O primeiro encontro do Mulheres Outdoor reuniu cerca de 150 mulheres e gerou energia suficiente para acender muitos sorrisos e fazer brilhar muitos sonhos novamente.
Confira abaixo o que rolou no evento e como participar desse movimento!
Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre. Porque alguém disse e eu concordo:
o tempo cura, a mágoa passa, a decepção não mata…
E a vida sempre, sempre continua!– Simone de Beauvoir
Segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE, no ano de 2015, cerca de 67% das mulheres a partir dos 15 anos de idade nunca praticaram atividade física. As estatísticas também demonstraram que no Brasil existe uma baixa representatividade feminina em competições esportivas.
A educadora física Daiane Luise, idealizadora do projeto Mulheres Outdoor, conta que durante o período em que morou na França e no Canadá, pode participar de inúmeros eventos e iniciativas inclusivas de mulheres no esporte.
Principalmente nas atividades outdoor, uma das modalidades que há muitos anos ela tem um maior envolvimento.

Foto: Mel d’Haese | @meldhaese
A partir dessas experiências, Daiane Luise já de volta à terra natal, teve a ideia inicial de promover um encontro em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
O evento que contou com palestras, prática de escalada, mountain biking, trail running, yoga, exposição fotográfica, roda de conversa em volta da fogueira e diversas outras atividades não só aconteceu como também inspirou as participantes, que deram à luz ao movimento MULHERES OUTDOOR.
O projeto possui a missão de reunir, inspirar, divulgar e encorajar outras mulheres ao redor do Brasil, tanto as que já são esportistas experientes, como as que desejam dar os primeiros passos nesse universo.
As responsáveis pela idealização junto a Daiane, são a designer gráfica Luisa Mazarotto e as fotógrafas Aline Machado e Melanie d’Haese.
O que o Mulheres Outdoor representa
Para Aline e Luisa, o Mulheres Outdoor representa “uma oportunidade de mudança no estilo de vida de muitas mulheres, onde a confiança e a motivação compartilhada se tornam combustível para que outras de nós acreditem que é possível fazer as coisas acontecerem“.
A fotógrafa Mel d’Haese reitera: “Mulheres Outdoor é um movimento de empoderamento feminino, um quebrar dos estigmas já tão impregnados em nosso inconsciente coletivo. Nós mulheres somos tão fortes, corajosas e capazes quanto os homens; não somos nem melhores e nem piores… Apenas IGUAIS. Acredito que a natureza através do esporte outdoor, nos conecta com nossa essência, sendo o lugar ideal de busca dessa força inerente a todo ser humano.”
Se até poucas décadas atrás o buzz do esporte por aqui se resumia ao futebol masculino, em 2017 no Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano no Brasil apresentado numa Assembleia Geral da ONU, o esporte em toda sua potencialidade ficou estabelecido como meio de promoção da educação, da saúde, do desenvolvimento e da paz, sendo inclusive reconhecido como facilitador na luta pela igualdade de gênero.
Sim, nós podemos!
Para Daiane, a atividade física começou cedo. Quando aos 10 anos de idade, entrou para a equipe de ginástica rítmica da escola na qual estudava.
A rotina que consistia em treinos e competições, acabou por despertar nela verdadeira paixão por desafios e superação, afirma a personal que por muito admirar seus treinadores e treinadoras, acabou optando por cursar a faculdade de educação física também.
Para além da profissão, a prática de esportes também foi crucial em sua vida: “Em um difícil momento familiar e pessoal, o esporte me supria com muita energia e alegria. Ter amigos a minha volta e o apoio da minha treinadora, me tornava mais firme e focada em querer ‘vencer’ e superar as dificuldades”, relata.
E por falar nisso…
Você já ouviu falar em “mindset de crescimento”?
Após décadas de pesquisa sobre modelos mentais, Carol Dwek professora na Universidade Stanford, na Califórnia, ph.D e autora do bestseller MINDSET: a nova psicologia do sucesso, compartilhou em seu livro inúmeros estudos sobre indivíduos, entre eles atletas, que através da persistência e do treinamento, transformaram seus supostos fracassos e derrotas num verdadeiro laboratório para suas vitórias futuras.
De origem inglesa, o termo mindset tem sido amplamente utilizado atualmente.
Sua tradução literal refere-se a palavra “mentalidade”, mas seu conceito abrange um entendimento ainda maior: “mind” = mente + “set” = configuração, ou seja, configuração mental.
De forma resumida, segundo a autora existem dois tipos de mindset: o fixo e o de crescimento.
No mindset fixo acredita-se que as capacidades e as aptidões devam ser inatas, ou seja, existir naturalmente. Como se determinado dom ou talento, só fosse passível de reconhecimento e admiração se o mesmo fosse miraculosamente entregue ao indivíduo no instante de seu nascimento ou algo semelhante.
Enquanto que para as pessoas com mindset de crescimento são o esforço e a resiliência os responsáveis por conduzir qualquer ser humano para além de seus próprios limites “preconcebidos”.
Dessa forma, todos se tornam capazes de desempenhar qualquer atividade com maestria, desde que destinem reais esforços, treinamento e aprendizado para isso.
“(…) Mesmo que você acredite que não sabe fazer bem determinada coisa, ainda assim é possível mergulhar nela com empenho e perseverar. Na verdade, às vezes você se dedica a alguma coisa exatamente porque não sabe fazê-la bem. Essa é uma característica maravilhosa do mindset de crescimento. Você não precisa pensar que é competente em algo para desejar fazê-lo e ter prazer nisso.”
(Trecho do livro Mindset: a nova psicologia do sucesso)
Qual é o seu mindset?
A boa notícia é que segundo a ph.D Carol Dwek, os que possuem uma maior inclinação para o mindset fixo também podem treinar seu padrão de mentalidade a fim de adquirir um comportamento mais progressista diante dos acontecimentos:
E ai? Identificou alguma semelhança com o mindset fixo? Se sim, não se esqueça: nunca é tarde pra mudar e tentar algo novo!
Mulheres Outdoor: superando o desconhecido
Todo esse processo de superação pode ser vivenciado no 1º Encontro do Mulheres Outdoor que aconteceu no final de semana dos dias 07 e 08 de março de 2020 no Refúgio 5.13 localizado em Quatro Barras, no Paraná.
Daiane conta que mais da metade das mulheres nunca haviam tido uma única experiência com esportes outdoor: “A resposta foi extremamente positiva e gratificante! Acredito que nós, mulheres, temos um grande potencial, só não nos havíamos juntado ainda. Mas agora existe essa união! Temos facilidade em nos unir”, ela ressalta ainda a importância dos esportes para autoconfiança e o empoderamento feminino.
Mens sana, in corpore sano (mente sã, corpo são)
A idealizadora do projeto cita ainda outros pontos importantes sobre o hábito de ser ativo fisicamente: a comprovada contribuição do esporte contra doenças consideradas contemporâneas: a ansiedade, a depressão e até mesmo no tratamento de doenças autoimunes, saiba mais aqui.
Então, se depois de tudo isso você quiser abandonar a vida sedentária e iniciar um projeto para se tornar uma trail runner (corredora de trilha) ou praticante de trekking, a treinadora Daiane deixa algumas dicas para o planejamento:
- 1º passo:
- Procurar um profissional da área de Educação Física para auxiliar num bom trabalho básico de condicionamento físico através de caminhada, fortalecimento muscular e alongamento por cerca de 2 a 3 meses – ao menos 3 vezes por semana;
- 2º passo:
- Aumentar a intensidade da sua caminhada e apostar em aprender as técnicas básicas da corrida como o trote (passos mais rápidos semelhantes a corrida), e progressivamente ir alcançando uma melhor resistência cardiovascular – lembrando sempre de focar na técnica da corrida e na respiração;
- 3º passo:
- Focar no aprendizado básico investindo nos treinos na academia ou em parques, e em paralelo visitar trilhas ou montanhas próximas – ao menos 1 vez por semana.
Dessa maneira, a personal conta que é possível começar a entender as eventuais dificuldades técnicas da modalidade, a fim de treiná-las e ir se desenvolvendo na corrida.
- E claro, 4º passo:
- Acompanhar as novidades, dicas, inspirações e próximos eventos compartilhados na rede social da comunidade Mulheres Outdoor!
Para aquelas que desejam contribuir de alguma forma em algum segmento do projeto, a idealizadora Daiane afirma que as portas estão abertas:
“Pude aprender que a união faz a força e que as pessoas realmente querem eventos que propiciem o espírito de confraternização.”
Somos seres sociáveis e fortes por natureza
Lançando olhar sobre a história da humanidade, é possível observar que nossa espécie Homo sapiens sempre andou em bando.
Segundo o arqueólogo Patrick Roberts, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, o ser humano sempre possuiu uma forte aptidão em construir relações próximas (tanto com membros de sua própria espécie quanto com outros animais), e que além de outros indícios como a capacidade de fala e cognição, esse provavelmente tenha sido um dos fatores que permitiu não termos entrado nas estatísticas de extinção, como ocorreu com outras espécies de hominídeos.
Outra recente descoberta, é a de que as mulheres pré-históricas eram muito fortes, mais fortes até mesmo do que atuais atletas campeãs de remo, se comparando as amostras ósseas encontradas.
Segundo uma das responsáveis pela pesquisa, Alisson Macintosh da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, o indicativo do estudo sugere que o trabalho braçal feminino era altamente intenso e importante para a manutenção da sociedade daquele época e que “as primeiras economias agrícolas contaram com uma rigorosa contribuição manual das mulheres”, completa Jay Stock, também responsável pela pesquisa.
Fazendo analogia com uma conhecida frase do filósofo Confúcio, “Se queres prever o futuro, analisa o passado”, bom mesmo é voltar às origens: exercendo todas as nossas potencialidades corporais e tudo isso em grupo!
Para finalizar, um agradecimento mais que especial a todos os que acreditaram na importância e na força do 1º encontro do Mulheres Outdoor, contribuindo para que o evento se tornasse realidade!
Apoio:
- Ali Machado Fotografia
- Alta Montanha
- Alto Estilo Escalada
- Arte de Montanha
- Campo Base Escalada
- Clube Paranaense de Montanhismo
- Conquista Montanhismo
- Cosmo – Corpo de Socorro de Montanha
- Dani Rodrigues Nutrição
- Federação Paranaense de Montanhismo
- Fit Academia
- Juliana Marchiori Yoga
- Melanie d’Haese Fotografia
- Refúgio 5.13
- Rock And Run Mundo Livre FM
- Solaris Yoga
- To be Real – Moda Praia e Fitness
- Trail Running Club Brasil
Comunicadora, bombeira florestal voluntária, bacharelanda em filosofia, aventureira e apaixonada por ambientes naturais. Compreende que a vida é breve, por isso se dedica a muitas coisas que tem como essenciais para si mesma.
Assim, possui em sua grade curricular componentes que vão desde relações públicas e marketing, pela Universidade Anhembi Morumbi, tendo realizado também diversos cursos correlatos na área da comunicação, como artes cênicas e canto, na Escola Superior de Artes Célia Helena, no Teatro Escola Macunaíma e na Etec de Artes de São Paulo. Passando pela área da saúde, realizou as disciplinas de primeiros socorros, pela Cruz Vermelha Brasileira, além de obter a formação de bombeiro civil e brigadista florestal, visando adquirir conhecimentos técnicos para suas experiências na natureza.
É embaixadora da World Adventure Society – organização internacional com sede no Brasil, cujo objetivo é fomentar a aventura de maneira saudável, sustentável e inclusiva. E âncora no Reset Humano – podcast que tem em seu DNA o convívio com a Natureza e a montanha, visando apoiar o desenvolvimento do ser humano e da sociedade.
Também participou ativamente da concepção de uma iniciativa coletiva de fotografia e produção audiovisual, colaborando por meio desta com importantes eventos do segmento outdoor, como o Mountain Festival e o Freeman Film Festival Brasil, além de realizar a curadoria e a organização da 1ª exposição fotográfica do projeto.