Já ouviu falar da International Appalachian Trail, uma trilha que sai dos EUA, passa por Canadá e chega até a Europa?
Como já foi publicado aqui na Revista Blog de Escalada, a Appalachian Trail é um dos trekkings de longa distância mais populares dos EUA. A Appalachian Trail (também conhecida como Trilha dos Apalaches) é um trekking de longa distância com mais de 3.508 quilômetros de extensão que atravessa os locais cênicos, arborizados, selvagens e culturalmente ressonante das Montanhas Apalaches.
A Appalachian Trail foi concebida em 1921, construída por cidadãos particulares e concluída em 1937. Atualmente a trilha é gerenciada pelo Serviço Nacional de Parques dos EUA, Serviço Florestal dos EUA, Appalachian Trail Conservancy e inúmeras agências estaduais, além de contar com milhares de voluntários.
International Appalachian Trail
Por ser pouco divulgado na América do Sul, também existe um trajeto “irmão” da Appalachian Trail, a International Appalachian Trail (conhecida em francês como Sentier international des Appalaches, SIA). A motivação da criação da SIA é embasada em conceitos geológicos.
Tudo começou com a teoria de que há pedaços antigos das Montanhas Apalaches, uma cordilheira da América do Norte, espalhados em ambos os lados do Atlântico. Como o estudo das placas tectônicas se tornou uma área popular para estudo entre geólogos na década de 1970, surgiram evidências de que 250 milhões de anos atrás, quando as placas no Atlântico Norte começaram a se dividir, partes de cadeias de montanhas como os Apalaches foram separadas.
Em termos gerais, a IAT é uma extensão da AT, seguindo uma visão do que a cordilheira foi quando ainda existia o supercontinente (também conhecido como Pangeia). Quando finalizada irá sair dos EUA e chegar a Europa e, talvez, África.
O IAT faz parte do que é chamado de Eastern Continental Trail, um trekking que vai de Key West, na Flórida, a Belle Isle, na Terra Nova e no Labrador, no Canadá.
Isso porque evidências geológicas mostram que as Montanhas Apalaches, certas montanhas da Europa Ocidental e o Anti-Atlas no norte da África fizeram parte das antigas Montanhas Central Pangeanas.
O IAT foi proposto em 1994 por Richard Anderson, um biólogo da pesca do Maine e ex-comissário do Departamento de Conservação do Maine, com planos de atravessar as partes das Montanhas Apalaches em Maine, New Brunswick e Quebec que a Appalachian Trail não cobria.
Após a seleção da rota, a construção da trilha ocorreu no final dos anos 1990. A primeira pessoa a percorrer a IAT, como ele existia, foi John Brinda em 1997. Ele fez isso como parte de sua passagem pela Eastern Continental Trail a partir de Key West, na Flórida.
Atualmente, após várias extensões e atualizações, o IAT tem mais de 8.045 km (aproximadamente 5.000 milhas), incluindo as 750 milhas originais e outras 600 ligando o IAT ao mar no Canadá.
O objetivo final é fazer com que a trilha percorra também partes da Espanha, Portugal, Irlanda, Irlanda do Norte, Inglaterra e Marrocos. Quando o IAT inteiro, como planejado agora, estiver concluído, poderá se estender por mais de 32.187 km (20.000 milhas).
Se você quiser fazer uma caminhada no IAT no Canadá, provavelmente terá grandes trechos bem vazios, pois o trekking atrai apenas uma pequena fração do número de praticantes de trekking que o AT nos EUA atrai.
Para saber mais sobre a trilha: http://www.sia-iat.com
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.