Mentira ou verdade? Saiba que há por trás da foto da etiqueta da Patagonia que viralizou

Pergunte a qualquer pessoa qual é a marca mais engajada politicamente no mundo, e a resposta vai ser unânime: Patagonia. De maneira recorrente a marca é destaque aqui na Revista Blog de Escalada por causa deste tipo de postura diante da sociedade.

Para o público acostumado a ler somente os títulos dos artigos, ou mesmo dos vídeos no YouTube, a empresa de Yvon Chouinard ganhou notoriedade quando criou a icônica campanha ‘Don’t Buy Our Jacket’. Com um anúncio de uma página inteira no The New York Times, aconselhava a somente comprar a jaqueta se realmente necessitasse dela, não apenas por consumismo.

Entretanto, quem acompanha a marca e o universo outdoor sabe que um dos primeiros passos que deram em direção à conservação e sustentabilidade foi doar 1% das vendas ao meio ambiente, desde a década de 1980.

Lucro e ativismo ambiental

Os mais céticos, vão afirmar que a marca, como todas as outras, busca o lucro. Pois uma má notícia para os marxistas de pouca leitura e argumentos rasos (mas que sempre recebem aplausos nos grupos de whatsapp quando “lacram” algum usuário com memes): buscar lucro e possuir ativismo não são duas filosofias antagônicas.

Quanto a isso, uma observação: empresas precisam de lucros para sobreviver. O segredo de uma empresa ser sustentável a longo prazo, segundo o próprio Yvon Chouinard em seu livro, é não ter fome de “dominar o mundo”. Pois é aí que está um dos segredos para a estratégia da empresa.

A Patagonia se descreve como ” The Activist Company” (companhia ativista), não teve medo de ser político no passado, seja se recusando a vender coletes a empresas financeiras ou processando o presidente Donald J. Trump.

O compromisso da Patagonia com a preservação do solo é na verdade uma causa escrita bem na declaração de missão da marca e que ela tem praticado diligentemente desde seu início em 1973. “Nossa missão é construir o melhor produto, não causar danos desnecessários, usar os negócios para inspirar e implementar soluções para a crise ambiental”, diz Yvon Chouinard.

Os produtos da Patagonia são mais caros que seus rivais equivalentes, mas mesmo assim vendem mais e são mais cultuados. Por que?

Porque os consumidores aceitam que é uma marca premium de roupas outdoor, mas que vale a pena o dinheiro gasto quando comparado a outras marcas que oferecem o mesmo produto sem os benefícios ambientais. Muito além disso, os próprios clientes reconhecem que o que pagam a mais, recebem em ativismo e postura da empresa que não vê nos concorrentes.

Assim a marca possui fãs. não apenas clientes. Clientes se sentem representados, muito além de somente possuir um equipamento de qualidade. Vestir Patagonia é para muitos uma questão de atitude, não apenas de moda.

Posicionamento político

Desde processar o presidente Donald Trump por causa do Bears Ears National Monument, até boicotar uma das maiores feiras de negócios da indústria outdoor, a Patagônia não tem medo tomar partido político.

Em outubro de 2018, a empresa apoiou explicitamente dois candidatos democratas ao Senado (Jacky Rosen de Nevada e Jon Tester de Montana). No mês de novembro seguinte, a Patagônia manteve seu escritório fechado no dia da eleição para que seus funcionários pudessem votar.

A pouco menos de um mês e meio da eleição presidencial norte-americana, a empresa fez mais um movimento ousado. No verso da etiqueta, está uma frase sugestiva: “Vote the assholes out” (vote para tirar os babacas).

A imagem viralizou na internet e muitos questionaram se a imagem é verdadeira. A imagem é verdadeira e, pasmem, a iniciativa não é nova. De acordo com a porta-voz da Patagonia Corley Kenna para a Revista Backpacker, “elas foram adicionadas aos nossos Shorts Orgânicos para homens e mulheres em 2020, porque temos enfrentado os negacionistas do clima há quase tanto tempo como esses shorts”.

A frase “vote para tirar os babacas” se tornou uma espécie de bordão para o fundador da Patagônia, Yvon Chouinard. Nos últimos quatro anos, a empresa entrou em confronto repetidamente com o governo Trump e os republicanos do Congresso sobre a política de terras públicas.

Chouinard ainda complementa: “A frase refere-se a políticos de qualquer partido que negam ou desconsideram a crise climática e ignoram a ciência, não porque não tenham consciência disso, mas porque seus bolsos estão cheios de dinheiro dos interesses em recursos naturais”. “Precisamos eleger líderes climáticos”, crava o proprietário da Patagonia.

A Patagonia também dedica um amplo espaço em sua página inicial, dizendo aos clientes para “Votar os negacionistas do clima fora do cargo”, “Vote cedo” e “Vote agora”. o pedido para que cada indivíduo vote nas eleições é porque o voto é facultativo nos EUA.

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