Transmissão de streaming provoca polêmica por machismo na escalada

Durante o streaming da etapa da Copa do Mundo de Boulder em Innsbruck, Áustria, um cinegrafista filmou as nádegas de Johanna Färber por vários segundos em um close-up e em câmera lenta mostrando a marca de uma mão de magnésio nas costas das calças. A cena foi durante a transmissão ao vivo, produzida pela a televisão pública austríaca ORF, e a própria atleta, quando viu a cena posteriormente, ficou chocada.

Quem assistia à transmissão imediatamente começou a fazer reclamações no chat. Apesar de tudo, a ORF incluiu essa mesma tomada no resumo da prova. Como resultado, mais comentários negativos foram feitos.

Transmissão não foi feita para o Brasil

As empresas que detém os direitos de transmissão da escalada para a América Latina não se interessaram em reservar um horário para a transmissão. Nem mesmo em um video tape.

O entrave com relação à liberação do streaming no YouTube passa pela maneira pouco preocupada que a Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC) possui com a América do Sul e a visão do Olympic Channel possui de suas transmissões. Em termos televisivos, as Olimpíadas terá transmissão de três canais no Brasil: Rede Globo, SporTV e BandSports.

Historicamente, as transmissões das etapas da Copa do Mundo de Escalada Esportiva sempre foram feita gratuitamente por streaming no canal de YouTube da Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC). Desde que a empresa se associou ao Olympic Channel para negociar os direitos de transmissões, países e continentes de pouca expressão no esporte ficaram preteridos da transmissão.

A Revista Blog de Escalada entrou em contato com as redes de TV à cabo para obter uma explicação sobre a recusa de colocar o esporte na grade de transmissões. As emissoras responderam que por causa da baixa audiência e ausência de atletas se destacando na modalidade, não compensaria reservar um espaço na grade de programação.

Por conta de divergências jurídicas, é comum que alguns streamings estejam bloqueados em determinados países. Uma VPN pode contornar esse tipo de proibição porque, ao se conectar a um servidor remoto de um país, como EUA, o endereço IP transmitido ao provedor de internet estará hospedado nos EUA

Emissora austríaca pede desculpas

Após as imagens aparecem ao vivo, e posteriormente nos melhores momentos, uma grande polêmica se instalou. Não ficou restrito somente ao chat do YouTube, mas se alastrou para outras mídias sociais.

A própria Johanna Färber, de 23 anos, se manifestou publicamente e de “desrespeitoso e perturbador” no seu Instagram. Färber afirmou: “Sou uma atleta e estou aqui para mostrar o meu melhor desempenho. Para ser honesta, realmente me sinto muito envergonhada em saber que milhares de pessoas viram isso. Precisamos parar de sexualizar as mulheres nos esportes e começar a valorizar seu desempenho”.

O diretor da ORF, Michael Kögler, pediu desculpas a Johanna Färber e à comunidade de escalada pelo incidente durante a transmissão ao vivo da Copa do Mundo de Boulder em Innsbruck. Houve grande indignação na comunidade de escalada com mensagens do tipo “É necessário um pedido de desculpas com urgência”, “terrível que o narrador e comentarista não tenham reagido”, após o pedido de desculpas da ORF.

No mesmo dia, a transmissão ao vivo publicada no YouTube foi removida e carregada novamente em uma versão reduzida. A Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC) publicou o seguinte pedido de desculpas no Twitter:

“Nossas desculpas vão para a Sra. Johanna Färber, a Federação Internacional de Escalada Esportiva, Escalada na Áustria e todos aqueles que sentiram preocupação e desconforto por nossas ações.”

Mais tarde, Färber postou uma mensagem em seu Instagram descrevendo o incidente como “desrespeitoso e perturbador”.

Captura de tela Instagram Johanna Färber

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