Para quem está na vida adulta já deve ter escutado a expressão gestão de risco. Esta palavra, que parece meio genérica às vezes, condensa a adoção de melhores práticas de infraestrutura, políticas e metodologias, permitindo uma melhor gestão dos limites de risco aceitáveis.
Geralmente é aplicada no mercado financeiro. Mas também é aplicado em outras áreas, como saúde. Mas e no montanhismo? Sim também é necessário um gerenciamento, mesmo que básico, para gestão de risco. Em linhas gerais, o gerenciamento de risco consiste em medidas de controle e prevenção para evitar e reduzir a probabilidade de uma situação de perigo ou erro acontecer. Com um pequeno check list, é possível minimizar isso no montanhismo.
A base da nossa sobrevivência baseia-se na identificação dos possíveis riscos. Por isso ser capaz de avaliar, seja positivamente ou negativamente, podem nos garantir sairmos melhor, ou pior, de uma situação limite.
Portanto, antes de realizar qualquer atividade na montanha, o montanhista deve tentar antecipar as condições que pode encontrar, além de avaliar os possíveis riscos aos quais terá que responder.
- Avalie seu nível de experiência: Não acredite que “tudo é fácil”, ou que “não tem segredo”. Seja rigoroso ao analisar a experiência que tem, assim como o resto dos membros do grupo que estiver com você. Analise de maneira rígida seus conhecimentos (e dos elementos de seu grupo) no uso de bússola, GPS e orientação. Quanto menor o conhecimento nestes aspectos, maior o risco de você se perder em um trekking (mesmo que esteja sinalizado).
- Avalie a forma física, psíquica e técnica (sua e de seu grupo): Sempre que avaliar a forma física, tome como parâmetro principal o menos preparado do grupo. Ele é que irá ditar a velocidade e a necessidade de cuidados especiais na sua atividade. As características do terreno em que irá visitar devem ser levadas em conta, pois quanto mais “agonizante” for um trekking, mais susceptível a algum risco o menos preparado fisicamente estará.
- Estabeleça o objetivo: Tudo isso é baseado em um bom planejamento. Faça a si mesmo a pergunta a respeito dos objetivos antes de decidir fazer qualquer atividade. Questione-se se de fato possui bom conhecimento dos perigos e riscos que atividade possui. Estude o caminho e os itinerários, pontos críticos, possíveis rotas alternativas e desistência.
- Verifique as condições do tempo: A previsão meteorológica é a melhor amiga de qualquer montanhista. Se possuir smartphone, procure acompanhar a meteorologia por meio de diversos aplicativos. Verifique o contraste entre as diferentes partes do clima e média anual do lugar, pluviometria média e analise fotos de satélite.
- Comunique suas intenções: Não planeje nada e guarde para você. Compartilhe com alguém o fato de seus planos, as prováveis mudanças e como ativar o serviço de emergência. Toda vez que sai de viagem, alguém sabe quais são seus planos?
- Saiba mais sobre as leis e regras: Ao visitar um parque nacional, você conhece os regulamentos do lugar que vai visitar. Que tipo de resgate tem direito e que multas está sujeito caso algo seja sua culpa? Procure conhecer e estudar e, evidentemente, não confie em relatos de amigos ou grupos de whatsapp. Procure estudar e ler livros e as regras oficiais. O argumento “um amigo me disse” não serve no momento de ser punido judicialmente.
- Equipamento: Você tem todo o equipamento necessário? Está pensando em improvisar algumas coisas (principalmente porque “um amigo” disse que servia). Dois antes, selecione todo o equipamento, verificando necessidade de manutenção e faça os ajustes necessários.

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.