Volume útil: Como escolher a capacidade de uma mochila de trekking

Definir a capacidade de uma mochila de trekking é uma escolha delicada. Da mesma maneira que comprar um carro baseado somente na aparência ou nome da marca, sem levar em conta diversos outros fatores, resulta no que, ao menos no Brasil, é conhecido como “casar com o seu carro” (uma gíria para algo ruim que não conseguimos nos livrar).

Usando a mesma analogia, existem pessoas que, por algum motivo, acabam “casando com a mochila”. Lembrando que às vezes um casamento pode ser algo positivo, mas também pode ser algo negativo.

Portanto, é mais que válida a pergunta: que tipo de casamento você quer ter com a sua mochila?

A pergunta, um tanto filosófica, pode fazer sentido quando comparamos uma mochila inadequada a um casamento em crise. O equipamento começa a machucar, apresentar defeitos cada vez mais gritantes e, em alguns casos, tornar-se algo incômodo e desnecessário.

Volume útil de uma mochila

capacidade de uma mochila

Na engenharia civil, quando pensamos em um reservatório de água, temos dois tipos de volume: útil e morto. O volume útil é a diferença entre o volume máximo e o volume morto. Representa a parcela de água do reservatório que pode efetivamente ser usada para geração de energia.

A mesma análise vale para uma mochila, pois existe a capacidade total do equipamento, mas também aquele que será efetivamente usado. A maneira com que as marcas conseguem criar bolsos (que às vezes afetam o equilíbrio do usuário) e compartimentos influi nessa matemática da capacidade da mochila.

O volume útil de uma mochila é um dos principais parâmetros, independentemente de sua finalidade, e permite avaliar aproximadamente suas capacidades e funcionalidades. Ao mesmo tempo, esse parâmetro é muito condicional e muitas vezes é mal interpretado pelo usuário.

Além disso, o próprio fabricante não está limitado por nenhum método e estrutura para calcular esse parâmetro. Portanto, existem mochilas de aproximadamente o mesmo tamanho, mas com volumes declarados significativamente diferentes.

A partir do volume útil da sua mochila é que é possível estabelecer a carga conforto é o peso ideal para levar nas suas costas) sem prejudicar a sua saúde do usuário ou danificar o equipamento.

Como é calculado o volume básico utilizável de uma mochila?

capacidade de uma mochila

O volume útil básico de uma mochila é o volume total fornecido pelo conjunto de compartimentos e bolsos de diferentes tamanhos previstos no projeto do produto, sem levar em consideração a possibilidade de aumentar os compartimentos, devido a uma extensão ou válvulas de expansão (assim como uma variedade de fixadores externos).

Em alguns casos, os fabricantes podem indicar variados volumes, normalmente intitulados como base e máximo, levando em consideração a possibilidade de ampliação do projeto. Mas que fique claro que, pelo menos na indústria de equipamentos outdoor, existem muitas opções para determinar o volume base utilizável.

Alguns fabricantes se limitam apenas a métodos matemáticos, calculando o volume com base nas dimensões físicas do produto. Outros usam recipientes especiais, na forma de caixas, ou bolas de plástico de tamanho padronizado.

Ao mesmo tempo, ao calcular, pode ser estudado o volume de ambos os compartimentos fechados, por exemplo, que são presos com zíper e levando em consideração os bolsos laterais. O que, por sua vez, também afeta significativamente o indicador final.

Normalmente a carga máxima de uma mochila é o dobro (50% maior) que a carga conforto. A conta matemática leva em consideração o sistema internacional (SI) de unidades:

  • Cada litro corresponde a 1 decímetro cúbico (0,001 m³).
  • Como referência, 1 litro de água corresponde aproximadamente a 1 kg da mesma substância, uma vez que a densidade da água se aproxima de 1 kg/l.

Ou seja, em teoria, uma mochila de 20 litros, poderia carregar como peso máximo 20 kg e, portanto, sua carga de conforto seria 10 kg. Porém, a matemática não é são simples assim, pois temos que levar em consideração o peso do usuário da mochila o que, em muitos casos, colocam como margem de erro 30% menos, resultando em 7 kg.

O valor, aparentemente empírico, é o resultado (através de estudos) do montante que uma pessoa tende a exagerar na sua capacidade de carga e resistência da mochila.

Portanto, seguindo a lógica de (Litragem total – 50%) – 30%:

Carga de conforto Capacidade da mochila
Até 7 kg 15 a 25 litros
7 a 10 kg 30 a 45 litros
11 a 14 kg 50 a 65 litros
15 a 20 kg 70 a 80 litros
25 a 30 kg 85 a 90 litros

Capacidade de uma mochila: Conheça o seu peso base

capacidade de uma mochila

O peso base é quanto pesa a sua mochila carregada, menos os “consumíveis”, como comida, água e combustível. Estes valores são excluídos porque variam de viagem para viagem e diminuirão ao longo da atividade à medida que você come, bebe e cozinha.

Mas tudo o mais que vai na sua mochila, como sua barraca, saco de dormir, filtro de água, fogão e roupas, não vai mudar muito de viagem para viagem. Conhecer seu peso base fornece um número consistente que você pode trabalhar para reduzir.

Algumas pessoas definem o valor com base apenas no peso base da mochila. Por exemplo, é considerado um trilheiro “light and fast” se seu peso base for inferior a 54 kg e um trilheiro leve se seu peso base for inferior a 10 kg. A maioria dos praticantes de trekking tradicionais tem um peso base inferior a 15 kg.

Recomendações para escolha da capacidade de uma mochila

capacidade de uma mochila

Foto: Effy on Unsplash

É importante observar que os dados colocados na tabela acima são de natureza puramente consultiva, pois o mais importante está faltando na “equação” é se o equipamento foi planejado para ser usado. Lembre-se: há mochilas de diversos tipos de qualidades em todas as marcas.

Para o cálculo da tabela acima levamos em conta o (a) montanhista da média da população. Para saber que tipo de peso cada biotipo uma pessoa deve suportar, consulte o artigo Como calcular o peso ideal de uma mochila de trekking de acordo com a ciência, que explica os dois métodos existentes (empírico e científico) para saber a capacidade de carga ideal para uma pessoa.

  • Mochilas de 15 a 25 litros: Ótimas para passeios de um dia quando não planeja parar em nenhum lugar durante a noite. Esse volume deve ser suficiente para um suprimento suficiente de água e comida (geralmente 1-2 refeições), assim como um par extra de meias, camadas externas de roupas para proteção contra possíveis chuvas e ventos e um pequeno kit pessoal de primeiros socorros.
  • Mochilas de 30 a 45 litros: Adequadas para viagens de fim de semana, não mais que 1-2 noites. Nele é possível levar uma barraca, um saco de dormir e um isolante térmico e camadas adicionais de roupas (como casacos e anoraques) e equipamentos diretamente para cozinhar e comer.
  • Mochilas de 50 a 65 litros: Ideais para viagens de “vários dias” (3-5 noites) que exigem estar “longe da civilização” (mas também são ideais para viagens de mochilão), mas com possíveis pontos de abastecimento. Nela pode ser levado além de camadas adicionais de roupas, diversos aparelhos eletrônicos (power bank, baterias, painéis solares, lanternas, etc), equipamento de limpeza e higiene pessoal e farto estoque de alimentos e água.
  • Mochilas de 70 ou mais litros: São as mochilas de expedição, para 5 ou mais noites longe da civilização. Ideais para um aumento na oferta total de alimentos, água e outros consumíveis.

Lembre-se que para cada volume de mochila para seu trekking existem algumas perguntas:

  • Qual a duração da viagem?
    • Quanto mais longa a viagem, mais comida, água e combustível para cozinhar precisará carregar, o que, é claro, aumenta o peso da mochila. Mesmo em aventuras de vários dias, você ainda vai querer que sua mochila tenha no máximo 20% do seu peso corporal, então precisará ser mais cuidadoso com o equipamento e as roupas que você está carregando para compensar todo esse equipamento extra.
  • Qual será o clima que vai enfrentar?
    • Se estiver saindo de casa para enfrentar temperaturas frias, precisará de roupas e equipamentos mais quentes e pesados ​​do que se estiver caminhando em um clima ensolarado de verão. Portanto, escolha com muito cuidado que tipo de roupa vai levar. Lembre-se de não ser simplista e ingênuo a ponto de pensar que uma blusa de moletom que te aqueceu no frio no centro-oeste do Brasil no inverno terá o mesmo rendimento na Patagônia no verão (porque não vai!).
  • Qual a sua tolerância a certos desconfortos?
    • Algumas pessoas valorizam o conforto no acampamento e estão dispostas a aceitar o peso inerente que vem com o transporte de luxos como uma rede, roupas extras e travesseiro e um isolante térmico grosso. Outros já possuem capacidade de usar as mesmas roupas por vários dias a fio e dormir sem travesseiro.

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