Todo atleta possui uma história de superação particular. A atleta norte-americana Kyra Condie possui uma bem impressionante.
Classificada para as Olimpíadas de Tóquio 2020, a atleta norte-americana Condie possui uma superação que serve de inspiração para muitas pessoas: uma operação delicada na coluna que possuía um desvio de 70 graus.
Com apenas 23 anos, entrou para a história da escalada esportiva de seu país se classificando para a estreia olímpica do esporte. Kyra se classificou para os Jogos Olímpicos 2020 no pré-olímpico IFSC Combined Qualifier Toulouse 2019.
Com pouco mais de 1,60 metro e tendo no currículo escalado em boulder de dificuldade V12 e vias em 9c brasileiro, Kyra possui também uma história singular na escalada esportiva.
Escoliose Idiopática
A escoliose é uma curvatura anormal da coluna para um dos lados do tronco. Esta deformação, faz com que a coluna da pessoa tenha o formato de “S”, causando muita dor e desconforto. Esta curvatura anormal da coluna para um dos lados do tronco é determinada pela rotação das vértebras.
A escoliose idiopática é o tipo de escoliose mais comum. Apesar de muitos estudos feitos, não é possível ainda identificar um fator causador para o desenvolvimento desse grupo de escoliose.
No caso da atleta Kyra Condie em específico, ela tinha as vértebras T2 a T12 fundidas. Para se ter uma ideia da seriedade do problema, praticamente a coluna inteira de Condie (constituída pelas vértebras T1 a T12) estavam formando um osso só, impedindo que a atleta se inclinasse ou mesmo girar o tronco.
A solução foi realizar uma operação em 2010 para garantir que a sua mobilidade como atleta não fosse impactada. A operação foi feita no Gillette Children’s Hospital, hospital sem fins lucrativos localizado no estado norte-americano do Minnesota e que trata mais de 25.000 crianças por ano que apresentam condições complexas, distúrbios raros e lesões traumáticas que afetam os sistemas musculoesqueléticos e neurológicos.
Na sua cirurgia foi necessário que os médicos literalmente separassem cada uma das 10 vértebras que estavam fundidas. Após a separação, foi necessário colocar discos para separar as vértebras.
A operação foi realizada quando Kyra tinha apenas 13 anos.
Superação de Kyra Condie
Kyra Condie começou a escalar aos 10 anos, em uma festa de aniversário na academia Vertical Endeavors, na cidade de St. Paul, no estado norte-americano do Minnesota. Aos 11 anos, decidiu se concentrar na escalada e começou a treinar com a equipe da academia.
Após se destacar em vários campeonatos, sobretudo em boulder, Condie também começou a sentir muitas dores nas costas. Por causa destas dores, sua postura era visivelmente bastante diferente das demais atletas.
Ao consultar uma fisioterapeuta, foi logo aconselhada a procurar um médico. Na consulta, os médicos constataram que os ossos da atleta se curvavam em um ângulo de 70 graus. A foto da radiografia está abaixo.
Determinada, Kyra Condie deixou para operar a coluna após um participação em um campeonato nacional juvenil de boulder em 2010.
Após a cirurgia, suas atividades físicas se resumiam a somente caminhar nos primeiros quatro meses. Após isso a atleta pode voltar a treinar. Enquanto treinava para recuperar a forma física, Kyra se viu motivada a se tornar uma escaladora de elite.
No ano de 2011, Condie estava competindo novamente e em 2012 ganhou o Youth Bouldering Nationals (campeonato norte-americano juvenil de boulder). Na ocasião, a atleta enviou a foto do pódio após sua vitória para o seu cirurgião.
Após isso, ela ainda venceu os próximos dois anos em boulder e nacionais de esportes juvenis duas vezes.
Olimpíada
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A partir de 2018, começou a corrida de Kyra Condie para chegar às Olimpíadas. Competindo em boulder viajou para vários locais do mundo, competindo em cinco eventos do IFSC e terminou na décima terceira posição geral daquele ano.
No mesmo ano, Condie se formou em veterinária na Universidade de Minnesota e se mudou para Salt Lake City, no estado norte-americano de Utah. A cidade possui um centro de treinamento preparatório para atletas olímpicos.
Todo este processo de “internação” de Kyra em Salt Lake City refletiu em seus resultados.
Condie terminou a fase de qualificação no IFSC Combined Qualifier Toulouse em oitavo lugar. Os seis primeiros ganhariam pontos olímpicos na final, mas por causa do máximo de dois por país e pelo fato de duas escaladoras japonesas terem conseguido a final, Condie e cinco outros, incluindo o nono lugar, terminaram com as vagas para Tóquio 2020.

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.