A escalada analisada de um ponto de vista metabólico

Agora que já foi conceituado e esclarecido no texto anterior  o que é treinamento esportivo,  penso que outro ponto relevante a ser tratado é os sistemas responsáveis por gerar energia.

Levando-se em conta as escaladas que estão no limite físico de movimentação do escalador, as vias curtas e intensas utilizam em maior parte o sistema anaeróbico lático e em menor proporção o sistema aeróbico para gerar energia.

Em uma via mais longa a utilização dos sistemas anaeróbico lático e aeróbico podem se igualar, ou seja, quanto mais fácil e longa a escalada mais aeróbico se torna o exercício.

Quando falamos de um boulder pequeno o sistema anaeróbico alático predomina, já em um boulder grande o sistema anaeróbico alático começa a gerar energia conforme o anaeróbico lático diminui a função.

Ao analisar o tamanho e a quantidade de movimentos, assim como o tempo utilizado para escalar um boulder ou uma via, fica mais fácil saber quais sistemas energéticos são utilizados para gerar a energia necessária para realizar esta sequência de movimentos que compõe cada escalada.

Via Aedes Aegypti – Parque Morro do Finder | Foto: Salamandra Escola de Montanha

Via Aedes Aegypti – Parque Morro do Finder | Foto: Salamandra Escola de Montanha

Anaeróbico Alático: Sistema que utiliza exclusivamente compostos disponíveis na célula, sem a presença de oxigênio para gerar energia, contudo, sua reserva é muito pequena consequentemente seu uso é limitado a alguns segundos. Está relacionado ao exercício de intensidade máxima.

Anaeróbico Lático: Utiliza o açúcar/carboidrato armazenado no músculo e fígado, assim como no anterior esta via não utiliza o oxigênio para gerar energia e tem como produto final das reações químicas o lactato. Relacionado aos exercícios de intensidade sub-máxima.

Aeróbico: Ocorre somente na presença do oxigênio para gerar energia. Dantas, subdivide o processo das reações químicas que compõe o sistema aeróbico em três partes, sendo elas: a oxidação beta, que preparam a gordura para entrar no sistema; o ciclo de Krebs responsável por receber e oxidar os substratos das reações químicas anteriores; sistema de transporte de elétrons, opera a partir do NADH (NADH, função: transportar íons de hidrogênio e elétrons até o oxigênio).

Boulder Montê – Setor da Tartaruga em São Francisco do Sul | Foto: Dashmesh

Boulder Montê – Setor da Tartaruga em São Francisco do Sul | Foto: Dashmesh

Mas o que quer dizer tudo isso?

Cada sistema é formado por várias reações e fatores químicos, cujo substrato disponível na célula é utilizado em primeiro lugar para gerar energia (anaeróbico alático) e conforme vai diminuindo a quantidade desse substrato, o corpo começa a utilizar o açúcar/carboidrato armazenado nos músculos para continuar gerando energia (anaeróbico lático) e suprindo a demanda.

A principal diferença entre ambos é que um produz o lactato e o outro não, o qual o acumulo gera a falha na contração dos músculos.

Continuando…conforme diminui o açúcar disponível nas reservas, o corpo começa a utilizar o oxigênio como fonte de energia (aeróbico). Os sistemas que geram energia estão interligados e são utilizados em “proporções inversas”.

Conforme um sistema reduz a quantidade disponível de substrato ao gerar energia outro assume o papel de continuar a gerar energia, ou seja, desde o substrato presente na célula ao substrato presente nos músculos e posteriormente ao oxigênio.

Foto topo: http://theclimbinglab.blogspot.com.br/

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