Cadena de Alex Megos em via 11c na Itália levanta discussão sobre decotar graus estabelecidos

Nesta semana o escaladr alemão Alex Megos encadenou uma das vias consideradas mítica em Arco, Itália. A cadena foi em flash na via ‘Underground’, graduada como 9a francês (11c brasileiro). Esta foi a segunda ascensão em flash da história da linha.

Alex Megos já fez o primeiro 9a francês do mundo da escalada à vista. No entanto, ciente da polémica existente sobre a dificuldade do percurso, que ainda é considerada com grau não consolidado, (apesar das inúmeras repetições ao longo dos anos), não hesitou em exprimir a sua opinião propondo uma dificuldade 8c+ / 9a ou mesmo 8c+.

A opinião do escalador alemão como não poderia ser diferente, levantou discussão a respeito da graduação da via e, consequentemente, sobre a filosofia de decotar graduações. Decotar graduações é quando alguns escaladores que escalham uma linha, preferencialmente à vista ou flash, entram em consenso de que o grau proposto não corresponde à realidade.

Decotar via de escalada

Pelo dicionário, decotar é extirpar; cortar e suprimir o que é inútil ou nocivo. Portanto, decotar uma via de escalada nada mais é que abaixar a graduação da dificuldade desta mesma via. Explicando de maneira mais matemática, é quando há um consenso de que a dificildade X, passa a ser X-1.

Este consenso sobre decotar a via é, em geral, tomado por escaladores que conseguem encadenar a via à vista ou em flash. Como não há uma regra estavelecida e homologada, outros escaladores (incluindo os que escalaram a linha mais de 100 vezes) também decidem decotar para que “assuste aos visitantes”.

Como a escalada esportiva é quase que uma sociedade com pessoas com egos superinflados, muitas vezes decotar uma via é visto como um sinal de desrespeito. A partir deste ponto de vista, há muita discussão a respeito da “legalidade”, ou não, do “rebaixamento” da dificuldade.

Decotar uma via, ou mesmo rebaixar o grau, nada tem a ver com desrespeito. É apenas uma ajuste baseado em conceitos empíricos (fato que se apoia somente em experiências vividas).

Porém, a comunidade de qualquer país ainda enxerga a decotação de vias como um sinal de desrespeito, não de ajuste. Para citar um exemplo, na escalada brasileira, marcada por forte localismo e tons de xenofobismo, diversos escaladores já tiveram suas vias classificadas como “a mais difícil do país” por escaladores não-brasileiros.

Sempre que há um rebixamento da dificuldade, muitos se negam a divulgar e sequer falam sobre o assunto. Escaladores renomados como Daniel Woods, entre outros, já decotaram linhas de boulders e vias em terrritório brasileiro. A realidade, entretanto, também existem muitos outros países.

A via “Underground”

 

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A via “Underground” tornou-se muito popular no final dos anos19 90, quando os melhores escaladores esportivos da época classificaram o percurso como “dos mais difíceis de todos superados até hoje”.

Localizado no setor Massone de Arco, não seria encadenado até 1998, quando Manfred Stuffer alcançou a histórica primeira ascensão. Entre os mais ilustres escaladores que encadenaram a via estão personagens como o tcheco Adam Ondra, o austríaco Jakob Schubert, o suíço Cédric Lachat ou a italiana Laura Rogora.

Todos superaram o percurso sem grandes problemas. A via teve cerca de 30 repetições desde a primeira ascensão, e os escaladores que a subiram atualizaram a via para 9a francês, embora nos últimos anos alguns tenham sugerido um novo rebaixamento.

Quando Jorg Verhoeven perguntou se Alex daria um 9a francês à via, o alemão respondeu: “Acho que “Underground” é muito fácil para um 9a. 8c+/9a certamente se encaixa melhor do que a classificação. E para ser honesto: eu escalei muitos 8c+ que foram mais difíceis do que “Underground”, completou Alex Megos.

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