A história dos capacetes de escalada

Os capacetes costumam ser considerados equipamentos militares, mas também são usados ​​por bombeiros, mineiros, operários da construção civil, policiais de choque e motociclistas, praticantes de diversos esportes como ciclistas, escaladores e montanhistas. Os capacetes são largamente usados por espeleologistas, paraquedistas, escaladores tradicionais, alpinistas e praticantes de trabalho em altura.

Atualmente no mercado existem vários modelos, cada qual para um uso específico.

Embora existam campanhas de conscientização constantes para escaladores usarem capacetes, muitos, sobretudo os de escalada esportiva, ainda não possuem o costume de usar o equipamento. Uma das provas latentes deste tipo de hábito é que são raras as fotos de escaladores esportivos (profissionais ou amadores) portando capacetes de escalada.

Tipos de capacetes para montanhismo e escalada

Foto: http://petzl.com

Atualmente os capacetes para montanhismo e escalada podem ser geralmente divididos em dois tipos.

O primeiro tipo é o capacete de montanha (ou seja, projetado para uso nas montanhas) que tem um design mais robusto, com uma concha de plástico duro e espesso. O segundo tipo é o chamado “capacete leve”, cuja concha é feita de poliestireno endurecido e que é usado para escalada esportiva.

Ambos os tipos têm uma ampla gama de designs, onde os fabricantes tentam chegar a uma relação entre peso e resistência, mas no final os detalhes de construção colocam o capacete em um desses dois modelos, mudando somente especificações técnicas.

Mas, de onde vêm a prática de usar capacetes em atividades de montanha? Quem e quando foi inventado este tipo de equipamento?

Os primórdios do capacete

Os exércitos são mais antigos que o conceito de país e, segundo os historiadores, existem desde 2500 a.C.. O Exército de Esparta (uma das principais cidades-estado da Grécia Antiga) foi um dos primeiros exércitos profissionais conhecidos da história. Destacando que o auge de Esparta foi de 600 a.C. a 500 a.C..

Capacetes militares datam de tempos bem antigos, por isso sua história se confunde com as das práticas militares. Sua função básica era proteger a cabeça, o rosto e, às vezes o pescoço, de projéteis e golpes cortantes de espadas, lanças, flechas e outras armas.

Os assírios (2500 a.C a 609 a.C) e persas (550 a.C. a 330 a.C.) tinham capacetes de couro e ferro, e os gregos levaram a fabricação de capacetes ao auge da arte com seus artefatos de bronze. Alguns destes capacetes cobriam toda a cabeça, com apenas uma abertura estreita na frente para visão e respiração.

O primeiro uso de capacetes de combate reforçados foi encontrado nos primeiros tempos das civilizações sumérias e acadianas por volta de 2300 a.C., com o mais antigo capacete de metal de bronze vindo das forjas dos gregos micênicos em 1700 a.C..

Os romanos desenvolveram várias formas de capacetes, incluindo o capacete redondo do legionário e o capacete especial do gladiador, com aba larga e viseira perfurada, dando proteção excepcional à cabeça, rosto e pescoço.

No norte e no oeste da Europa, os primeiros capacetes eram de couro reforçado, com tiras de bronze ou ferro e que geralmente assumiam a forma de calotas cranianas cônicas ou hemisféricas. Gradualmente, a quantidade de metal utilizado na fabricação aumentou até tornar-se o padrão nos capacetes.

Por volta de 1500, vários tipos altamente sofisticados de capacetes estavam em uso, empregando dobradiças ou pivôs para permitir que a peça fosse colocada sobre a cabeça e então ajustada confortavelmente ao redor da cabeça e do pescoço, para que não pudesse os guerreiros serem derrubados em combate.

Nos séculos 16 e 17, os capacetes abertos com abas largas tornaram-se populares. Mas nos séculos 18 e 19, com a crescente eficácia das armas de fogo, e assim o consequente declínio do uso da espada e da lanças, os capacetes desapareceram em grande parte, exceto pelo uso de elmos leves pela cavalaria em desfiles.

Ressurgimento no século XX

Durante um período entre 1700 e a Primeira Guerra Mundial, os militares em todo o mundo não impuseram o uso padronizado de capacetes, exceto em algumas situações específicas (como citado, em unidades de cavalaria e esquadrões de honra). O capacete de aço reapareceu como um item padrão para a infantaria nos primeiros anos da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), porque protegia a cabeça contra os fragmentos de metal em alta velocidade das explosões de projéteis de artilharia nos combates e nas trincheiras.

Os franceses adotaram o capacete como o equipamento padrão (leia-se obrigatório) no final de 1914 e foram rapidamente seguidos pelos britânicos, alemães e depois pelo resto da Europa. O capacete de infantaria moderno consistia em um hemisfério suavemente arredondado projetado para enfrentar ‘superfícies voadoras’, nas quais balas ou fragmentos de projéteis iriam ricochetear sem causar seu impacto total.

O capacete típico era uma concha de aço endurecido com um forro têxtil interno e pesava cerca de 0,5 a 1,8 kg.

Os capacetes de hoje

Os capacetes modernos criados após a Segunda Guerra Mundial ainda mantêm o uso de metais, embora vários materiais avançados (como Kevlar e Aramida) tenham sido introduzidos como materiais que podem facilmente absorver impactos diretos de balas.

O capacete de combate americano M1 é um exemplo perfeito disso. Ele foi adotado em 1941 como “tamanho único” e foi produzido em mais de um milhão de unidades, antes de ser substituído por um capacete PASGT mais avançado e à prova de balas. O PASGT é hoje usado por uma grande variedade de exércitos em todo o mundo, além de agências de aplicação da lei.

O design PASGT (Personnel Armor System for Ground Troops) também é altamente copiado em todo o mundo e usado por exércitos da China, Sérvia, Japão, Reino Unido, Austrália e muitos outros.

Capacete de couro

Como grande parte dos soldados que lutaram na primeira e segunda guerra mundiais também eram montanhistas, o uso do capacete para proteger de pequenas rochas e quedas começou a ser idealizado, mas ainda de maneira tímida, após o conflito. O seu uso começou a apenas ser discutido, mas não implementado.

Como à época o material predominante dos capacetes eram o metal, alguns modelos ainda eram inviáveis de serem usados no montanhismo.

Portanto, alguns modelos de couro (similares aos dos pilotos de automobilismo e aviadores) começaram a ser usados por alguns montanhistas. Este modelo de couro era largamente usado nas páticas esportivas como o rugby e futebol americano nos EUA.

A invenção deste capacete de couro, que foi primeiramente utilizado no futebol americano, é creditado ao norte-americano Joseph Reeves, que à época foi informado por um médico que deveria desistir do esporte ou então arriscaria morrer caso tivesse outro choque mecânico, como um chute, na cabeça.

Determinado a jogar o jogo Exército-Marinha de 1893, Reeves consultou um sapateiro de Annapolis para criar um dispositivo de proteção para sua cabeça. Naqueles primeiros dias, um capacete de futebol americano parecia o mesmo que um capacete de aviador: um chapéu em forma de ovo feito de couro macio, com abas para as orelhas e acolchoamento leve no interior.

Quase um capacete, este primeiro modelo ficou conhecido conhecido como “arnês de cabeça”. Anos mais tarde, em 1915, mais acolchoamento e flaps foram sendo adicionados, junto com orifícios para os ouvidos para que os atletas pudessem ouvir as jogadas.

Paralelamente ao desenvolvimento do futebol americano, uma outra prática esportiva que estava nascendo: o ciclismo. Nela também foi observada a necessidade de usar capacetes, porque desde os primeiros dias do ciclismo, haviam ferimentos na cabeça em decorrência das quedas.

À medida que mais estradas eram pavimentadas, seria provável que os ferimentos na cabeça aumentassem. Na década de 1880, os usuários de bicicletas de rodas altas perceberam que ferimentos na cabeça eram um problema e começaram a usar capacetes de medula.

A medula é um material triturável e provavelmente o melhor material disponível na época. Embora provavelmente quebrasse com o impacto, havia poucos carros nas estradas, então os pilotos precisavam de proteção apenas contra um único impacto.

Por volta da virada do século XIX, os ciclistas de corrida começaram a usar “capacetes” feitos de tiras de forro de couro, com um anel de couro ao redor da cabeça e um anel de lã acima dele. Posteriormente o estilo evoluiu e o anel de couro ao redor da cabeça (no sentido transversal) foi complementado por tiras de couro dispostas longitudinalmente na cabeça.

Capacetes absorção de impacto

O progresso real em capacetes de proteção contra colisões veio após a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento de resinas epóxi reforçadas com fibra de vidro e espumas plásticas quebráveis. A fibra de vidro era a coisa certa para atender a uma cápsula resistente, mas frangível, para absorção de choque.

O motivo e motivação: o aumento da velocidade das motocicletas que levou ao aumento de acidentes e mortes. Foi então que o primeiro capacete de absorção de impacto foi projetado pelo Professor CF Lombard, da University of South California.

Este capacete foi especialmente desenhado para andar em alta velocidade. É composto por uma casca externa resistente e duas camadas de acolchoamento; um para conforto e outro que absovia e dispersava a energia gerada no impacto. A invenção de CF Lombard foi uma revolução na história dos capacetes.

Logo após a invenção, muitas empresas surgiram em vários lugares e começaram a fabricar o capacete.

Entre os primeiros a adotar o capacete de fibra de vidro estavam pilotos norte-americanos e britânicos testando a primeira geração de caças a jato. Em 1947, Charles Lombard da Northrop Aviation, junto com Herman Roth e Smith Ames da University of Southern California, patentearam um capacete de fibra de vidro contendo um forro quebrável de uma polegada de espessura com espuma de acetato de celulose.

Este era o capacete P1 da Força Aérea dos EUA, que na verdade foi produzido com espuma de poliuretano, personalizado no capacete para cada piloto. Na Inglaterra, Cromwell, Stadium, Kangol e Everoak começaram a vender capacetes para esportes motorizados de fibra de vidro.

Em 1953, a AGV na Itália, fabricante de selins de couro para bicicletas e capacetes para motociclistas, produziu um capacete de fibra de vidro e, no ano seguinte, adaptou-o para uso por esquiadores de velocidade que competiam em Cervinia (Kilometro Lanciata).

Como o montanhismo possui laços estreitos com o esqui, este foi, provavelmente, o início da adoção de capacetes, pelos montanhistas.

Em 1954, Herman Roth descobriu que a espuma de poliestireno expandido (EPSB ou EPS), de marca Styrofoam, fazia um forro mais barato, mais leve e igualmente absorvente de choque. Com a Lombard, ele lançou uma empresa chamada Toptex para comercializar o capacete de fibra de vidro/EPS para esportes motorizados. Seu primeiro cliente foi o corpo de motociclistas do Departamento de Polícia de Los Angeles.

Ao mesmo tempo, nas proximidades de Bell, Califórnia, Roy Richter, proprietário da Bell Auto Parts, começou a fabricar capacetes de fibra de vidro para pilotos de corrida com o modelo do projeto da Força Aérea com revestimento de poliuretano.

O Bell 500 era o que tinha de mais moderno em esportes motorizados. Mas em 1957 ele falhou na primeira rodada de testes da nova Snell Memorial Foundation.

O único capacete a passar no novo teste de impacto foi o Toptex, com seu forro de EPS. A diferença: ao contrário de espumas de borracha e poliuretano resilientes, o material EPS esmagou e permaneceu esmagado. Não se recuperou para chacoalhar o cérebro dentro do crânio.

A Bell licenciou a tecnologia Toptex e o cenário estava montado: no futuro, todos os capacetes de proteção contra colisões seriam baseados em espuma de EPS esmagável, com ou sem uma concha de proteção.

Capacete de montanha

O capacete de montanhismo moderno deriva diretamente de modelos anteriores desenvolvidos para esportes motorizados e ciclismo. Desde os primeiros dias das corridas de bicicleta, o estresse causado pelo calor era uma preocupação mais imediata do que uma lesão por traumatismo, e os ciclistas não estavam dispostos a usar nenhum capacete que bloqueasse o ar de refrigeração do couro cabeludo.

Portanto, em 1900, o “capacete” de corrida padrão era uma “rede de cabelo” com tiras de couro levemente acolchoadas (as mesmas descritas anteriormente). Como proteção efetiva do crânio, óbvio, era uma piada.

Em 1910, a maioria dos jogadores de hóquei no gelo e futebol americano usava capacetes de couro fervido com forros de feltro ou lã, e os motociclistas começaram a usar capacetes de futebol. O design do capacete, tal como era, era pura suposição, sem nenhum embasamento científico.

O primeiro exame científico para analisar a relação de ferimentos na cabeça e capacetes foi iniciado em 1935 por Sir Hugh Cairns, um médico australiano formado em Cambridge que estudou neurocirurgia em Harvard. Ele era um dos médicos assistentes quando TE Lawrence (Lawrence da Arábia) morreu de lesões cerebrais, sofridas em um acidente de motocicleta naquele ano.

Cairns conduziu uma série de testes de impacto usando cabeças de cadáveres, e determinou que a melhor proteção para o cérebro é obtida com um forro que pode deformar para reduzir a desaceleração do crânio, junto com uma casca dura, mas quebradiça (a casca de linho envernizada, por exemplo), que por si só absorveria a energia por fratura.

Muitos poucos capacetes, se é que algum, foram certificados para isso e nenhum foi para as lojas. Como não havia um padrão comumente usado, não havia como o consumidor descobrir quais capacetes eram mais protetores.

Foi então que, em 1974, a Washington Area Bicyclist Association (WABA) desistiu de encontrar informações sobre a proteção relativa das marcas de capacetes e formou um ‘Comitê de Capacetes’ para coletar dados de testes de corrida. A WABA adquiriu capacetes de várias fontes e iniciou uma série de testes de pilotagem.

Naquela época, descobriu que os capacetes no mercado, em sua maioria, tinham algum tipo de concha com forro de espuma mole. Nenhum tinha espuma EPS amassável até que a Bell Biker e o capacete da Mountain Safety Research chegaram ao mercado em meados da década de 1970.

Como o nome sugere, esse tipo de capacete é projetado para uso nas montanhas. Os eventos nas montanhas são sempre mais difíceis e exigentes, e isso sempre estará presente nos requisitos para o capacete. Foi aí que os modelos de capacetes para montanhismo surgiram.

O primeiro e mais importante é perceber que os acontecimentos na montanha significam uma estadia mais longa num terreno de escalada. Em outras palavras, não podemos deixar as montanhas em um minuto, não é possível encerrar o evento quando ele não for mais adequado para nós. Mesmo se decidirmos deixar as montanhas, vai demorar um pouco.

A descida nas montanhas nem sempre é fácil e o tempo total de saída do terreno montanhoso pode demorar várias horas. Agora use a imaginação: se você vai cair ou for atingido por uma pedra, o capacete danificará parcialmente, mas a sua cabeça não.

A importância do uso do capacete

O capacete é um dos mais importantes equipamentos de proteção em acessórios para escaladores. Ele protege ferimentos na cabeça muito desagradáveis, ​​que são sempre potencialmente perigosos. A cabeça contém o cérebro, órgão central do sistema nervoso, e seu menor ferimento pode ter consequências graves.

Muitas são as situações em que o escalador fica durante seu evento ameaçado com o golpe na cabeça. Pode haver risco de queda em terreno rochoso acidentado, onde o escalador perde a capacidade de controlar a posição de seu corpo e, como consequência de sua queda, pode ser lançado contra a rocha. Em segundo lugar, existe o perigo de objetos caindo de cima, o que é especialmente desagradável, porque é algo que o escalador geralmente não pode prever, não espera e não pode proteger ativamente.

Na maioria das vezes são pedras caindo, mas também há casos conhecidos, onde os escaladores foram atingidos por alguma peça do equipamento de outro escalador, ou, nas rochas com grande número de visitantes, ainda por outro escalador. Sim, até isso é possível.

Na escalada é necessário o uso de capacetes projetados especificamente para essa modalidade. Seus parâmetros definem a norma EN 12492 (Helmets for mountaineers). Quaisquer outros capacetes, por exemplo, destinados a ciclismo, canoagem, motociclismo, etc., são inadequados e não atendem aos requisitos de segurança.

O capacete de escalada consiste em várias partes. Primeiro, é a forte concha do capacete, que protege a parte superior da cabeça. A concha serve como escudo externo que desviará a força que atua no capacete. Dentro da concha há um acolchoamento projetado para absorver a força externa, mas seu formato também fornece um encaixe confortável do capacete na cabeça.

Certos tipos de capacetes têm como parte da faixa acolchoada, que circunda a cabeça, e o capacete fica em grande parte sobre ela. O tamanho da cabeça é diferente para cada pessoa; portanto, o sistema de ajuste do tamanho do capacete deve ser uma parte necessária do capacete. O capacete é preso à cabeça por uma tira de queixo que se conecta à fivela.

Uma vez que ocorre muita transpiração durante o movimento, o capacete está equipado com orifícios de ventilação para evitar o amortecimento dentro do capacete. À noite, no escuro de áreas subterrâneas ou rachaduras de gelo temos que usar headlamp, e para prendê-lo ao capacete é necessário ter um capacete com sistema de fixação do headlamp. Portanto, o sistema de ajuste do tamanho do capacete deve ser uma parte necessária do capacete.

Os capacetes de montanha devem ser de tal construção para resistir a vários impactos consecutivos, de modo que o dano a um ponto do encaixe do sistema de suspensão não os tire todos da ação. O outro lado do design de um capacete de montanha mais durável é seu peso. Mas é um peso aceitável: geralmente pesa aproximadamente 300 a 400 gramas.

Outra parte essencial do capacete de montanha é o sistema de ajuste de tamanho para permitir o aumento adequado para o uso de chapéus de inverno. Nas montanhas pode fazer frio mesmo no verão, por isso temos de conseguir colocar o capacete na cabeça mesmo quando usamos chapéus de inverno elásticos e justos. Temos que testar o ajuste do capacete em um chapéu antes do evento.

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