Em um estudo científico publicado no início deste ano, concluiu-se que pode haver uma predisposição genética para praticantes de boulder. O estudo foi realizado na University of Lublin na Polônia, em uma colaboração dos departamentos de Reabilitação, Fisioterapia e Balneoterapia junto do de Cancer e Genética. Houve ainda colaboração do Mazowieckie Rehabilitation Center de Varsóvia.
No estudo foi avaliado a distribuição de frequência de genótipos e alelos de alfa-actinina-3 (ACTN3, também conhecido como gene da velocidade) em 100 escaladores esportivos e boulderistas profissionais. Todos eram considerados escaladores de elite.
Cada fibra muscular é composta de longos tubos chamados miofibrilas (também conhecido como uma fibrila muscular) que são compostas por filamentos. Existem dois tipos de filamentos: actina (finamentos finos) e miosina (filamentos grossos) que é arranjada em paralelo.
A contração muscular envolve estes filamentos deslizando uma parte sobre a outra. Os filamentos de actina são estabilizados pela actina que engloba proteínas conhecidas como actininas, as quais são de dois tipos: tipo 2 e tipo 3. Cada um destes tipo são codificadas por uma gene específico: alpha-actinina-2 (ACTN2) e alpha-actinina-3 (ACTN3). O ACTN2 é expressado nas fibras esqueléticas musculares, enquanto ACTN3 é expressada apenas em fibras de contração rápida.
O estudo, após aferir a porcentagem de distribuição do genótipo RR, a frequência do ACTN3-R e a proporção do genótipo ACTN3-RR, concluiu que esta medida eram maiores nos escaladores que praticavam boulder do que em escaladores esportivos.
Mas que isso quer dizer?
Significa que existe, ao menos em teoria, uma predisposição genética específica para a prática esportiva de boulder. Na pesquisa realizada por pesquisadores poloneses, foi possível traçar um paralelo dentro da medicina esportiva, na mesma medida a respeito da predisposição genética que possui atletas de distâncias curtas, como 50, 100 e 400 metros rasos. Daí vem o “apelido” do ACTN3 ser o gene da velocidade.
De acordo com a pesquisa, fica aberta a possibilidade de que o gene pode determinar uma predisposição genética para prática de boulder em relação a quem pratica escalada esportiva.
Há material de pesquisa que segue a mesma linha de pensamento dos poloneses. O estudo intitulado “ACTN3 e desempenho esportivo: um gene candidato ao sucesso em provas de curta e longa duração” foi realizado por pesquisadores brasileiros. Além dele outros vários estudos também estudam o ACTN3 em atletas e em como descobrir esta predisposição para o esporte.
Bibliografia
- ACTN3 Genotype in Professional Sport Climbers – Ginszt M, Michalak-Wojnowska M, Gawda P, Wojcierowska-Litwin M, Korszeń-Pilecka I, Kusztelak M, Muda R, Filip A, Majcher P.(2018)
- ACTN3: More than Just a Gene for Speed – Pickering C, Kiely J. (2017)
- ACTN3 e desempenho esportivo: um gene candidato ao sucesso em provas de curta e longa duração – Leonardo Alves Pasqua, Guilherme Giannini Artioli, Flávio de Oliveira Pires, Rômulo Bertuzzi (2011)
- ACTN3 R577X genotype and performance of elite middle-long distance swimmers in China – Li YC, Wang LQ, Yi LY, Liu JH, Hu Y, Lu YF, Wang M1 (2017)
Equipe da redação