Elnaz Rekabi teria feito pedido de desculpas “forçado” e pode estar em prisão domiciliar no Irã

A escaladora iraniana Elnaz Rekabi, que competiu sem o hijab o Campeonato Asiático da IFSC em Seul, teria emitido um pedido público de desculpas na semana passada de maneira forçada. Segundo fontes da BBC Persian, ela está em prisão domiciliar.

Ainda segundo a estação de transmissão em língua persa e subsidiária da BBC World Service, antes de viajar para Seul, Rekabi foi forçada a passar um cheque de US$ 35.000 (R$ 185.443 em valores de hoje) e conceder uma procuração completa à Federação de Montanhismo do Irã para vender a propriedade de sua família. A suposta punição seria uma represália de seu governo.

A escalada sem hijab de Rekabi enquanto competia foi interpretada por muitos como um protesto em solidariedade às mulheres iranianas que estão desafiando o código de vestimenta do regime iraniano, removendo o lenço sagrado, cortando seus cabelos e queimando-os na cabeça.

Os protestos, nos quais mais de 240 pessoas já morreram e milhares foram presas, foram desencadeados pela morte de Mahsa Amini, de 22 anos, que foi presa por usar o hijab de “maneira imprópria”. Amini morreu na prisão sob causas que levantam suspeitas de tortura.

Nos últimos anos, aproximadamente 30 atletas iranianos desertaram para evitar punições por protestar contra o regime ultraconservador. Para evitar isso, o governo iraniano força seus atletas a deixar garantias para garantir seu retorno.

Elnaz Rekabi pode nunca mais escalar

Conforme amplamente noticiado pela Revista Blog de Escalada, escaladora iraniana Elnaz Rekabi retornou ao aeroporto de seu país na manhã da última quarta-feira. Falando à mídia estatal iraniana, ela repetiu o pedido de desculpas que havia postado em sua conta do Instagram alegando que a falta de hijab foi um acidente “completamente não intencional” após uma chamada inesperada para escalar.

A Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC) e o Comitê Olímpico Internacional (COI) afirmaram que estão “monitorando a situação”. O presidente do Comitê Olímpico Iraniano disse que não vai punir a atleta.

O gesto da atleta foi visto como um ato de solidariedade aos movimentos de protesto pela morte de Mahsa Amini, apesar de ela não ter afirmado isso. Apesar de Rekabi ter se tornado um símbolo da resistência, sua vida está em risco, visto que o Irã adolescentes são espancadas até a morte por descumprir regras de morais e bons costumes.

Grupos de defesa de direitos humanos e jornalistas iranianos se manifestaram, afirmando que o país tem histórico de confissões forçadas. Uma fonte disse à BBC Persian que essas desculpas foram forçadas e que as autoridades ameaçaram a apreensão da propriedade de sua família se ela se recusasse a fazer a declaração.

A BBC Persian afirma ainda que Rekani foi detida em uma sala no prédio do Comitê Olímpico Iraniano por policiais à paisana antes de se encontrar com o ministro do Esporte do Irã, Hamid Sajjadi, depois de deixar o aeroporto. A BBC Persian relata também que Rekabi está agora sob “prisão domiciliar”, embora as autoridades afirmem que ela está em casa para descansar.

Atletas, grupos e organizações de escalada organizaram eventos de solidariedade para aumentar a conscientização sobre a ação e a situação de Elnaz Rekabi.

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