Primeira etapa da Copa do Mundo de Bouldering apresenta emoções previsíveis e imprevisíveis

A Copa do Mundo de Bouldering 2022 começou no último final de semana em Meiringen, Suíça e foi o palco para coroar dois dos grandes nomes das competições de escalada de todos os tempos: Tomoa Narasaki e Janja Garnbret. Ambos campeões da Copa do Mundo de Bouldering 2019 repetiram a dose na primeira etapa de 2022.

Se a colocação dos dois atletas já era prevista (inclusive pela análise da Revista Blog de Escalada), o anúncio de Janja Garnbret de que iria dar um tempo das competições assustou a todos. Momentos depois de vencer, Garnbret revelou em sua entrevista que ficaria de fora pelo restante desta temporada da Copa do Mundo.

Na entrevista a eslovena declarou que “definitivamente, as Olimpíadas do ano passado foram muito difíceis de preparação física ou mental, então sinto que preciso de um pouco de tempo fora das composições, e sinto que este ano é o ano perfeito para fazer isso”. Janja Garnbret venceu a primeira etapa da Copa do Mundo de Bouldering este ano sem nenhuma surpresa e a distância esportiva entre a eslovena e as outras é muito grande.

Os brasileiros que participaram da competição, Felipe Ho (92º de 111), Rodrigo Hanada (99º de 111), Pedro Avelar (111º de 111) e Mateus Belotto (111º de 111), no masculino, e Bianca Castro (81ª de 83), no feminino, evidenciaram que há muito o que refletir em termos de treinamento e preparação para competições internacionais. Não somente os brasileiros, mas todos os latino-americanos tiveram resultados não muito diferentes do que tem sido apresentado nos últimos anos.

Quem parece estar fazendo a lição de casa são os norte-americanos, que colocaram quase toda a sua delegação nas semifinais e, ainda fez um pódio no feminino. Uma evolução em muito pouco tempo que tem de ser observada por perto e que inspire os latino-americanos a trilhar o mesmo caminho.

Copa do Mundo de Bouldering: Janja Garnbret domina

A dominância de Janja Garnbret faz com que os route setters terem um grande problema na competição feminina. Elaborar desafios de linhas de boulder para Garnbret e as outras competidoras é realmente difícil e extremamente raro.

Janja vem dominando o circuito de competições há anos (neste final de semana foi sua 32ª vitória em uma prova da Copa do Mundo), e nesta temporada ela se sente tão forte que está malhando a via “La Dura Dura”, cotada como 9b+ francês (12c brasileiro).

Por causa da discrepância de Janja com os outros competidores (algo semelhante que somente foi visto por Michael Jordan nos anos 1990 na NBA) que nas finais houve poucos tops, além dos de Janja e da norte-americana Natalia Grossman.

Foto: Jan Virt/IFSC

A dominância acachapante é, sem dúvida, prejudicial para o show e certamente não faz as atletas se sentirem melhor. Na final, Janja Garnbret escalou três linhas em flash e um à segunda tentativa, devido a um erro no início.

A norte-americana Natalia Grossman mostrou solidez ao ficar em segundo lugar com três tops. O terceiro lugar foi muito disputado entre a francesa Oriane Bertone e a suíça Andrea Kümin, sendo que ambas fizeram um top e duas zonas, mas o número de tentativas nas zonas deu a medalha à suíça.

Triunfo para Tomoa Naraski na Copa do Mundo de Bouldering

Sem ter um competidor dominante como acontece no feminino, a competição masculina manteve o público em suspense durante toda a final. Todos os seis competidores poderiam chegar ao pódio ao final das quatro linhas de boulder.

No entanto, apenas os japoneses Yoshiyuki Ogata e Tomoa Naasaki encontraram uma maneira de chegar ao título. O norte-americanos Colin Duffy (18 anos) e os franceses Mejdi Schlack e Paul Jenft (18 anos) estiveram perto do sucesso.

Os quatro primeiros estavam empatados em dois tops e três zonas, então a ordem final foi decidida pelo número de tentativas.

A próxima competição da temporada de bouldering será 6 de maio em Seul (Coreia do Sul).

IFSC muda as regras no último minuto

A Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC) mais uma vez se viu no meio de uma polêmica. Dessa vez por conta de uma mudança de regra que causou protestos de atletas.

Uma mudança de regra relacionada à forma como os jogadores percebem a resolução das linhas de bouldering. Até pouco tempo os competidores decifravam o arranjo das agarras depois de pisar no colchão. No entanto, em Meiringen, antes da classificação e das semifinais, os escaladores receberam imagens de problemas que podiam analisar, por exemplo com os seus técnicos.

Tal mudança, introduzida sem aviso prévio e alterando a forma como os desafios eram realizados, foi contestada pelos atletas. Um apelo sobre este assunto, feito à IFSC, foi publicado por Stasa Gejo e Alex Megos:

Até agora, os atletas nunca sabiam o que os esperava no muro. Ao contrário do feedback enviado pelo Comitê de escaladores, o IFSC tomou uma decisão inédita: agora, os atletas e treinadores na área de aquecimento e espera recebem fotos de todos as linhas de qualificação. O método de implementação foi falho: atletas não tiveram tempo igual para analisar as fotos, e alguns nem viram as fotos até que estivessem na área de aquecimento.

Esta solução é prejudicial para a natureza do bouldering em competições, onde nos adaptamos aos desafios em mudança sob pressão do tempo. Essa é a magia do bouldering: criatividade na resolução de problemas é o que torna nosso esporte único.

Bouldering mostra a força física e coragem dos atletas. Nós, atletas e treinadores, levantamos objeções categóricas e pedimos que não forneçam aos competidores informações sobre problemas antes da escalada. Esperamos garantir que nosso esporte continue a evoluir em uma direção que reflita a atitude respeitosa e honesta das equipes participantes.

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