Temporada de escaladas ao K2 termina com 7 ascensões sem oxigênio suplementar – Apenas um brasileiro realizou façanha

A temporada de ascensões ao K2 (8.611 m) começou duvidosa em termo de realizações, piorou por algumas semanas (quando cogitou-se que ninguém subiria), mas terminou com finais felizes para montanhistas, turistas e agências de montanhismo. Especialmente para quem ficou e contou com a ajuda crucial de Nirmal “Nims” Purja .

Graças a uma onda incomum de bom tempo, mais de 30 pessoas fizeram o cume, incluindo pelo menos sete não usando oxigênio suplementar. Apesar do total impressionante de cumes, esta é uma taxa de sucesso de cerca de 30%, dado que pelo menos 100 escaladores tinham autorizações para subir a montanha no verão de 2019. Historicamente o montante de 30 cumes é a média atual para o K2.

Até o momento, que não houve mortes no K2 nesta temporada.

Os últimos 10 anos

Nos últimos 10 anos, a exploração do K2 fez com que os números de cumes na montanha mudassem muito e, por isso, estatisticamente deixasse a montanha sem a famosa fama de “mortal”.

Por sempre haver números que ainda são muito discrepantes, o K2 hoje pode ser considerado “temperamental”. Nos últimos 10 anos as estatísticas foram

  • 2009 – Sem cumes
  • 2010 – Sem cumes
  • 2011 – 4 cumes pela face norte (grupo de Gerlinde Kaltenbrunner)
  • 2012 – 30 cumes com recorde de 28 pessoas no cume em um só dia
  • 2013 – Sem cumes
  • 2014 – 51 cumes (recorde absoluto em um ano)
  • 2015 – Sem cumes
  • 2016 – Sem cumes
  • 2017 – Sem cumes (uma só expedição)
  • 2018 – 62 cumes (recorde absoluto em um ano, com recorde de 32 pessoas no cume em um só dia)

Brasileiro é um dos destaques de 2019

 

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Nirmal Purja foi o grande nome da temporada ao escalar com seu time Sherpa, incluindo dois da agência Seven Summits Treks. Faziam parte do time Lakpa Dendi Sherpa, Lakpa Temba Sherpa, Nirmal Purja, Chhangba Sherpa e Gesman Tamang. No dia seguinte, 19 montanhistas aproveitaram o caminho aberto por Purja e as cordas fixas para os clientes da Seven Summits Treks e chegaram no cume.

Com boa visibilidade, o dono do Alpenglow, Adrian Ballinger, e a alpinista equatoriana Carla Perez seguiram Nims e a equipe, sem usar oxigênio suplementar. Dos montanhistas que subiram o K2 nesta temporada, somente a alemã Anja Blacha (que também subiu o Broad Peak algumas semanas antes), o austríaco Hans Wenzl, o brasileiro Moeses Fiamoncini e o norte-americano David Roeske, o britânico Adrian Ballinger e a equatoriana Carla Perez subiram sem usar oxigênio suplementar.

Desta maneira, o brasileiro Moeses Fiamoncini, natural do estado de Santa Catarina, foi o grande destaque da temporada do K2 e de toda a temporada de montanhismo no Himalaia em 2019. O catarinense também escalou o Nanga Parbat (8.125 m), tornando-se também o primeiro brasileiro a escalar a montanha. Fiamoncini também escalou o Monte Everest (8.848 m), tornando-se o primeiro brasileiro a fazer três montanhas de 8.000 em uma só temporada.

O fim do estilo alpino?

 

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O estilo alpino se refere a forma como você pretende chegar ao cume da montanha. Neste estilo, você carrega tudo que precisa, sem uso de cordas fixas, da base até o topo sem ajuda. É o oposto do estilo excursionista, onde você pode utilizar carregadores, ou então em partes, subindo e voltando até buscar todo o necessário.

Portanto, usar acampamentos montados por agências, cordas e oxigênio suplementar, não é o estilo alpino. Há, portanto (e discutido em um artigo sobre montanhismo e esporte) o mérito pessoal de chegar à montanha, mas não o esportivo.

 

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As conquistas de Nirmal Purja, que se desloca de helicóptero de um campo base a outro, além de utilizar tanque de oxigênio suplementar, coloca em xeque a questão do estilo alpino e em como ele deve ser repensado, ou reforçado, no momento de enaltecer conquistas.

A discussão ainda irá render muitas polêmicas, porém o pensamento de um twitter que viralizou na semana passada, reproduzido abaixo, demonstra a necessidade de reflexão a respeito do assunto.

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