Na escalada falar de pesos é um tabu. Por isso muitos escaladores às escondidas fazem dietas, muitas vezes malucas e baseadas em conhecimento empírico, priorizando somente ficar mais leve. Pois para quem não tem conhecimento científico, pensa na lógica simplista de que “quanto mais músculo, mais peso é criado”. Esta lógica simplista esquece algo importante, que é: sem músculos, não há força para puxar um peso.
Este dilema filosófico no melhor estilo de “quem veio primeiro, o ovo ou a galinha” é uma pergunta constante na cabeça de qualquer escalador. Quanto trata-se de escalada, a nutrição esportiva parece um assunto complicado.
Porém, o ideal é tentar chegar a um equilíbrio entre perda de peso e aquisição de força e resistência. Basta observar o biótipo dos escaladores que estão se destacando nas competições de escalada. Muitos já abandonaram o visual raquítico que era o idealizado há uns 10 anos atrás. Isso porque estes atuais campeões entenderam que devem privilegiar antes de força e peso, a técnica. O que é um outro assunto e sequer ligado à nutrição.
Antes de planejar balancear peso e força, procure encontrar um técnico que saiba sobre conceitos modernos de treinamento e, claro, prioritariamente formado em educação física. Alguém que alardeia saber estes conceitos, mas ainda enxerga a escalada como há 10 ou 15 anos, muito provavelmente não irá ajudar muito. Vários conceitos de esporte e preparação esportiva mudaram na escalada neste tempo. Provavelmente daqui a mais 10 ou 15 anos, mudará mais ainda, pois a escalada é um esporte em evolução.
Força ou peso?
O primeiro passo é perguntar a si mesmo se realmente precisa emagrecer. O segundo passo é saber dois índices básicos: IMC e porcentagem de gordura. De posse destes dois números é que um profissional de nutrição irá estudar a melhor abordagem de uma possível perda de peso.
É claro que você também deve se certificar de que está alcançando o equilíbrio correto de nutrientes, e não afetando negativamente sua saúde com um distúrbio alimentar, mas esse é outro assunto.
Consultando vários nutricionistas, todos responderam que o melhor é ganhar força. Perder muito peso, especialmente sem acompanhamento científico, faz com que o escalador fique leve. Porém o custo de ficar com o peso leve, pode ser justamente a diminuição da massa muscular, que em outras palavras é a sua força.
Porém, grande parte dos nutricionistas que atendem atletas, afirmaram que o mais interessante é ter um planejamento de treinamentos, para ser acompanhado junto de uma dieta que conduza a um objetivo comum. Visando recuperação, nutrição e, claro, performance.
Mas qual seria a resposta à pergunta do título do artigo?
O mais correto seria os dois. Para quem deseja ganhos reais, deve ser planejado dentro dos macrociclos, mesociclos e microciclos. Atletas de destaque são aqueles que se planejam e é exatamente isso que a preparação física significa.
Para quem está acostumado a seguir sempre o esquema “bumba meu boi”, resta apenas desejar boa sorte.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.