As fases de qualificação da primeira copa do mundo de dificuldade do ano aconteceram ontem, com as eliminatórias de boulder acontecendo hoje, em Innsbruck, Áustria. Os resultados falam por si, principalmente para os homens, onde atletas de renome internacional na escalada em rocha monopolizaram os primeiros lugares.
A performance de atletas sul-americanos, como chilenos, brasileiros e argentinos, explicitou a diferença de rendimento em comparação a atletas Europeus. Chama a atenção também a visível involução que o time japonês apresenta em mais uma etapa da temporada 2021.
Eliminatórias vias guiadas
Foto: Daniel Gajda/IFSC
É interessante notar que a transposição de talentos entre muro artificial e rocha é menor nas competições de boulder, onde muitos dos melhores boulderistas do mundo (com exceção de Adam Ondra) não são dedicados a praticar a atividade na rocha. Entre as mulheres, a manifestação é um pouco menos óbvia com o domínio total de Janja Garnbret (que fez topo nas 2 vias), seguida de Laura Ragora que faz um top.
Chamou a atenção também a performance dos norte-americanos, que demonstraram explicitamente que ficaram durante a pandemia fazendo a lição de casa. Brooke Raboutou, que ficou terceiro lugar nas eliminatórias, prova mais uma vez a sua grande ascensão após os seus pódios nas últimas duas etapas de boulder em Salt Lake City.
Vita Lukan (que foi destaque nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2018) e Lucka Rakovec subiram ao 4º e 5º lugares e demonstraram, mais uma vez, que a Eslovênia é uma nação dominante nas competições de escalada esportiva.
A equipe japonesa continua em clara regressão desde o início da temporada com Akiyo Noguchi saindo em 6º e com “apenas” outras três garotas nas semifinais, Momoko Abe e Miho Nonaka (empatadas em 13º) e Futuba Ito (18º). O mesmo vale para os homens, com Tomoa Narasaki (7º), Ao Yurikusa (8º), Kokoro Fuji (10º), Satone Yoshida (12º), Masahiro Higuchi (16º) e Kai Harada (17º).
Eliminatórias bouldering
Foto: Daniel Gajda/IFSC
O segundo dia de competições classificatórias, dessa vez em boulder, mostraram um cenário mais perto do que as expectativas indicavam: domínio dos japoneses, superioridade de favoritos e abismo de rendimento de sul-americanos.
Nas classificatórias de boulder masculino, os japoneses mostraram ampla dominância e avançaram para as semifinais. Yoshiyuki Ogata (1º) com Kokoro Fuji, Tomoa Narasaki e Sohta Amagasa empatados em terceiro, Kai Harada (7º), Rei Sujimoto (9º) ficaram no topo da tabela de classificação.
O austríaco Jakob Shubert demonstrou grande forma, ficando em segundo. Alex Megos quase não se classifica e os norte-americanos mostraram que estão fortes, mesmo não ocupando o topo da tabela.
Mas no feminino, a dominância de Janja Garnbret parece insuperável a curto prazo. A eslovena fez top em todas as linhas de boulder da classificatória com o mínimo de tentativas. O segundo lugar ficou para Miho Nonaka e, surpreendentemente, a norte-americana (que não estará na olimpíada) Natalia Grossman.
América Latina preterida do streaming
Amanhã, sexta-feira, 25 de junho, as semifinais e finais de vias guiadas podem ser assistidas ao vivo no canal IFSC no YouTube. A transmissão para América Latina não é liberada por conta dos contratos de retransmissão com emissoras de TV a cabo, mas pode ser assistido utilizando conexão VPN.
No Brasil, assim como boa parte da América Latina, quem possui os direitos de transmissão não se interessou em fazê-la.
Os resultados podem ser conferidos em: https://www.ifsc-climbing.org
Eliminatórias e Sul-Americanos (as)
A argentina Valentina Aguado foi a melhor sul-americana colocada nas eliminatórias de vias guiadas. Aguado ficou em 52º lugar (empatada com outras três atletas) de um total de 75 atletas. Ainda longe da zona de classificação para a semifinais, pois para se classificar é necessário ficar entre os 20 melhores colocadas.
A brasileira Bianca Castro ficou logo atrás, em 55º lugar, as chilenas Alejandra Contreras em 58º e Ignácia Quinteros em 60º. No boulder a chilena Alejandra Contreras surpreendeu com um 43º lugar (de um total de 88) e a argentina Valentina Aguado em 55º. Não houve brasileiras competindo.
No masculino, que contou com nenhum atleta brasileiro, o único representante sul-americano foi o chileno Christian Wagner, que ficou em 81º (de um total de 110 atletas).
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.