As histórias sobre os lixos não biodegradáveis acumulados no topo do Monte Everest (8.848 m) estão sempre presentes na mídia especializada. Mesmo sendo extremamente reais (além de tristes), é uma realidade que todos os montanhistas do mundo devem ter consciência. Lixo não biodegradável não consegue decomposto de maneira natural. Em outras palavras, este lixo não “desaparece” com o passar do tempo.
Lixos não biodegradáveis são artificiais e sintéticos, caso de plásticos comuns à base de petróleo, latas, resíduos da indústria e garrafas de vidro. Para ser eliminados ou devem ser incinerados – menos indicado, pois é poluente – ou então, em alguns casos apenas, reciclados.
Desta maneira, no topo da montanha mais alta do mundo, há milhões e milhões de quilos de plástico em forma de cordas velhas, barracas arrebentadas, tanques de oxigênio usados, montes de lata de cerveja, embalagens de açaí congelado, tanques de água furados e todo o tipo de plástico de todos os tipos abandonados pelas agências de montanhismo (além dos próprios montanhistas). Este lixo foi deixado por décadas no alto da montanha em uma imagem lamentável e que reflete o retrato do montanhismo praticado ao Everest todos os anos.
Este incômodo levou as pessoas ligadas ao montanhismo a procurar uma solução para amenizar este problema. A solução encontrada foi implementar algumas regras e iniciativas. Atualmente os montanhistas que visitem o Monte Everest e outras montanhas do Himalaia a trazer o seu lixo de volta. Mas somente esta regra não é suficiente, pois ainda havia muito lixo deixado no Everest dos anos anteriores.
Para resolver este problema foi criado o projeto Everest Clean Up, patrocinado pela ONU, que a cada ano faz um mutirão de limpeza no Everest. Esta temporada, durante a realização da iniciativa, houve um foco maior nos lixos recicláveis como latas de bebidas e comida, restos de material de montanha e trekking, etc. Ao todo foi recolhido mais de cinco toneladas em três semanas de atuação do programa.
Climbers in camp rotation see trash “here and there” on Everest – https://t.co/AVQFCakG3w pic.twitter.com/qO68ceR7sN
— The Himalayan Times (@thehimalayan) 21 de abril de 2017
Ao serem recolhidos e transportados por Iaques, são levados para Katmandu pela Yeti Airlines, que é parceira da iniciativa. Posteriormente o lixo é tratado pela ONG Blue Waste To Value, dedicada à reciclagem.
O programa Everest Clean Up é coordenada por um comitê especial da Sagarmatha Pollution Control, organização mantida pelos sherpas encarregados pela abertura e manutenção da cascata de Khumbu. A organização é conhecida como Icefall Doctors.
O projeto tem a ambição de extrair ao longo dos anos 100 toneladas de lixo, não somente do Everest mas de toda a região do Vale do Khumbu e suas localidades. A região é visitada por aproximadamente 100.000 pessoas por ano, sendo 45.000 somente de montanhistas e praticantes de trekking.