A história da barra de cereais

A barra de cereais (assim como as energéticas e as de proteína) é relativamente recente na vida da civilização moderna. Desde a geração X (nascidos entre 1965 e 1981) ou geração Z (nascidos entre 1982 e 1994), o consumo desse tipo de alimento é relativamente comum e entre os esportistas tornou-se item básico em mochila de praticantes de trekking e hiking.

Mas você sabe quem inventou a barras de cereal e os motivos que fizeram com que ela fosse amplamente adotada pela população em geral? As barras de cereais nasceram como uma forma simples e prática de transportar superalimentos.

Como qualquer comida popular, todo mundo tem sua própria ideia de como deve ser o gosto de uma barra de cereais ideal. E, como em qualquer receita, existem incontáveis variações que variam desde cada indivíduos ou empresas.

Müesli um antecessor da barra de cereais

barra de cereais

Maximilian Oskar Bircher-Benner, o inventor do Müesli

Historiadores especulam que os primeiros grãos de cereais tenham sido cultivados há aproximadamente 11 mil anos atrás por comunidades agrícolas antigas na região do Oriente Médio conhecida como “Crescente Fértil”. Desde então foi adotado por todas as civilizações.;

Müesli não foi originalmente concebido como um alimento para o café da manhã, mas como um aperitivo semelhante ao pão e manteiga. Era consumido como Schweizer Znacht (jantar suíço), mas não como cereal matinal.

Znacht é uma palavra alemã suíça e é uma abreviação do alemão “zu Nacht”, que basicamente significa “à noite”. Isso não significa que se come durante a noite, mas sim no início da noite. o Znacht é frequentemente consumido na varanda ou no quintal para aproveitar o calor e a luz das noites de verão suíça e tradicionalmente consiste em alimentos frios.

Maximilian Oskar Bircher-Benner era um médico suíço e pioneiro em pesquisas nutricionais em seu país e um dos primeiros promotores de dietas de alimentos crus. Quando Max se mudou para Zurique, abriu uma clínica de fisioterapia, hidroterapia e eletroterapia e a chamou Lebendige Kraft (Força Vital) onde iria aplicar terapias que estava interessado.

Sanatorium Lebendige Kraft

Bircher-Benner passou a ver os alimentos crus como ainda mantendo a nutrição vital da “energia da luz solar”. O médico apresentou suas ideias médicas em 1900 a uma associação médica local, que não reagiu bem e o rotulou de charlatão. Suas ideias sobre nutrição solar praticamente destruíram qualquer reputação que ele tinha como acadêmico.

Nessa mesma época introduziu nos pacientes de seu hospital uma dieta rica em frutas e vegetais frescos como parte essencial da terapia. Foi inspirado por uma “alimentação diferente” semelhante que ele e sua esposa haviam servido em uma caminhada nos Alpes suíços.

O próprio Bircher-Benner se referiu ao prato simplesmente como “d’Spys” (alemão suíço para “o alimento”, em alemão die Speise), mas também era comumente conhecido como Apfeldiätspeise (Dieta alimentar da maçã). Suas instalações aumentaram em popularidade durante a era da lebensreform, que eram vários movimentos sociais que surgiram em meados do século XIX na Alemanha e na Suíça e que valorizava alimentos saudáveis ​​e vegetarianismo.

A receita de Maximilian Bircher-Benner consistia embebedar cereais durante a noite com água e suco de limão, e servir com iogurte pela manhã como café da manhã. Mais tarde, tornou-se mais conhecido como Birchermüesli em alemão suíço e, com o tempo, evoluiu para Müesli. Este termo vem de um dialeto alemão e é um diminutivo de Mues que significa “purê” ou “amassado”.

A receita original de Bircher-Benner tinha muito mais frutas do que grãos e, como tal, é muito diferente em comparação com o Müesli que pode ser comprado hoje. Uma porção da receita tinha:

  • 1 colher de sopa de aveia em flocos (embebida em 2 a 3 colheres de sopa de água)
  • 1 colher de sopa de suco de limão
  • 1 colher de sopa de creme de leite
  • 200 gramas de maçã ralada
  • 1 colher de sopa de avelãs ou amêndoas moídas

Granula, o outro antecessor da barra de cereais

barra de cereais

James Caleb Jackson, o inventor da Granula

Praticamente a Maximilian Oskar Bircher-Benner, no final do século XIX, mais especificamente nos EUA, também havia movimentos para comida saudável e várias experiências de curandeirismo por meio de alimentação. É impossível abordar barrinhas de cereais sem citar o inventor da granola.

James Caleb Jackson depois de completar a sua educação no Instituto Politécnico de Chittenango trabalhou como agricultor até 1838 e casou-se com Lucretia Edgerton Brewster quando tinha 19 anos. Em sua juventude, Jackson foi ativo como abolicionista.

Em 1847, Jackson estava doente demais para continuar escrevendo e administrando o jornal abolicionista, The Albany Patriot. Para se curar explorou a hidropatia, uma medicina alternativa que usava água para tratar doenças, e se sentiu melhor depois de fazer envoltórios de água fria e tratamentos de ducha.

Inspirado por essa experiência, James decidiu se tornar médico para ajudar outras pessoas doentes e, com quase 40 anos, formou-se em medicina em 1850 pela Central Medical College em Syracuse. Depois de trabalhar em outro instituto hidropático, Jackson foi para o interior dos EUA para assumir a administração de um spa hidropático lá.

Durante seus anos como médico lá, James Jackson escreveu artigos e manuais sobre saúde e bem-estar, como “Como tratar os doentes sem remédios”, publicado em 1870. Jackson ensinava seus pacientes em sua clínica a comer vegetais, frutas e grãos integrais, e não servia carne, farinha branca processada, álcool, tabaco ou cafeína.

Fascinado pelo papel da nutrição na saúde, ele criou um alimento matinal seco e integral em 1863, assando farinha de trigo e farelo e triturando-o. Assim foi criada o que conhecemos hoje como granola. Embora o alimento exigisse imersão no leite por pelo menos 20 minutos. pois era muito difícil de mastigar, era mais conveniente para comer do que os cereais que exigiam cozimento (como arroz, milho, etc).

Kellogg’s”cria” a granola

James Caleb Jackson é creditado como a pessoa que inventou o primeiro cereal matinal seco fabricado, que ele chamou de Granula. O nome foi inspirado na palavra do latim para grão granun. Mas é impossível falar sobre a história da granola sem falar sobre a Kellogg Company.

Isso porque, em 1878, o Dr. John Harvey Kellogg (médico e pensador religioso adventista) visitou a clínica de James Caleb Jackson para aprender sobre a prescrição de Jackson para saúde e bem-estar. Na época Kellogg dirigia um sanatório em Michigan e ouvira falar de Jackson através da líder de sua igreja, Ellen Gould White (uma das fundadoras da da Igreja Adventista do Sétimo Dia).

Jackson tratou White no sanatório e ela incorporou alguns de seus ensinamentos aos princípios da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Alguns anos depois de sua visita, Kellogg criou sua própria versão do cereal de Jackson, feito com aveia moída, trigo e milho.

De forma muito pouco original, John Kellogg chamou sua criação de granula. Assim, Jackson processou Kellogg por roubá-lo de maneira tão descarada. A empresa após o processo concordou em mudar o nome de seu cereal de granula para granola e foi o primeiro cereal matinal frio fabricado de maneira industrial no mundo.

Os nomes Granula (marca registrada de Jackson) e Granola (marca registrada de John Kellogg) foram registrados para alimentos que consistem em “produtos naturais de ervas desintegrados e depois assados ​​até ficarem crocantes”. O irmão de John Kellogg, William Kellogg, fundou a empresa de cereais e ganhou muito dinheiro, enquanto seu irmão John, focado em medicina, inventou o Corn Flakes e muito mais.

A principal diferença entre müesli e a granola/granula está relaciona com a confecção. A granola é cozinhada e geralmente contém adoçante (como mel) e acrescenta frutas secas, enquanto que o müesli é comido cru e adoçado apenas com os frutos.

Barra de cereais

As barras de cereais, energéticas, nutricionais e esportivas se referem à mesma coisa. Dezenas e dezenas de marcas artesanais proliferaram repentinamente, resultando em uma variedade desconcertante nas lojas de alimentos naturais e até nos corredores dos supermercados.

As barrinhas são projetadas como lanches, restauradores pós-treino ou até mesmo substitutos de refeição. Mas como que o müesli ou a granola evoluiu para se tornar uma barrinha?

As barras feitas do cereal só apareceram mais tarde e estão sujeitas a diferentes reivindicações em relação à sua invenção. O verdadeiro inventor da barra de granola ainda gera muita discórdia, mas a maioria das fontes credita ao norte-americano Stanley Mason como o inventor da barra de cereal, mas há quem credite a outro norte-americano Herrick Kimble.

O ex-piloto de caça da Segunda Guerra Mundial Stanley Mason foi demitido de seu trabalho de engenharia corporativa por ter a audácia de desenvolver a primeira fralda descartável sem pinos contornada para o bumbum de um bebê. Entre suas outras invenções: barras de granola, frascos de ketchup espremíveis, pasta de dente espumante e embalagens de band-aid.

Stanley Mason foi creditado com esta invenção durante sua vida. No entanto, Kimble refutou essa afirmação em seu blog (leia aqui a carta) com uma foto de uma carta datada que escreveu para “The Idea Marketplace”, em 1975, e afirma até hoje que foi o inventor.

Em contrapartida Stanley Mason era um inventor incansável e na época de sua morte em 2006 possuía mais de cem invenções. Mason se autodenominava “um inventor de produtos comuns e cotidianos , não de alta tecnologia, mas de coisas comuns e úteis”.

De qualquer forma, uma barra de cereais clássica foi definida por seus ingredientes e forma, afirmando que “Barras de cereais consistem em granola misturada com mel ou outro xarope adoçado, prensada e assada em forma de barra”. Mas atenção: é diferente da granola ou Müesli porque é prensado para formar uma barra (quase do tamanho de uma barra de chocolate) e depois assado.

Por que essa “pós produção”? Por que o desejo era transformá-la em um lanche saudável e conveniente. Desde então, tornou-se um produto popular em todo o mundo.

Barra energética

Quando a NASA estava nos primeiros anos de seu programa espacial, um dos desafios críticos que enfrentavam era como fornecer alimentos frescos, saborosos e nutritivos para seus astronautas. Uma das soluções iniciais que surgiram do programa de pesquisa da NASA foi o primeiro tipo de barras nutricionais.

O principal especialista em tecnologia de alimentos da empresa Pillsbury , Howard Bauman, estava interessado em criar alimentos que pudessem ser enviados ao espaço e também vendidos aos consumidores. Bauman e sua equipe criaram os primeiros alimentos sólidos que foram consumidos por um astronauta em 1962 quando os cubos de comida que eles criaram foram comidos por Scott Carpenter no Mercury-Atlas 7 (quarta missão espacial tripulada do Programa espacial dos EUA).

Esses produtos foram os antecessores da barra energética moderna e foram feitos com a ideia e o slogan por trás deles de que eles o alimentariam mesmo no vácuo do espaço. O Space Food Sticks e o Tang estavam inextricavelmente ligados no início porque ambos foram dados para aqueles que foram ao espaço.

A primeira geração de barras foi lançada na década de 1960, quando os pousos lunares da Apollo estavam no auge sob o rótulo de Space Food Sticks. Na época, os Space Food Sticks eram apresentados aos consumidores como “energia balanceada não congelada em forma de bastão contendo quantidades nutricionalmente equilibradas de carboidratos, gorduras e proteínas”.

Space Food Sticks eram barras duráveis ​​e versáteis comercializadas em uma variedade de sabores, abrangendo laranja, menta e manteiga de amendoim. Os principais critérios que regem o seu design eram que o tamanho e a forma tinham que permitir que um astronauta pudesse comê-los facilmente no espaço enquanto usava o capacete.

Eles foram descontinuados na década de 1980, quando a moda da corrida espacial original terminou oficialmente.

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