A face norte do Eiger – Por que esta escalada é mítica?

Localizada na Suíça e com 3.970 metros acima do nível do mar, o Eiger é uma das montanhas mais icônicas para o alpinismo mundial. A montanha foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2001. A primeira ascensão a esta montanha foi feita em 1848 pelo irlandês Charles Barrington, que chegou ao topo com a ajuda dos guias de montanha Christian Almer e Peter Bohren.

Entretanto a sua face norte, um paredão vertical de mais de 1.800 metros de rocha é que assombra todos os escaladores do mundo até hoje. A primeira ascensão pela face norte somente foi realizada em 1938, por uma equipe formada por dois alemães e dois austríacos: Anderl Heckmair, Fritz Kasparek, Heinrich Harrer e Ludwig “Wiggerl” Vörg. A dificuldade de subir a face norte do Eiger pode ser percebida, pelo tempo que levou para acontecer uma segunda ascensão. Somente oito anos depois, em 1947, é que ocorreu a segunda ascensão da face norte por Lionel Terray e Louis Lachenal.

A primeira ascensão da Face Norte do Eiger, também paz parte da história da fabricante de equipamentos alemã Deuter. O Anderl Heckmair, que liderou a equipe na escalada, utilizava uma mochila Deuter. Reinhold Messner comentou que a rota de Heckmair não é apenas uma das maiores escaladas de todos os tempos, mas” uma obra de arte”.

Como consequência da conquista da face norte do Eiger, Harrer, Heckmair, Vörg e Kasparek foram considerados celebridades da época. Vörg foi morto na frente russa em 1941 durante a segunda guerra mundial. Kasparek morreu numa greta no Peru em 1954. Anderl Heckmair morreu aos 98 anos em 2005. Heinrich Harrer morreu em 2006, aos 93 anos de idade, e foi imortalizado por Brad Pitt no filme “Sete Anos no Tibet”.

O Eiger é mencionado em registros antigos que datam do século XIII, mas segundo os historiadores, não há evidências claras de como exatamente a montanha ganhou seu nome. A versão mais aceita é que das três montanhas da cordilheira são comumente referidas como a Virgem (Jungfrau), Monge (Mönch) e o Ogro (Eiger).

Assim como para os jogadores de futebol, ganhar uma copa do mundo coroa a carreira de qualquer um, escalar a face norte do Eiger representa a mesma importância. A face norte do Eiger, face norte do Matterhorn (ou Monte Cervino) e face norte das Grandes Jorasses (conjunto de seis cumes situados no Maciço do Monte Branco) são consideradas as faces mais difíceis dos Alpes para se escalar. Escalar as três faces é chamado de “A trilogia”. Marcos Costa é o único brasileiro a escalar a Face Norte do Eiger até hoje.

O nascimento do mito

As alpinistas que escalam do Eiger pela face norte têm de vencer obstáculos conhecidos por nomes como “Calça de Gelo”, “Bivaque Mortal”, “Saliência Quebradiça” e a “Travessia dos Deuses”, todos considerados mortais.

A primeira tentativa na face norte foi feita em 1934 por Willy Beck, Kurt Löwinger e Georg Löwinger. Entretanto, a escalada teve de ser abortada, e os montanhistas somente chegaram a 2.900 metros. No ano seguinte, uma nova tentativa foi feita pelos alemães Karl Mehringer e Max Sedlmeyer, que congelaram e morreram a 3.300 metros. O local ficou conhecido por “Bivaque Mortal”.

Um ano mais tarde, Andreas Hinterstoisser, Toni Kurz, Willy Angerer e Edi Rainer, morreram na tentativa da face norte. O filme “The Beckoning Silence”, narrado por Joe Simpson, aborda o drama desta escalada.

Um dos casos mais icônicos, e que contribuiu para o crescimento do mito a respeito desta escalada, foi de um montanhista italiano que morreu durante uma escalada e as equipes de resgate não conseguiam chegar ao corpo, que ficou por dois anos no local. O motivo alegado pelos resgatistas era de que o local era inacessível.

Até hoje, 65 pessoas já morreram na face norte da montanha enquanto tentavam a ascensão. A escalada pela face norte é mais tentada durante o inverno por uma questão de segurança, pois um grande problema é a queda de pedras. No inverno o gelo “segura” as rochas, tornando a escalada mais segura ou, pelo menos, menos perigosa.

Marcas

Por convenção, todas as ascensões rápidas na face norte do Eiger são feitas pela via aberta por Anderl Heckmair. Até o momento o recorde pertence ao escalador suíço Ueli Steck, com 2 horas e 22 minutos e 50.7 segundos.

A primeira mulher a escalar a face norte do Eiger foi a montanhista alemã Daisy Voog, que junto de Werner Bittner, chegou ao cume em 1964. Já a primeira cordada 100% feminina a escalar a face norte foi pelas montanhistas polonesas Wanda Rutkiewicz, Danuta Gellner-Wach e Stefania Egierszdorff.

Já a americana Sasha DiGiulian escalou em livre (free climb) a via “Magic Mushroom”, uma das mais difíceis da face norte.

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