No ano de 2019, comemorou-se em várias localidades do Brasil um evento batizado de “abertura de temporada de montanhismo”. Cada uma destas localidades fez comemorações e celebrações de acordo com a visão particular que cada uma possui do esporte. Mas para o público leigo, ou mesmo iniciante, uma pergunta é válida: O que é necessariamente a “abertura de temporada” para o montanhismo?
Procurando em qualquer dicionário, uma temporada é um certo período de tempo ou uma época destinada à realização de determinada atividade.
Como a prática de escalada e montanhismo desenvolveu-se primeiramente na Europa, especialmente nos Alpes, é de lá que este costume de organizar, com festas e cerimônias, o período considerado ideal para a prática esportiva e recreativa nas montanhas. Na Europa, as estações do ano são muito definidas, oferecendo períodos muito diferentes uns dos outros. Enquanto no verão há um calor, no inverno há temperaturas que é difícil até mesmo sair de casa.
Esta disparidade entre as estações do ano “determinou” que a prática do montanhismo seria ideal apenas em um determinado período do ano, assim como as de esqui (que também entra na modalidade de montanhismo na Europa). Chuvas constantes, ventos, neve e calor excessivo foram moldando o calendário dos montanhistas europeus e das localidades que recebiam estas pessoas.
Como os lugares que recebiam estes montanhistas, principalmente nas pequenas cidades alpinas e em locais de escalada (que em geral começou a viver deste turismo), surgiu a iniciativa de elaborar algum evento para que divulgasse o lugar, os estabelecimentos e, claro, o início do período ideal para a prática do montanhismo.
Como as pequenas cidades começaram a arrecadar valores consideráveis com o turismo (gerando muitos empregos, inclusive), as prefeituras começaram a oferecer uma infraestrutura (para evitar acidentes e atrair mais arrecadação), como operações de resgate, refúgios de montanha, transporte, etc. Para que todos soubessem que tudo isso estava à disposição dos montanhistas, foi organizado um evento festivo. Este evento serviria para motivar os turistas montanhistas a irem visitar estes lugares. Nascia assim, o conceito que hoje conhecemos como “Abertura de Temporada”. Um evento que cada cidade, região e local de escalada e montanhismo organizava da maneira mais conveniente e possível.
Inspirados na ideia de organizar uma festa, que também é um evento que gera bastante arrecadação, entidades de classe começaram a organizar as “aberturas de temporadas” na América do Sul. Mesmo que, como no caso do Brasil, Colômbia, Equador e Venezuela, o clima não fosse tão rígido como os da Europa. Em grande parte do Brasil, por exemplo, o que marca o período ideal de prática do montanhismo é o período de estiagem, que coincide com o de temperaturas baixas (mas que raramente passam de 0°C).
Por que é importante?
A abertura de temporada é importante para que os montanhistas, da região onde se realiza o evento, se confraternizarem e organizarem atividades para o período. Além disso, serve também, ao menos a longo prazo, para que esta troca de ideias sirva para que todos percebam que a temporada de prática de montanhismo está mudando, tanto em temperaturas de inverno, quanto em períodos de chuva. Além disso, é importante para que os montanhistas façam o exercício de aprender a viver em sociedade e internalize a importância da diplomacia e convívio entre si.
Indiretamente, a abertura de temporada serve para alertar a todos os montanhistas como o clima está mudando e que todos devem fazer a sua parte. Temas como aquecimento global (que derrete as partes nevadas de altas montanhas), mudanças climáticas (que impactam na própria prática do montanhismo), uso de plásticos (que atualmente é o grande problema da sociedade e dos esportes outdoor), aumento de lixo nas montanhas (um problema social cada vez mais crescente) e comportamento de montanhistas diante da comunidade, tão temas que devem ser discutidos em um evento como a Abertura de Temporada.
Acima de tudo a Abertura de Temporada em qualquer lugar do mundo, mostra a harmonia e diplomacia entre comunidade de montanhistas, governo, comércio local e marcas que exploram o segmento. Quanto mais cada um destes elementos estiver alinhado em seus interesses, maior e mais impactante para a população em geral, o montanhismo será respeitado como esporte e não somente como atividade recreativa.
Argentina de nascimento e brasileira de coração, é apaixonada pela Patagônia e Serra da Mantiqueira.
Entusiasta de escalada, trekking e camping.
Tem como formação e profissão designer de produto e desenvolve produtos para esportes de natureza.
Eu voltarei a participar quando os eventos forem realizados na cidade.
#minimoimpacto
Aqui nao funciona ! Muito mimimi . Melhor escalar em locais sem tumulto ou concentração .O povo de forma geral esta muito mau educado ,quanto mais ajuntamento de escaladores pior . Temos visto na pratica em todos os locais sem exceção, eventos é só para blabla , tudo bonitinho virou as costas ,fazem bobagem . Escalada e surf ,para se manter na pureza do esporte e curtir de verdade é sozinho ou com um ou uma companhia , no sentido real da expressão o menos é mais !