Livro da semana: “Viagem do Beagle” – Charles Darwin

Algumas teorias desenvolvidas durante o período da revolução industrial (1760 a 1840), ainda são relevantes e impactam o nosso dia a dia. Sem dúvida nenhuma, a Revolução Industrial é um divisor de águas na história da humanidade (para o bem e para o mal) e quase todos os aspectos da vida cotidiana da época foram influenciados de alguma forma por esse processo.

Nesta época um britânico com o nome de Charles Robert Darwin, o qual era naturalista, geólogo e biólogo, desenvolveu uma teoria que faria arrepiar os religiosos. Darwin desenvolveu à época a “teoria da evolução das espécies”, a qual foi publicada no livro “A Origem das Espécies”.

No livro a teoria jogou por terra a tese de que a vida precisou de intervenção divina para existir. A partir de então, todo fanático religioso tem ojeriza desta teoria e consequentemente passou a condenar várias correntes da ciência, combatendo ferozmente várias outras teorias científicas. Se a teoria de evolução de Darwin é verdadeira ou não, é interessante abordarem um artigo em separado. Entretanto, quando se deparar com alguma acusação de que a teoria de Darwin “é uma farsa”, é forte indício de negação feroz do pensamento científico e exaltação excessiva e cega de conceitos religiosos.

A preocupação dos que querem negar a teoria evolutiva de Darwin tinha a ver, pelo menos em parte, com a questão da autoridade da Bíblia. Basta dizer que as perguntas levantadas por Darwin em sua teoria, variaram bastante ao longo dos últimos 150 anos mas mantiveram mais ou menos a mesma linha.

Sem querer discutir ciência e evolução, lembremos que o livro e as conclusões de Charles Darwin aconteceram durante uma viagem que durou vários anos. No ano de 1831, o capitão Robert FitzRoy convidou um cientista para acompanhá-lo em uma viagem, que tinha o objetivo de fazer um levantamento dos recursos e da cartografia das costas mais ao sul da América do Sul. O cientista John Stevens Henslow, um botânico e geólogo britânico, foi convidado.

Henslow não aceitou o convite e então a oportunidade caiu no colo de outro cientista: Charles Robert Darwin. A viagem foi feita à bordo do navio H.M.S. Beagle. Toda a jornada foi eternizada por Charles Darwin no livro “Viagem do Beagle” (publicado originalmente como “Diário e Anotações”). Embora a expedição tenha sido originalmente planejada para durar um ano, durou quase cinco anos. Darwin gastou a maior parte do seu tempo explorando em terra, coletando material da flora e da fauna, pouco conhecidas pelos europeus daquela época.

O livro é um excitante relato das memórias da viagem e também um detalhado diário científico que cobre áreas da biologia, geologia, e antropologia. Na obra é possível constatar a capacidade acima da média que possuía Darwin de observar as coisas ao seu redor. Escrito em um período que europeus ocidentais ainda estavam descobrindo, e explorando, o resto do mundo, é possível observar o deslumbramento com paisagens e aspectos naturais por parte do cientista.

Embora Darwin tenha revisitado alguns lugares durante a expedição, os capítulos do livro estão ordenados por referências a lugares e locações, ao invés de uma organização cronológica. Darwin iria posteriormente utilizar várias das ideias que são indicadas no livro, para o desenvolvimento da Teoria da Evolução. O livro de Darwin deve ser enxergado também como uma espécie de diário de um mochileiro, pois o cientista estava com o propósito puro e simples de observar, e não somente de trabalhar ou realizar operações militares.

No livro relatos de viagem por lugares como Fernando de Noronha, Bahia e Rio de Janeiro, no Brasil, Montevidéu, no Uruguai, Patagônia, Terra do Fogo e Ilhas Malvinas, na Argentina. Inegavelmente é um retrato até certo ponto independente, menos afetado por religiosidade ou aristocracia, e que demonstra que pouco se explorou no continente sul-americano desde a descoberta de Cristóvão Colombo em 1492.

Para quem quer descobrir (ou redescobrir) a paixão por ciência, exploração e, principalmente, a importância do conhecimento cientifico, “Viagem do Beagle” deve ser seu livro de cabeceira.

Ficha técnica

  • Título: A Viagem do Beagle
  • Autor: Charles Darwin
  • Edição:
  • Ano: 2019
  • Número de páginas: 433
  • Editora: Relógio D’agua

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