Embora muito associada à fisiculturistas, e atletas de fitness, a creatina pode ser um aliado poderoso para montanhistas de todas as modalidades. Este elemento pode ajudar escaladores a encadenar um grau mais alto, trekkeiros a finalizar uma travessia desafiadora, assim como praticantes de alta montanha suportar fisicamente mais peso em sua mochila durante uma ascensão.
Obviamente que por ser um suplemento alimentar, a creatina não deve ser tomada sem prescrição médica, ou sem a indicação, e acompanhamento, de um nutricionista esportivo.
Por isso, NUNCA, sob qualquer hipótese, comece a consumir creatina baseada em sugestões de colegas, nem mesmo somente por ter lido neste artigo.
Neste texto está somente uma introdução ao que ele pode trazer de benefícios a um atleta, mas somente uma pessoa credenciada da área de medicina, ou nutrição, realmente tem a autoridade de indicar a dosagem, e a frequência, de consumo da creatina.
O que é creatina?
A creatina é, em linhas gerais, um composto de aminoácidos os quais estão presentes nas fibras musculares e no cérebro.
Composta por três aminoácidos (Arginina, Glicina e Metionina), a creatina é originalmente sintetizada no fígado e pâncreas, podendo ser encontrada em pequenas proporções nas carnes vermelhas e nos peixes. Porém, antes de começarem a consumir exageradamente carne vermelha saiba que a creatina é encontrada em quantidades bem pequenas: 1 kg de carne vermelha contém 5 gramas da substância.
Após estudos, concluiu-se que a creatina melhora a força, energia e resistência de atletas, tornando-a um composto ideal para montanhistas que desejam melhorar sua performance. Para escaladores, por exemplo, é uma substância que pode fazer a diferença em vias, ou linhas de boulder, que exijam explosão e resistência.
A creatina, quando tomada adequadamente, reduz a dor muscular e a fadiga aumentando o fluxo sanguíneo aos músculos. Este fluxo sanguíneo significa que braços de escaladores podem ter com menos sensação de “bombado”, ou “tijolado”, após treinos intensos, ou sessões de escalada esportiva e boulder.
Como funciona a creatina?
Na contração muscular a energia gerada inicialmente para o movimento é por um composto chamado ATP (adenosina trifosfato), que fornece energia liberando uma de suas moléculas de fosfato. A partir daí o composto torna-se diferente, agora chamado ADP.
Somente existe ATP suficiente para fornecer energia por aproximadamente 10 segundos, e assim para a contração muscular continuar, mais ATP deve ser produzida. O fosfato de creatina ajuda fornecendo sua molécula de fosfato para o ADP, “recriando” o ATP, portanto pode ser queimada novamente como combustível para mais contrações musculares.
Paralelamente a isso esta maior síntese de ATP evita que o corpo use outro sistema de energia chamado glicólise, o qual tem como subproduto o ácido lático. O ácido lático cria a sensação de “queimação” que você sente durante exercício intenso.
Quando a quantidade de ácido lático se torna grande demais o movimento do músculo para, que é o momento de fadiga e esgotamento muscular. Mas se o corpo continuar usando ATP, devido a toda creatina existente no organismo, é possível minimizar a quantidade de ácido lático produzido. e assim se exercitar mais tempo com até mais intensamente.
A creatina engorda ou emagrece?
Não é segredo para ninguém que praticantes de esportes outdoor, em especial escaladores esportivos, possuem fixação com seu peso. Dentro da comunidade de treinadores, muitos acreditam que há ganho de peso com o consumo de creatina, o que não é, necessariamente, verdade.
Como afirmado no início do artigo, o consumo de creatina deve, impreterivelmente, ter acompanhamento médico e nutricional, não podendo ser apenas uma indicação de treinadores sem supervisão. O que realmente acontece é que há ganho de massa magra, e uma tonificação muscular (não confundir com a pessoa ficar bombada como fisiculturistas), e se bem consumido há perda de camada de gordura.
Na escalada, ou qualquer outro esporte outdoor, é importante estar com baixo peso, mas também é importante ter potência muscular (além da técnica que é imprescindível). Há pessoas que consomem creatina para emagrecer, o que não é objetivo direto da substância, pois não é um componente termogênico ou que acelera o metabolismo.
A maneira que a creatina agir sobre o organismo está diretamente ligada à alimentação e treinamento que a pessoa fizer. Por isso é necessário uma sintonia entre nutricionistas e treinadores, para que os objetivos e metas do atleta estejam relacionados com a ingestão da creatina.
Cuidados ao consumir creatina
Pessoas que pretendem consumir creatina precisam, como todo produto químico a ser consumido, tomar alguns cuidados. Primeiramente é necessário que a empresa fabricante tenha certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Além disso, como foi dito várias vezes neste artigo (e não custa nada reforçar), o suplemento só pode ser ingerido após a orientação de um nutricionista ou médico. Nunca comece a consumir creatina baseada em sugestões de seu treinador, ou amigo que já consome.
Como há um impacto considerável no organismo do atleta, é importante que a dieta seja equilibrada em TODOS os nutrientes. Somente com o auxílio de um nutricionista esportivo é possível saber qual dieta alimentar realizar para atingir os objetivos desejados. Juntamente com o consumo de creatina é necessário que o atleta ingira bastante água para evitar problemas nos rins.
Consumir creatina junto de cafeína não melhora a sua eficiência, porque a cafeína suprime o efeito da creatina. A creatina é recomendada para indivíduos praticantes de atividades físicas de alta intensidade e curta duração.
Este suplemento não pode ser consumido por lactantes e gestantes por falta de estudos sobre seus efeitos neste público, e também não é recomendado para crianças e adolescentes. Os diabéticos também precisam tomar cuidado com a creatina porque alguns estudos apontam que este grupo tem maior risco de problemas renais e o suplemento poderia sobrecarregar este órgão.
Pessoas com problemas renais precisam tomar cuidado ao ingerir suplementos de creatina, justamente porque o suplemento poderia sobrecarregar o rim.
Efeitos colaterais da creatina
Todo produto possui efeito colateral, e com a creatina não poderia ser diferente, e por este “detalhe” é que o acompanhamento de um nutricionista, ou médico, é fundamental e imprescindível.
Tratando de efeitos colaterais um deles é a retenção de líquidos, e por ser osmoticamente ativa, provoca aumento de seu conteúdo intracelular na forma de creatina livre e creatina fosfato no músculo, que pode induzir um influxo de água para dentro da célula muscular, aumentando a água intracelular (causando falsa sensação de ganho de massa muscular).
Também há a possibilidade da creatina impedir o crescimento da célula, porque pode ser convertida a formaldeído e peróxido de hidrogênio.
Quem estiver com pressa (ou curiosidade) e ingerir altas doses de creatina, como algo que seja superior a 10 gramas pode ter a uma série de complicações: dores no estômago, náuseas, diarreia e problemas cardíacos.
Altas doses de creatina podem levar à toxicidade e insuficiência renal, uma vez que a filtração ficará prejudicada. Algumas pesquisas também têm apontado que em excesso a creatina pode afetar a saúde do fígado.
Importante salientar que os efeitos da suplementação de creatina sobre a função renal são debatidos intensamente na literatura científica e existe especialistas que afirmam que a creatina pode não afetar os rins, ainda são necessários mais estudos para identificar se há problemas ou não.
Oi
Admirei muito este site.
Cumprimentos!
Marcio do Guia do Somatodrol
Prefiro acreditar que os meus sucessos ou insucessos se devem à minha própria capacidade, do que utilizar substâncias extra, as quais tenho dificuldade em distinguir do doping. Abraços e boas escaladas
Ricardo