Veganismo e escalada: Uma tendência ou apenas mais uma modinha?

Conceitualmente, tendência é aquilo que leva alguém a seguir um determinado caminho ou a agir de certa forma, ter preferência por determinadas coisas ou a fazer determinadas coisas. Tendência pode ser traduzida também como sinônimo de vocação. Seria o veganismo uma tendência ou apenas uma moda passageira para os escaladores?

Inegavelmente, nos últimos anos, o crescimento de pessoas adeptas ao veganismo cresceu consideravelmente. Principalmente nas grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Parte desse crescimento nestas regiões é pelo apelo ativista e polarizador que a filosofia possui.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBOPE, em maio de 2018, o Brasil tinha 16% de vegetarianos. A pesquisa, no entanto, não levou em consideração a diferenciação entre veganos e vegetarianos. Porém, há quem afirme que uma grande parcela de vegetarianos está aderindo ao modo de vida vegano.

Observando em outros lugares do mundo, é possível ter também uma ideia do que seria o número de veganos no Brasil. Nos EUA, segundo pesquisa da GlobalData, 6% dos norte-americanos se identificavam como veganos. Caso o mesmo número também exista no Brasil, seria algo como pouco mais de 12 milhões de veganos em território brasileiro.

Diferença entre moda e tendência

A palavra “moda” vem do latim “modus” e significa “modo”, “comportamento”. Algo estar em moda, significa um reflexo do comportamento social. Porém, algo está na moda atualmente pode perfeitamente deixar de ser no futuro.

O conceito não apenas se refere a roupas, mas também a diversos comportamentos sociais como a alimentação.

Todo ano uma lista de ingredientes alimentares entra em ação e vira mania. Assim algumas dietas alimentares acabam ficando mais em evidência do que outras.

“Estar na moda” faz com que as pessoas, muitas vezes, se tornem escravas das tendências. O próprio sentimento de se libertar desta “escravização moral”, faz com que modas deixem de existir.

Além disso, quando o marcado deixa de investir em uma determinada moda, mesmo que seja alimentícia, ela tende a deixar de existir.

Veganismo e esportes outdoor

 

Praticar esportes outdoor, seja qual for a modalidade, é estar em contato com a natureza. Muitos dos que se destacam, ou mesmo se apaixonam pela atividade, acabam optando por uma alimentação que reflita sua afirmação ecopolítica.

Mas em um ponto todos concordam que ter uma alimentação saudável é uma necessidade. Partindo desse ponto, cada um escolhe o caminho a seguir para uma alimentação saudável.

Dentre as escolhas mais saudáveis, muitos optaram pelo veganismo.

Porém, um dos maiores problemas de se tornar vegano é que a dieta é fundamentalmente excludente. Sem produtos de origem animal, é necessário uma total reeducação alimentar. Neste aspecto que a consulta um profissional de nutrição é essencial.

Veganismo é mais que somente comida

Poucas pessoas que aderem ao veganismo se atentam a um aspecto fundamental: não é somente comida. Aderir ao veganismo é também adotar um estilo de vida que vai muito além que simplesmente cortar alimentos de origem animal da dieta.

A opção de não fazer consumo de produtos de origem animal, nem em quem faz testes em animais, é estendida a tudo que consumimos: roupas, calçados, utensílios, móveis, etc. É exatamente daí que reside a crítica a quem ostenta a opção de veganismo.

Usar botas de couro, tênis de marcas que utilizam trabalho infantil ou análogo à escravidão, jaquetas de plumas de ganso, roupas de seda, lã de merino, etc. Todos estes produtos, caso a pessoa seja realmente vegana, devem também ser evitados juntos dos alimentos de origem animal.

Por ser tão excludente do modus vivendi da sociedade atual, é comum ver pessoas autointituladas veganas optar somente pela comida e alguns itens de vestuário. Excluindo de seu veganismo somente aquilo que é conveniente para seu estilo de vida.

Exemplo deste tipo de veganismo seletivo pode ser visto no uso de gorros de lã, sapatilhas de escalada com partes em couro, sacos de dormir com plumas de ganso ou pato, e assim sucessivamente. Portanto, ser vegano é desenvolver empatia e incentivar outras formas de comida, produção, consumo e visão de mundo em geral.

Portanto, um vegano deve se preocupar muito além de seus alimentos, mas também em como seus produtos consumidos impactam a natureza e o maio ambiente. Para isso, também corta o consumo de empresas que são pouco engajadas na preservação da natureza, tratamento ético de empregados e não apenas ambiciona vender um produto e nada mais.

Como substituir comida por alternativos vegetais

Para se tornar vegano, a primeira pergunta é: Como é possível substituir carne, ovos e laticínios?

Ao procurar caminhos alternativos, ser vegano exige informações, porque não é apenas remover alimentos, mas também aprender o que são compostos os produtos que consumimos. Quem começou a ser vegano concorda que a coisa mais difícil de substituir não é a comida em si, mas os hábitos.

  • Leite

Para substituir o leite, o vegano pode escolher opções de bebidas vegetais feitas com amêndoas, castanhas, soja ou coco. Como os de origem animal, esses “leites” são usados ​​para fazer sobremesas, molhos, milk-shakes ou para complementar o seu café.

No caso do iogurte, também existem versões preparadas com leite de soja ou coco, misturadas com cereais ou frutas. No caso do queijo, existem mil versões.

  • Ovos

Para substituir os ovos, para fazer uma espécie de liga entre farinhas, a chia , quando hidratada, gera um tipo de geleia que é usada em muitas preparações para esse fim.

  • Carne

Se você está acostumado a comer hambúrgueres, carne, peixe, linguiças ou salsichas, saiba que a culinária vegana avançou tanto, que é possível encontrar cada um desses produtos sem componentes de origem animal.

No caso dos peixes, por exemplo, as algas podem oferecer um sabor semelhante. Seitan e tofu, enquanto isso, são uma alternativa mais saudável às salsichas.

Mas e o rendimento esportivo?

Escaladora Ashima Shiraishi é vegana

Quando se trata de mudanças na dieta, talvez a maior preocupação de atletas, amadores ou profissionais, seja como as mudanças afetarão a recuperação muscular. Como é de conhecimento geral, sem uma recuperação sólida, o desempenho é prejudicado e os ganhos são minimizados.

Uma dieta vegana reduz o estresse oxidativo e a inflamação e reduz o colesterol, tudo isso leva a uma melhor recuperação. Embora não haja literatura científica que analise especificamente o estado de saúde de escaladores veganos, existem vários estudos sobre corredores de resistência.

Um estudo recente que foi publicado em 2019, comparou corredores de resistência veganos com não-veganos. O estudo concluiu que “aderir a tipos de dieta vegetariana, em particular a uma dieta vegana, está associado a um bom estado de saúde e, portanto, pelo menos uma alternativa igual a uma dieta onívora para corredores de resistencia”.

Porém, cada organismo funciona de uma maneira diferente. Por isso, simplesmente cortar alimentos de origem animal porque “está na moda”, ou para simplesmente aparecer para amigos e família que “se importa com o tratamento ético dos animais” (mesmo que não acredite nisso), é um caminho a prejudicar a própria performance.

Para migrar de sua alimentação atual para uma alimentação vegana, consulte um (a) nutricionista e adeque seus treinamentos (microciclo, mesociclo e macrociclo) à adequação da mudança de alimentação. O profissional de nutrição é a escolha mais sábia para quem quer ser vegano.

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