Treinamento de escalada Prêt-à-porter – Aquele que ele melhora… mas você não

Nota do editor: A expressão prêt-à-porter significa “pronto a vestir” e foi criada depois do fim da Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra, no auge da democratização da moda, surgiu o prêt-à-porter, libertando as confecções da imagem ruim e ampliando o campo de ação diante da decadência da alta-costura. Vem do francês ‘prêt’ (PRONTO) e a-porter (PARA LEVAR)… Portanto, prêt-a-porter, em termos de moda, quer dizer pronto para levar, vestir e usar. Também se refere à produções em série, para baratear o produto e, desta maneira, comprar, levar e usar…

Você já deve ter visto a seguinte situação: Sebastián e Esteban (dois escaladores fictícios) no muro de escalada:

  • “Hoje vamos fazer as barras de XX (nome de um treinador)”
  • Um mês depois: “Hoje vamos fazer campus como YY (nome do escalador que ganhou uma competição esta semana)
  • Quinze dias depois: “Hoje faremos circuitos com TRX como ZZ (O ultimo vídeo de Instagram do escalador que encadenou um 10c)”

E assim segue a história da dupla de escaladores fictícios que, por um motivo que ambos não conseguem explicar, não conseguiram nem encadenar um 6sup.

Estes dois escaladores fizeram o que se escuta largamente em academias. Atitude que deveria acabar, pois estas práticas insanas, mantidas pelo grosso dos escaladores latino-americanos que enquanto dançam e bailam nos sextos, os europeus e norte-americanos se aquecem nos oitavos e nonos.

Já adianto que quando estava escalando em Rodellar, me matando em um 8c Br, e passou do meu lado um senhor com, no mínimo, 50 anos de idade escalando um 9c meditei sobre o assunto. Isso tudo enquanto lutava para entalar meu joelho em um buraco. Naquele instante quando vi seu cabelo grisalho segurando em um abaulado cheio de magnésio, ele me olhou e seguiu em frente, como se isso que fazia não fosse nada de anormal.

Agora, aqui vai uma pergunta: Por que eles (europeus e norte-americanos) conseguem, mas nós (sul-americanos) não?

Talvez a resposta esteja no fato de que assumem com responsabilidade, e dignidade, o que desde então não queremos aceitar: que e o treinamento planejado, aliado a uma boa nutrição, da resultados. Mas, infelizmente, pelas academias da América do Sul, ainda se escuta que estas pessoas dizendo que os escaladores de elite não treinam e simplesmente escalam nos das de semana, além de fazerem yoga (leia artigo que contesta o yoga como complemento para a escalada).

Há ainda as pessoas acreditam que estes mesmos escaladores de elite seguem comendo qualquer coisa, sempre exalando no suor a cerveja bebida no dia anterior. Por outro lado estes mesmos “guerreiros de fim de semana” seguem mudando os métodos de treinamento toda semana.

Pois bem para estes filósofos com complexo de vira-latas é que elaborei este artigo, já que dois dos princípios científicos do treinamento são: Adaptação e Princípio de Carga Contínua. Pois como Vladimir Nikolaevich Platonov, corroborado por Davis Merchante Domingo em afirmação semelhante, afirma é:

“O altíssimo nível adaptativo dos sistemas funcionais do organismo que se manifestam como resposta aos estimulantes duradouros, intensivos e diversos podem ser observados a somente se estão presentes em duras cargas dirigidas a seu treinamento”.

Da mesma maneira o mestre Jürgen Weineck nos disse:

“As cargas contínuas (no sentido de uma série regular de treinamentos) produzem um incremento contínuo da capacidade de rendimento esportivo, até alcançar o limite de rendimento individual, determinado geneticamente. Não obstante, se for interrompido a continuidade do treinamento (por lesões, treinamento irregular, intervalos de descanso excessivos entre as diferentes sessões, etc) produzirá uma perda da capacidade de rendimento”.

Portanto, a partir da visão de 2 pessoas com alto conhecimento em ciências do esporte, que avaliam a continuidade de um exercício dentro de um plano, são a chave para o êxito. Então porque variar de exercícios somente porque é a moda ou para seguir a motivação do dia. Lembrando que quando a motivação baixa, ou até mesmo acaba, é a sua fora de vontade que na realidade o fará seguir em frente e progredir.

Dito isso, na escalada por quanto tempo consegue seguir em um exercício? A resposta é bastante simples e depende de que tipo de exercício faz e o quão transparente é para você seu objetivo.

Por exemplo: Correr é um exercício parte da preparação física geral, pelo qual deve considerar qual é a sua prioridade. Se faz trotes duas vezes na semana por 30 minutos é relativamente suficiente para manter a forma. Mas se quer aumentar os quilômetros corridos, para otimizar o tempo, poderia (atenção: disse poderia, pois tem de lembrar que o corpo assimila diferentes cargas de treinamento) afetar negativamente seu rendimento na escalada. Por isso pergunte-se o que quer mais: correr 10 km ou encadenar algum projeto neste fim de semana. Da mesma maneira se está fazendo barras, as quais é um exercício um pouco mais especifico e transferível para a escalada, o raciocínio permanece o mesmo.

Dependendo de suas metas (tipo de via ou projeto) pode variar algum componente de carga (intensidade, volume, frequência e densidade) antes de passar a realizar qualquer outro exercício, pois em minha opinião é importante que assuma seu plano desde esta perspectiva. Desta maneira pode fazer planos de treinamento e funcionais que lhe permitirão levar um registro de seu progresso.

Bibliografia

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Tradução autorizada de: http://rocanbolt.com

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