A importância de estar sempre seguindo em frente

Foto: Rafael Barbosa

Foto: Rafael Barbosa

Mês passado eu estava visitando a Alemanha.

Estávamos caminhando em Prien, procurando pelo cibercafé Nova. Precisávamos nos conectar novamente após escalar nos Alpes por alguns dias.

Quando perguntamos a direção, nos disseram para caminhar para a rua principal, seguida por “und dann, immer gradeaus.” “und dann, immer gradeaus” é alemão para “e depois, sempre siga em frente.” Nós caminhamos para a rua principal e seguimos em frente, mas não achamos o café Nova.

Precisamos pedir ajuda com o endereço para outra pessoa. Ela nos disse para pegar uma rua diferente, seguido por “und dann, immer gradeaus.”

Nos frustramos um pouco com todos nos dizendo “immer gradeaus” já que nada parecia seguir sempre em frente. Sempre havia uma curva que precisávamos fazer.

Identificar nosso objetivo final é fácil: ir para o café Nova. Essa é uma meta externa. O treinamento mental, porém, é nosso mundo interno.

O que ocorre em nosso mundo interno quando lidamos com os desafios da vida? Ser conscientes do que chama nossa atenção nos ajuda a entender nosso lugar neste mundo.

Foto: Eliseu Frechou

Foto: Eliseu Frechou

Será que realmente conseguimos identificar uma meta sobre nosso mundo interno? Como podemos sabê-lo desde uma perspectiva de nosso conhecimento hoje?

Talvez esta meta interna seja algo em nosso subconsciente.

Por exemplo, talvez uma árvore de carvalho não “saiba” a meta interna do que significa ser um carvalho crescido por completo.

Talvez os seres humanos não saibam conscientemente o que significa ser um humano realizado por completo. Porém, parece haver algo dentro do carvalho e de nós que, em um nível inconsciente, quer se manifestar.

Encontrar nosso propósito na vida parece ser um processo difícil para a maioria das pessoas. Talvez seja uma direção em vez de uma meta final: siga sempre em frente. Minha filha, Emma, é uma adolescente a procura de seu propósito.

Ela passa horas em seu quarto desenhando, especificamente desenhando personagens do Sonic (do jogo de videogame da Sega).

Estes personagens são gatos, porco-espinhos e vários animais.

Eu lhe perguntei por que ela gostava de desenhar esses personagens, e ela disse que ela é fascinada por como eles são.

Ela não consegue me dar motivos, ela apenas gosta deles.

Foto: http://warriorsway.com

Foto: http://warriorsway.com

Nós não somos atraídos pelas mesmas coisas. Somos atraídos por coisas diferentes. Eu sou atraído pela escalada mas muitas pessoas não são. E essa atração que guia nossas vidas individuais.

Atração é uma pista para nossa direção.

Nós gostaríamos que alguém nos dissesse qual é o nosso propósito. Os Gregos iam ao oráculo Delphi para obter respostas, mas ela dava a eles apenas pistas ou dicas, as vezes em forma de enigmas. Isto dava as pessoas uma resposta vaga para suas perguntas.

Descobrir nosso propósito é pessoal. É único para nós. Ninguém pode fazer isso para nós, nem mesmo o oráculo. Porém, o que nos atrai nos da pistas sobre nossa direção.

Eu perguntei a Emma como ela decidia o que ela ia desenhar a seguir. Eu estava curioso para saber como ela decidia o próximo passo em seu processo.

Ela disse que ela gosta de aprender a acertar as proporções dos personagens, sombrear as figuras e a usar diferentes canetinhas (ou lápis de cor). Ela apenas procura algo novo que ela possa desenhar ou o que ela possa aprender a desenhá-los melhor.

“Immer gradeaus” nos diz que nossa direção está bem na nossa frente e que o próximo passo pode ser vago. Mas temos uma pista: o que nos atrai e o que está bem em nossa frente.

Como usamos nosso tempo? O que nos interessa? O que chama nossa atenção? Estas são pistas.

Se estamos caminhando, apenas colocamos um pé na frente do outro, movendo em uma direção. O próximo passo pode estar logo a frente ou pode estar à direita ou esquerda, mas é o próximo passo.

Dar esse passo nos da uma experiência que nos ajuda a saber qual será o próximo passo.

Para Emma, escutar a como ela se sente direcionada envolve permanecer curiosa com o que ela quer aprender a seguir de técnica no desenho. Para o resto de nós, é individual.

Peça dicas e pistas, mas não espere direções exatas.

Nós sabemos o que nos atrai.

Dê o próximo passo, und dann, immer gradeaus.

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O livro “The Rock Warrior Way – Mental Training for Climbing”está à venda em: http://www.companhiadaescalada.com.br/

Tradução do original em inglês: Gabriel Veloso

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