Viagem internacional para montanhistas: Check list de itens essenciais para viajar

Para muitas pessoas poder viajar ao exterior do país é um privilégio. Por que um privilégio? Simples, porque não é todo mundo que pode e não é só uma questão de se organizar. É possível, claro, viajar ao exterior, mas não todo ano e não a todo momento. As viagens para a prática de montanhismo e escalada, não importando qual modalidade, é um privilégio maior ainda, pois está implícito que junto com o investimento da passagem, há custos maiores de deslocamento, aluguel de equipamentos (se necessário) e preparação técnica durante a antecipação da viagem.

Portanto, viajar deve ser encarado também como um investimento e que não pode ser perdido por causa de alguns detalhes. Não são poucas as pessoas que já presenciaram viajantes distraídos serem barrados já no aeroporto por causa de pequenos detalhes. Como assim? Detalhes como certificado de vacinação, visto de entrada, local de estadia, etc. Portanto, esse artigo é exatamente isso: uma espécie de check list para pessoas que já compraram a passagem e faltam só embarcar.

Certificado Internacional de Vacinação

O Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) é emitido gratuitamente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para tirar o seu CIVP, compareça a um dos centros de atendimento. No site da Anvisa existe um ferramenta que informa o local mais próximo de sua residência.

Mas por que necessito de um certificado de vacinação? Porque cada país vive uma realidade e possui uma política de saúde distinta da que você está acostumado. Se durante a sua viagem irá visitar zonas rurais (como lugares de trekking e escalada), florestais e outros lugares de contato com natureza a vacinação é mandatória.

De acordo com as regras internacionais a única vacina obrigatória é contra a febre amarela e, por isso, em alguns países a falta de comprovante de vacinação pode acarretar na proibição da entrada em alguns países. Portanto, quando for viajar leve o Certificado Internacional de Vacinação que recebeu no posto de saúde e sua carteira de identidade. Por que a identidade? Porque o número da identidade será incluso no CIVP. Caso seja necessário, leve também seu passaporte e peça que ele seja impresso também.

Por isso, se for viajar para países sul-americanos, verifique na agência de viagens onde comprou a passagem se existe a obrigatoriedade de Certificado Internacional de Vacinação. Uma boa prática, que ajuda a prevenir problemas na hora de viajar, é entrar em contato com a embaixada do país onde irá viajar para saber mais a respeito da exigência do Certificado Internacional de Vacinação. Mesmo que não seja exigido o visto de entrada, alguns países exigem a carteira de vacinação.

Para saber quais países exigem certificado de vacinação: https://blogdescalada.com

Visto de entrada

Se você nunca viajou para o exterior, irá deparar com a obrigatoriedade de documento chamado visto de entrada (em inglês Visa). O visto de entrada é um documento emitido por um país que te dá o direito ou a permissão de entrar em seu território. Esta permissão é válida por um determinado tempo e para uma determinada finalidade.

Existem vários tipos, portanto fique atento ao fato de que um tipo de visto de entrada é diferente do outro. Esta diferenciação acontece porque o viajante tem de especificar a finalidade da viagem, para conseguir a permissão no período correto e para a função certa. O visto é emitido pela embaixada ou consulado do país que for visitar. Geralmente, por padrão, o documento de visto de entrada é anexado no passaporte.

Para viajar para o exterior, mesmo que seja Mercosul, sempre use o passaporte. Por isso verifique a sua validade e se ela expira quando for viajar. Tenha em mente que terá sempre de carregar o passaporte por onde for quando estiver no exterior. O motivo? Ele é o documento que prova que “você é você” e que possui autorização para estar naquele país.

Para a prática de montanhismo e escalada, em grande parte do mundo, não é necessário um visto de entrada especial. O visto de entrada de turista comum é o suficiente pois praticar montanhismo e escalada é uma espécie de turismo. Porém, quem determina isso é o país de destino, por isso que é imprescindível entrar em contato com o Consulado ou Embaixada para se informar sobre o tipo de visto de entrada que necessita para praticar a sua atividade.

Mas fique atento a um detalhe: alguns lugares são muito criteriosos para fornecer o visto de entrada. Caso a embaixada negue a concessão do visto, é necessário fazer um novo pedido com uma documentação mais completa possível que prove todos os pontos questionados pela embaixada. Por isso reserve pelo menos um mês entre os trâmites de visto e sua viagem, para evitar aborrecimentos.

Não é incomum casos de pessoas que tiveram o visto de entrada negado e acabaram cancelando toda a viagem. Portanto, verifique a necessidade de visto de entrada para onde for praticar a sua atividade de montanha.

Despacho de Bagagem

Desde 2017, as companhias aéreas criaram regras para o despacho de bagagem tudo parece ter ficado mais complicado. Depois da resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a qual permitiu que as empresas aéreas vendessem passagem com preços diferentes usando como regra a quantidade de bagagem. Desde então, sem custo extra, só é permitido uma bagagem de mão com até 10 kg. Lembrando que nesta bagagem de mão são proibidos muitos itens.

Porém, estas regras são para voos domésticos. O que são voos domésticos? São voos destinados a ligar duas cidades de um mesmo país. Portanto, uma viagem para qualquer país sul-americano (fazendo ele parte do Mercosul ou não) é uma viagem internacional e, felizmente, as regras de bagagens são menos complicadas.

As companhias aéreas permitem uma peça até 23 kg de bagagens despachadas. Ainda existem companhias que ainda utilizam o peso de 32 kg, mas é cada vez mais raro. Os valores aumentam à medida que o preço da passagem aumenta (classe executiva e luxo). Os valores da franquia mudam de acordo com a Companhia Aérea e o destino. Por exemplo, a Aerolíneas Argentinas, em voos do Brasil para toda a América do Sul, cobra uma franquia de apenas uma mochila de 23 kg na classe econômica (mas permite duas de 23 kg na classe Club Economy), mas para para os EUA, México e República Dominicana, permite duas peças de 23 kg.

Mas o que isso significa para o montanhista? Significa que terá de ponderar, e muito, na escolha do equipamento despachado. Pois uma mochila acima de 23 kg fará com que pague por excesso de bagagem. Na hipótese de que viaje para uma escalada: sua mochila de 60 litros (que já pesa 3,2 kg), levando uma corda de 60 metros de 9.8 mm (3,4 kg), 10 costuras (600 gramas), 10 mosquetões de trava HMS (600 gramas), ATC (50 gramas) e grigri (170 gramas), sapatilha de escalada (450 gramas), bloco de magnésio (56 gramas) duas fitas tubulares (30 gramas) e seu equipamento de camping.

Considere seu equipamento de camping: barraca (2 kg), fogareiro (360 gramas), panelas de camping (730 gramas), saco de dormir 0° (1,380 kg) e isolante térmico (390 gramas). Sua roupa deve ser levada como bagagem de mão.

Quanto ficou de bagagem com tudo isso? 3,2 + 3,4 +0,6 +0,6 + 0,05 + 0,170 + 0,45 + 0,056 + 0,03 + 2 + 0,360 + 0,730 + 1,380 + 0,390 = 13,416 kg. Observe que ainda há uma margem para carregar mais equipamentos, mas que deve ser muito cuidadosa.

Observe que nesta bagagem fictícia, com pesos aproximados, não foi incluído nem chinelos, roupas, livros, etc, que podem embarcar como bagagem de mão, mas às vezes não é possível e, por este detalhe, é que é necessário administrar muito bem os pesos. Lembrando que a bagagem de mão é de no máximo 10 kg. Atualmente não há pesagem para bagagem de mão, mas pode ser que justo na sua vez começará esta verificação. Por isso, não abuse da sorte.

Para saber o que pode ser levado na bagagem de mão: https://blogdescalada.com

Adaptador universal de tomada padrão

Aqui vai uma notícia meio desagradável para você: os adaptadores de energia elétrica (isso mesmo, as tomadas), mudam de um país para outro. Pior ainda: você somente vai descobrir isso no momento que mais precisar, no prior momento, no pior lugar e na pior situação. Sim, porque é necessário levar em conta que irá precisar de carregar itens como headlamp, smartphone, tablet, notebook, entre outros eletrônicos.

Viajar ao exterior é também aprender porque é importante ter seguir certos padrões da indústria. No Brasil, mais exatamente no início do século XXI, o então presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Armando Mariante Carvalho Junior, estabeleceu por meio de portaria que o modelo de tomada que existia em solo brasileiro precisava ser trocado. A população teve de gastar ao menos R$ 1,4 bilhão para a troca de tomadas em mais de 60 milhões de residências em todo o Brasil.

Esta decisão fez também com que todos turistas que visitassem o Brasil necessitassem de um adaptador. Consequentemente, todo brasileiro que visitar um país no exterior, também necessita de um adaptador. O principal argumento favorável à tomada de três pinos, à época, era a segurança. Ironicamente em um mercado que movimenta R$ 24 bilhões por ano a segurança das redes elétricas não aumentou.

Por este motivo que que qualquer pessoa que faça uma viagem internacional necessita de um “Adaptador Universal De Tomada Padrão Internacional” para o local que irá visitar. Em locais como lojas de eletrônicos, é facilmente encontrado e por um preço bem razoável. Normalmente o preço varia de R$ 7,00 a R$ 55,00. Porém, também são vendidos em aeroportos, só que com preços muito mais caro que o razoável.

Idioma

Talvez a principal barreira e temor de alguém que viaja para fora do país de origem é não conhecer o idioma de origem. Não saber um idioma quando está em outro país é uma situação desconfortável. Por isso que o mais indicado é que procure saber o básico da língua local.

Saber inglês até ajuda, mas depende muito da localidade. Ir à Europa, por exemplo, o inglês é relativamente dominado por todos os cantos (apesar de muitos terem má vontade de praticá-lo). Já em locais como América Latina, saber inglês não ajuda muito.

Qual a melhor solução? Procurar saber palavras-chaves, decorá-las e sempre manter-se calmo quando não entender algo. Existe algum aplicativo que pode ajudá-lo? Sim, existe. O mais usado é o Google Tradutor (Google Translator). Um outro bastante prático é o ” Tradutor de Viagem”, o qual traduz palavras e frases do português para 32 línguas diferentes.

Já o “Lexifone” é para quem sequer quer arriscar a uma pronúncia errada. Basta falar algo que o aplicativo, entende o significado da voz, e a traduz nas palavras da língua desejada (utilizando a sua voz). O “Verbalizeit” é outro aplicativo que facilita a vida do viajante, pois traduz conversas complexas, com termos técnicos e específicos de certas áreas. Entretanto, o “Verbalizeit” é pago.

Para locomover-se, o “Wordlens” facilita a sua vida. Basta apontar a câmera do smartphone para o que precisa ser traduzido e tirar uma foto. Depois selecione o idioma para o qual as palavras devem ir e o aplicativo mostrará a mesma imagem, mas com a frase escrita na língua escolhida.

Mas para quem é montanhista vale uma observação: todos estes aplicativos funcionam com sinal 4G. Se o local que irá visitar não possui cobertura, pode ser que tenha de se virar sozinho.

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