Algumas histórias ao longo dos anos já causaram polêmicas sobre uso indevido de marcas pessoais nos uniformes dos atletas em lugar de fornecedoras de comitês oficiais nas competições.
O próprio Comitê Olímpico do Brasil (COB) tem uma história que ocorreu nas Olimpíadas de Tóquio 2020. Portanto, para saber qual é o limite no acordo de uniformes dos atletas no COB e outras confederações nacionais, confira mais a seguir.
História do Michael Jordan em 1992 — Reebook x Nike em uniformes dos atletas

Foto: Divulgação/GQ
Em resumo, havia uma batalha de marcas antes mesmo dos Jogos Olímpicos Barcelona 1992. A saber, a seleção de basquete dos Estados Unidos tinha acordo com a Reebok e a maioria dos jogadores tinha parceria com outras marcas. O alfa alfa, Michael Jordan era ligado a Nike e estava criando seu império com a Jordan Brand, também vinculada a Nike.
Jordan considerou desistir das Olimpíadas, pois os patrocinadores não permitiriam o astro subir ao pódio caso teimasse em não vestir o uniforme da Reebok. Como já havia dado sua palavra, não viu outra saída e seguiu rumo a Barcelona. Genioso como é, o camisa 9 nas Olimpíadas não desistiu da ideia de burlar o cenário que parecia inevitável.
Curiosamente, somente minutos após vencer o ouro que Michael teve a ideia de cobrir o logo da concorrente com a bandeira dos Estados Unidos. Uau… Michael Jordan é mesmo um patriota, viva a América!
Balela, movimento genial do hexacampeão da NBA que saiu ileso da travessura, mostrou porque difere dos demais até no pensar, levou a turma a comprar sua ideia e certamente arrancou uma gargalhada dos apreensivos donos da Nike na época.
Reebok Pokes Fun at Michael Jordan With Re-Release of USA Track Jacket Voltage® pic.twitter.com/ql6uDpsjIx
— V O L T A G E™ (@voltagemty) May 7, 2020
Uniformes dos atletas: futebol masculino em Tóquio 2020 — Peak x Nike

Foto: Divulgação/Folha — UOL
Após ganhar a medalha de ouro na última Olimpíada, a Seleção Brasileira subiu ao pódio sem os casacos da Peak, apenas as calças e camisas de campo produzidas pela Nike.
A mistura de uniformes gerou uma confusão com demais associados ao COB, inclusive por parte da mídia. Comentaristas e atletas de outras modalidades criticaram a ação da seleção. Isto, pois é uma atitude que desrespeita as orientações oficiais do COB e configura uma quebra de contrato com a empresa chinesa.
Por conseguinte, prejudica outras confederações que são mais dependentes do patrocínio disponibilizado pelo COB que o futebol, conhecido pelos seus grandes contratos e prêmios acima da média.
Nike no COB (2012 – 2016)

Foto: Divulgação/Olimpíada Todo Dia
Em resumo, a Nike era fornecedora dos uniformes do Comitê Olímpico do Brasil (COB) entre os ciclos olímpicos de 2012 e 2016. Cabe lembrar que antes disso, o Time Brasil manteve parceria com a brasileira Olympikus por 13 anos seguidos. Como a gigante americana não seguiu com as negociações de renovação, o COB cumpriu com o fim do contrato em vigor até dia 31 de dezembro de 2016.
Passado esse período, novas marcas entraram em pauta, mas a que realmente firmou acordo foi a chinesa Peak Sport Products, dando início aos trabalhos em 2018.
Enfim, com o término do ciclo Rio 2016, a Peak assumiu o lugar da Nike. Desde então, a principal marca esportiva dos uniformes do COB é a chinesa Peak Sport Products.
Diferenças no acordo de uniformes da COB e demais confederações esportivas nacionais
Recentemente a Galapagos Outdoor Evolution fechou um contrato com a Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE), entidade máxima do desporto em âmbito nacional, se tornando a fornecedora oficial dos uniformes para os atletas representantes em competições. O acordo já entrou em vigor e a Galapagos fornecerá uniformes aos atletas na categoria principal, juvenil, além da comissão técnica.
A grande estreia desta parceria será nos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023, no Chile. Estes acontecerão de 20 de outubro a 5 de novembro deste ano (com as disputas de escalada entre os dias 21 a 24 de outubro). Para mais detalhes, confira a matéria completa realizada por Luciano Fernandes em: Galapagos torna-se a fornecedora de uniforme para escaladores de competição do Brasil.

Foto: Divulgação/Galapagos
Cabe lembrar que além da ABEE, a Galapagos também é a patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Surf (CBS). De fato, existem diversas confederações/associações esportivas nacionais que recebem patrocínio diferente do principal órgão olímpico brasileiro (COB). Outros exemplos são a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) que tem vínculo com a ASICS ou a famosa Confederação Brasileira de Futebol (CBF), parceira da Nike.
- Curiosidade: o Comitê Olímpico Internacional (COI) teve até o fim de 2022 como fornecedora esportiva de seus uniformes a também chinesa Anta Sports, a qual é dona da outra mundialmente conhecida Fila desde 2009. A saber, desde o final de 2022, o COI não divulgou informações sobre renovação do acordo ou nova parceria.
Como dito no resumo da Nike, hoje a principal marca esportiva do Comitê Olímpico do Brasil (COB) é a chinesa Peak. E nesta última parte, trago como funciona e quando os atletas devem usar os uniformes Peak (COB) e das demais marcas vinculadas (Nike, ASICS, Galapagos, etc.) as suas respectivas confederações.
Peak no COB (2018 – 2024)

Foto: Divulgação/A tarde
De antemão, a Peak também patrocina os Comitês Olímpicos da Eslovênia, Islândia, Nova Zelândia, Romênia e Ucrânia. Desde que assumiu o lugar da Nike, a chinesa forneceu equipamentos para os Jogos de Inverno PyeongChang 2018, Coreia do Sul, e os Jogos Pan-americanos Lima 2019, Peru.
A saber, para toda a delegação do COB (301 atletas) nas Olimpíadas Tóquio 2020, foram produzidas 39 mil peças, entre calças, bermudas, agasalhos, camisas, calçados, entre outros. No entanto, apenas atletas de 7 modalidades aderiram os uniformes do Time Brasil (boxe, canoagem, levantamento de peso, pentatlo, remo, tênis de mesa e tiro com arco).
Fato é que o acordo com a empresa chinesa segue em vigor até as Olimpíadas Paris 2024. Dentro disso, fora de cerimônias, as confederações (ex: CBV, CBS e ABEE) têm liberdade para vestir os atletas com fornecedores individuais durante os jogos.
Contudo, conforme registra o atual acordo entre Peak e COB, os atletas deverão vestir obrigatoriamente peças da marca durante viagens, pódios e cerimônias oficiais.
Blogdescalada em exclusiva com o Comitê Olímpico do Brasil (COB)
Enquanto preparava essa matéria, conseguimos contato direto com o COB para uma atenção especial nesse assunto.
Enfim, quando perguntei a respeito dessa distinção entre patrocínio oficial da COB e demais confederações, Daniel Varsano esclareceu qualquer dúvidas desse acordo.
Bom, sobre o uso de uniformes nas missões internacionais do COB (Jogos Olímpicos, Jogos Pan-americanos e Jogos Sul-americanos), funciona da seguinte maneira…
Em todas as missões com delegações organizadas pelo COB, as confederações tem o direito a usarem uniformes de suas próprias fornecedoras de material esportivo nas competições e treinamentos.
No pódio e na Vila Olímpica, todos devem usar uniformes da Peak.
Àquelas confederações que não possuem acordos com empresas fornecedoras de material esportivo, o COB oferece, no início do ciclo olímpico, a possibilidade de usarem uniformes da Peak, que também avalia se conseguirá atender aos requisitos técnicos da modalidade.
Havendo essa confirmação, a confederação se compromete a utilizar o material da Peak em todas as missões do ciclo.
Foto destaque: Miriam Jeske/COB

Meu nome é Jamis Gomes Jr. e já trabalho com esportes, redação e SEO há alguns anos. Me graduando em licenciatura de Literatura Inglesa nos próximos meses e já programado para iniciar minha pós-graduação em Jornalismo na sequência, estarei aqui no Blog de Escalada com vocês nas mais variadas notícias desse esporte e estilo de vida.
Obcecado pelo diferente, tento poetizar quando as notas merecem um tom especial. Longe de ser poeta, apenas um aprendiz, mas o jornalismo, esporte, verdade e escrita foi o meio que encontrei de me conectar com a raiz. A minha e a do povo, que curte algo diferente e às vezes quer ver algo novo. Realmente saiu assim, não foi minha intenção. Naturalmente veio e pensei, por que não?
Enfim, esportes americanos, esportes em geral é hoje minha profissão. Seja rimando, “factuando” ou algo mais, sigo na busca do aprimoramento coletivo e pessoal, performando no que o tempo, esporte e vocês precisam para ontem, hoje ou amanhã. Que seja atemporal, seja o que for, eu, Jamis Gomes Jr., sigo na busca para te entregar um conteúdo com primor.