Reflorestamento inteligente: O que fazer depois de um incêndio nas montanhas?

Dos recentes incêndios no México surgiu a pergunta: Qual deve ser a resposta para restaurar o que foi perdido? O biólogo Jürgen Hoth, na companhia de Elsa Ávila, dá-nos respostas a estas e outras questões.

No dia 14 de janeiro foi ao ar o programa ao vivo “Cumbres Blancas: Reflorestamento Inteligente Depois de um Incêndio”, apresentado pela Cumbres Blancas México, e produzido pela FreemanTV.la. O programa foi uma master class ministrada por Jürgen sobre o assunto.

Jürgen, especialista em desenvolvimento rural, ecologia e conservação de espécies, compartilhou como conviver com a natureza de forma responsável e, dessa forma, aprender com ela a estabelecer soluções inteligentes que restaurem o ecossistema após um incêndio.

Além disso, Hoth menciona o lado negativo de se fazer reflorestamento em ecossistemas inadequados para ter árvores. Isso, diz o especialista, em pastagens alpinas pode causar uma árvore na hora errada, e no lugar errado pode se tornar um grande problema.

O que significa uma “solução inteligente”?

Como explica Jürgen, uma restauração inteligente significa aprender a trabalhar com a natureza, visto que não há medidas gerais para isso.

Muitas vezes, o objetivo e a finalidade da conservação são diferentes em cada caso, por isso é necessário conhecer as características de cada região e fazer um terno sob medida, baseado na história natural e cultural do local. Isso nos ajudará a saber se a intervenção do ser humano é necessária antes da dinâmica e mudanças naturais do ecossistema.

Trabalhar com a natureza

Os campos alpinos, predominantes em certa altitude nos vulcões mexicanos, são comunidades vegetais onde predominam gramíneas com poucas árvores e arbustos. Além disso, essas árvores são raras e amplamente dispersas.

Por isso, e como nos diz Jürgen: “devemos pensar da mesma forma que o ecossistema “pensa”, observando com os nossos próprios olhos”.

Aqui estão algumas soluções para restaurar ecossistemas de forma inteligente e responsável:

  • Evite o florestamento. Uma das principais características entre o reflorestamento e o florestamento é que o reflorestamento consiste no plantio de árvores em áreas antes cobertas por elas. Por outro lado, o florestamento consiste em estabelecer árvores em áreas que naturalmente não existiam.
  • Pense em queimadas prescritas na pastagem e na floresta aberta. Algumas comunidades em Milpa Alta (México) participaram em conjunto com a CONAFOR (Comissão Nacional de Florestas) e a SEDEMA (Ministério do Meio Ambiente) para gerar queimadas prescritas em um hectare. Dentro dessa queima, Jürgen compartilha conosco: a intenção era queimar uma árvore mal plantada, no lugar errado, com a densidade errada.
  • Renovação. Ao contrário das campanhas de reflorestamento, está comprovado que a renovação tem uma taxa de sobrevivência de 97%.
  • Planejamento ecológico territorial. A intenção é gerar um banco de informações em nível comunitário, municipal e estadual, que receba e integre dados para construir um “mosaico de conhecimento” sobre a frequência de incidentes, incêndios, pastagens etc. E criar uma administração de acordo com a dinâmica natural.

Em essência, comentou Jürgen, é preciso observar e compreender o cenário afetado antes de responder com a medida midiática, mas não necessariamente eficaz, de plantar árvores em qualquer lugar, de qualquer espécie e em qualquer condição.

A palestra foi muito enriquecedora em termos de muitas crenças e paradigmas comuns que muitas vezes defendemos com boas intenções, mas não têm uma base racional e científica. A esse respeito, acrescentou Jürgen, existem numerosos especialistas mexicanos com capacidade para contribuir com respostas aos problemas ambientais que vivemos.

Você pode ver a palestra completa no topo do artigo.

Comente agora direto conosco

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.