Novo local de escalada será aberto em São Paulo

De uma prática esportiva e a paixão pela biodiversidade, surgiu este projeto.

A escalada em rocha é um esporte que vem ganhando adeptos em todo o Brasil. Muito deste crescimento é porque a escalada se tornou esporte olímpico. É uma atividade que concilia o trabalho mental com o esforço físico, mediante o uso sustentável dos recursos naturais.

Foto: Hiago Ermenegildo

Por meio do olhar atento à dinâmica natural e interação dos seres vivos com seu habitat, o Instituto Manacá trouxe, juntamente com a escalada, o monitoramento doe urubu-rei (Sarcoramphus papa), táxon da avifauna brasileira que se encontra ameaçado de extinção no estado de São Paulo, presente na Floresta Nacional de Ipanema, surgindo assim o Programa de Abertura de Escalada em Rocha na Floresta Nacional de Ipanema e Monitoramento do Urubu-Rei nos Setores de Escalada.

O programa, iniciado em fevereiro de 2018 e financiado pela Fundação S.O.S. Mata Atlântica e com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), teve como principal motivação o fomento de mais um atrativo turístico oferecido na Região Metropolitana de Sorocaba.

Foto: Thiago “Palito” Ribeiro

O desenvolvimento deste trabalho, dentro de uma importante Unidade de Conservação de Uso Sustentável, dependeu de um grande esforço, tanto na estruturação das trilhas e abertura de vias de escalada, quanto com a preocupação com o monitoramento do urubu-rei, para que a prática da escalada nas rochas não interferisse em sua ecologia.

O monitoramento do urubu-rei foi realizado pelo biólogo de campo do Instituto Manacá, Hiago Ermenegildo, contando com o amparo científico do Prof. Mercival Francisco da Universidade Federal de São Carlos, campus Sorocaba.

A Floresta Nacional de Ipanema

Criada em 1992 pelo Decreto Federal nº 530, a Floresta Nacional de Ipanema é uma Unidade de Conservação Federal, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente.

Localizada a 120 km da cidade de São Paulo e abrangendo parte dos municípios de Iperó, Araçoiaba da Serra e Capela do Alto, sua missão é: proteger, conservar e restaurar o Morro Araçoiaba e seus ambientes associados, os remanescentes de Mata Atlântica, Cerrado e seus atributos naturais, históricos e culturais. Para isso a FLONA de Ipanema realiza a recuperação de áreas e ecossistemas degradados, promove a proteção de ecossistemas, da fauna, flora nativa e dos recursos hídricos, possibilita pesquisa científica e a construção e difusão de conhecimentos para a conservação da sócio biodiversidade e propiciar atividades de educação e interpretação ambiental, visitação e recreação em contato com a natureza.

Foto: Thiago “Palito” Ribeiro

A prática de Escalada

O Morro de Araiçoaba, presente na Floresta Nacional, é composto por rochas de arenito, demonstrando uma escalada de agarra, com bastante negativo. Foram abertos 5 setores, com a conquista de 58 linhas tendo variação de 4º a 9º grau, atendendo a todos os praticantes de escalada.

  • O setor 1 – Gênesis, conta com 14 linhas de escalada, sendo o setor com vias mais fáceis da Flona de Ipanema.
  • O setor 2 – Pedra Jonas, conta com 10 linhas, sendo o local com uma boa diversidade de estilos: desde vias duras a vias mais fáceis.
  • O setor 3 – Atos, conta com apenas 3 linhas, porém, com um dos visuais mais bonitos do Morro de Araçoiaba.
  • O setor 4 – Romanos, o mais imponente: sua parede vertical revela 14 vias de 7º alto a 8º alto.
  • O setor 5 – Efésios, é composto com diversos “salões”, com escaladas distribuídas em 15 vias variando de 5ºsup a 8º/9º grau.

Foto: Thiago “Palito” Ribeiro

As seguintes pessoas atuaram na estruturação da trilha e conquista de linhas

  • Pietro de Oliveira Scarascia
  • Mariana Bueno Landis
  • Marcos Pires de Almeida Filho
  • Alejandro Gaspar Gurdulich Vásquez
  • Luiz Alberto Sanchez
  • Ivan Stacioni Cerqueira Oliveira
  • Jurema Brasil

Preservação

Os acessos aos setores se dão por trilhas com estruturação fina, evitando que qualquer impacto possa ocorrer em sua utilização. Todas as trilhas estão sinalizadas, indicando o caminho entre os setores.

Todo cuidado com os ecossistemas do local foi tomado e está sendo rigorosamente adotado. Ao entrar nas trilhas, há três placas de interdição da via, ou mesmo do setor, caso seja constatada nidificação de alguma ave. Assim, o próprio escalador que faz uso do local poderá colocar a placa no local devido, auxiliando assim na preservação do meio ambiente, e na manutenção da prática sustentável da escalada em rocha.

Foto: Thiago “Palito” Ribeiro

A preservação do escalador também foi levada em consideração: o pico possui uma maca rígida instalada em local estratégico, de fácil visualização, para eventuais resgates. E possui no croqui um plano de contingência para eventuais acidentes.

Algumas vias de escalada possuem a primeira chapa alta, desta forma, encorajamos o uso de clip-stick para estas. Foi disponibilizado um clip-stick por setor, feito de bambu com cano PVC na ponta, possibilitando que o escalador que esquecer o seu equipamento possa utilizar o clip-stick do pico.

Parceiros

O trabalho foi desenvolvido pelo Instituto Manacá em parceria com a Floresta Nacional de Ipanema, ICMBio, Universidade Federal de São Carlos – campus Sorocaba, SAVE Brasil, Academia Boulder, a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada, Acceso PanAm e a Associação de Monitores Ambientais Tupiniquins.

Todas as atividades contaram com o apoio da Floresta Nacional de Ipanema.

O croqui está sendo desenvolvido em uma parceria com a Pé na Trilha.

Duas das etapas do programa foi a realização de cursos aos monitores da Associação de monitores ambientais Tupiniquins e demais atuantes na FLONA de Ipanema. O primeiro curso foi de Observação de Aves, ministrado pela SAVE Brasil e o segundo foi o Curso Básico de Escalada em Rocha, ministrado pela Academia Boulder.

Foto: Markinhos Pires

Exposição Fotográfica

Todas as metas do programa foram registradas pelo fotógrafo Thiago “Palito” Ribeiro, com o apoio do fotógrafo Gregory de Castro, das quais compõe uma Exposição Fotográfica itinerante que ilustra todo o trabalho.

Inauguração

O pico será inaugurado para a prática de escalada no dia 2 de junho de 2019, às 8hrs, no Anfiteatro da Casa das Armas Brancas, na Floresta Nacional de Ipanema, em Iperó. O evento de inauguração contará com palestras da equipe executora, a Floresta Nacional de Ipanema, ICMBio e demais parceiros do programa.

Também será a inauguração da Exposição Fotográfica. O evento de inauguração será gratuito e a comunidade escaladora é bem-vinda!

Após a abertura, o escalador que deseja escalar na Flona de Ipanema terá de pagar o ingresso (R$9,00) no Centro de Visitantes, assinar o Termo de Reconhecimento de Risco, e estacionar o carro no estacionamento da ACADEBio. A partir dali, seguir a pé em um percurso de 1.200 metros em aceiro até o início da trilha. Chegando lá, então é só escolher o setor e divertir-se!

A FNI abre de terça a domingo, das 8 às 17hrs.

Para mais informações: [email protected]

Foto no topo: Thiago “Palito” Ribeiro

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