Supere seu medo de cair – Introdução e história

A queda é uma parte tão importante na escalada quanto a própria escalada. Ao mesmo tempo, ela cria um medo que você deve abordar corretamente – e deve aprender a técnica adequada de queda para cair com segurança.

Preparei uma série de sete lições que finalizam em um evento do Facebook Live, onde responderei as dúvidas . Então, vamos começar a explorar este tópico fascinante.

Essas lições são tiradas do curso on-line que fiz recentemente na Climbing Magazine: Overcome your fear of falling. Aqui está a estrutura desta série de lições:

  1. Introdução e história
  2. Cair é uma habilidade
  3. Entenda seu medo
  4. Conheça sua motivação
  5. Desenvolvimento incremental de habilidades
  6. Habilidades e exercícios
  7. Conclusão e prática contínua

Vou abordar cada tópico para ajudar a fornecer uma compreensão intelectual do material. No entanto, para realmente entender, você precisará de mais orientações e práticas visuais. A prática precisará ser orientada com cuidado, como no curso on-line, repleto de fotos, vídeos, entrevistas, texto, perguntas e respostas e muito mais.

Esta série tem como objetivo auxiliar na percepção de que é necessário lidar com a queda e seus medos, e também direciona-los na direção do curso on-line para incrementar sua prática. O curso é um pequeno investimento: apenas US$ 55,00.

Isso não é muito. Um simples tornozelo torcido devido à prática de queda desinformada pode custar muito mais. Então, sim, esta série é um esforço para você comprar o curso. Mas é também para orientar sua tomada de decisão para comprá-lo. Vamos entrar na história da queda.

A história da queda na escalada

Em 1865, os guias de escalada de Taugwalder – um pai e dois filhos de Zermatt, Suíça – junto com o aristocrata inglês Edward Whymper e quatro outros fizeram a primeira ascensão do Matterhorn.

As cordas da época eram feitas de cânhamo, esticavam muito pouco e tinham tendência a quebrar.

Não era sensato cair nelas – elas eram usadas principalmente para escaladas curtas de corda ou proteger em terrenos perigosos, para viagens em neve e geleiras, ou para fixar linhas para ajudar os escaladores a passar por trechos difíceis. Havia também pouca ou nenhuma proteção para quem guiava. Ganchos de aço ocasionais eram presos na rocha e a corda era “colocada” neles.

Na descida, depois de subir o Matterhorn, estavam todos amarrados em uma única corda, espaçados ao longo de seu comprimento. Ao passar acima da face norte, uma pessoa na liderança escorregou, arrastando as outras.

Os guias e Whymper estavam atrás. Eles agarraram a pedra e a abraçaram, para evitar serem puxados para baixo. Então, quando a corda ficou esticada, ela quebrou entre Whymper/Taugwalders e os outros quatro membros da equipe, que cairam e deslizaram até a morte.

A escalada como esporte e a tecnologia de corda mudou muito desde 1865. Agora, as cordas são muito mais fortes e esticam para absorver as forças de queda, e a queda é uma necessidade aceita para melhorar.

Havia muitos estágios entre esses dois extremos. Talvez uma das invenções mais importantes tenha sido o conceito de segurança de corpo, parte de uma série de técnicas de corda que o escalador Robert Underhill importou dos Alpes nas décadas de 1920 e 1930.

Underhill também escreveu “Sobre o uso e gerenciamento da corda no trabalho em rocha”, para a edição de 1931 do Sierra Club Bulletin, ajudando a espalhar esses conceitos para as massas.

No boletim de 1946, Arnold Wexler e Dick Leonard introduziram o conceito de segurança dinâmica – deixar uma folga extra passar pelo sistema para amortecer uma queda – no artigo “Assegurando o guia (Belaying the Leader)”, com base em suas próprias pesquisas e testes em pequenos afloramentos em torno de Berkeley, Califórnia.

As cadeirinhas também melhoraram com o tempo. Lembro-me de simplesmente amarrar a corda na cintura quando comecei a escalar, em 1973. Mais tarde, criei minha primeira cadeirinha a partir de fitas, amarrando as alças da cintura e das pernas.

Minha primeira cadeirinha comercial foi uma da marca Whillans. Certamente foi uma melhoria em relação à minha cadeirinha caseira, mas era muito desconfortável ao cair porque as fitas folgadas das pernas apertavam rapidamente a área pélvica. As cadeirinhas melhoraram gradualmente até fornecer segurança e conforto quando você está pendurado ou caindo.

Enquanto isso, as cordas de cânhamo foram substituídas por nylon, mas ainda eram tecidas da mesma maneira em espiral. Uma das minhas primeiras cordas foi uma Goldline e tinha a trama em espiral. Então veio a corda “moderna”, kernmantle, que tem cordões de tecido individuais criando um núcleo fechado em uma capa de proteção.

As cordas Kernmantle são muito mais elásticas, contribuindo para quedas mais suaves.

Também houve uma evolução na ética da escalada. A velha ética do “guia nunca cai” mudou para acomodar a visão de queda como parte integrante da escalada.

Em vez da escalada ser vista como uma proposta séria e sem quedas nas montanhas, agora incluía muitas disciplinas – como tradicional, esportiva, boulder, academia indoor etc. – nas quais a queda não era apenas esperada, mas até adotada, com slogans como “Se você não está voando, não está tentando” que resumem a nova mentalidade.

Na próxima lição, abordaremos como ver a queda como uma habilidade. Advertências:

  • Risco: nada, nem mesmo a instrução de um treinador ou este curso on-line, pode eliminar osriscos associados à prática de quedas. Aceite a responsabilidade por qualquer informação que você utilize para praticar.
  • Conhecimento experimental: é importante perceber que você sabe cair quando experimenta uma queda adequada. Isso só pode ser obtido com instruções adequadas.
  • Motivação: a motivação por conquistas da sua mente pode causar problemas, levando você a assumir riscos que não são apropriados. Então, você precisa ter cautela.

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