa contaminada sem máscara passou há alguns minutos (e você não a viu) pode contaminá-lo.

Portanto, o mais responsável é ter a atitude de uma pessoa responsável e fazer tudo o que possa para proteger a si e aos outros.

Sim, todo praticante de esporte afirma que as máscaras são desconfortáveis, inibem a capacidade de fazer exercícios pesados ​​e fazem com que a saturação de oxigênio caia. Porém, é parte da maturidade social de cada indivíduo ter em mente que depende de cada um esta pandemia chegar ao fim.

Quanto mais rebeldes e negacionistas se recusarem a fazer sua parte, mais longa ela será. Usar máscara durante passeios, corridas e caminhadas para ajudar a limitar a propagação da doença é, no máximo, um pequeno inconveniente.

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