Mulheres viajantes e escritoras: Quais foram as pioneiras em viajar sozinhas no mundo?

O Ministério do Turismo realizou uma pesquisa no ano de 2016 (e publicado em 2017), que apurou que 18% das mulheres brasileiras preferem viajar sozinhas. O índice é superior ao dos homens que desejam viajar sozinhos, que ficou em 12%.

Hoje em dia é muito mais fácil cruzar com mulheres que viajam sozinhas pelo Brasil e pelo mundo. Mas nem sempre foi assim. Ao longo da história, as mulheres tiveram de quebrar barreiras e preconceitos para realizar diversas atividades. Entre elas, o de viajar sozinha.

Não somente de viajar, mas também de escrever. Escritoras tiveram de usar pseudônimos masculinos para terem suas obras publicadas no século XIX. Você já se perguntou quais foram as mulheres que se aventuraram nas atividades de viagem e relatar suas atividades em livro?

Egéria

Fosse necessário traduzir para o linguajar atual, Egéria foi a primeira blogueira de viagens da história. Ela escreveu um livro da viagem que realizou ao Oriente Próximo de 381 a 384 d.C.. Sua obra é considerada a primeira escritora hispânica em língua latina.

A viajante embarcou da Galiza para o Oriente em uma viagem que durou três anos. Apesar das escassas notícias biográficas, não é difícil intuir que era é uma mulher especial. Egéria se distinguia por sua coragem e independência, por seu conhecimento e pela sede de saber.

Sua obra, conhecida como Itinerário de Egéria (Itinerarium Egeriae), foi descoberto de maneira incompleta. Do que foi descoberto, falta a primeira parte, com o título, e a última. O manuscrito foi encontrado no final dos anos 800 d.C., contando detalhadamente a viagem pela rede de estradas das legiões romanas.

Seu trabalho representa a primeira escrita de viagens pensada inteiramente no feminino e é considerada uma obra chave para conhecer o latim vulgar que se falava na época.

Margery Kempe

Margery Kempe visitou os principais lugares sagrados do cristianismo, assumindo o papel de uma peregrina aventureira. Mãe de treze filhos, decide partir após uma visão que teve e a incentivou a abandonar as vaidades do mundo.

Dessa maneira, Kempe tornou-se então casta começou a viver uma vida de devoção a Deus. O relato de suas viagens constitui uma parte importante de seu livro: O livro de Margery Kempe, escrito aproximadamente em 1436.

A obra é considerada pelos estudiosos como a primeira autobiografia escrita em inglês. O manuscrito completo permaneceu desconhecido até 1934 embora algumas poucas páginas de extratos tenham circulado desde que foi escrito.

Seu livro narra sua vida doméstica, suas extensas peregrinações a locais sagrados na Europa e na Terra Santa, além de suas conversas místicas com Deus.

Isabel Barreto

Isabel Barreto foi uma navegadora do século XVI. É considerada a primeira almirante da história espanhola. Na época decide acompanhar o marido, Álvaro de Mendaña, em sua segunda viagem às Ilhas Salomão.

Mendaña de Neira veio a falecer de malária nesta viagem e delegou sua autoridade à sua esposa, também conhecida por “Adelantada”, que o acompanhava na expedição. Isabel Barreto navegou resolutamente até Manila, nas Filipinas, em Fevereiro de 1596. Tornou-se conhecida como a única “Almirante do Mar Oceano” que alguma vez comandou na marinha espanhola.

Lady Elizabeth Craven

A britânica Elizabeth Craven no início de sua carreira literária desde a década de 1770, com várias comédias e fábulas leves. Craven era muito amiga de Horace Walpole, escritor e historiador inglês, a escrever sobre suas viagens.

Seu primeiro livro A Journey through the Crimea, em 1789, foi o principal fundamento de sua reputação como escritora. O que o diário de viagem não menciona é que ela estava viajando na companhia de um amante, e em suas Memórias teve o cuidado de evitar mencionar ele ou qualquer um dos outros que lhe haviam conquistado uma reputação escandalosa.

Mary Wortley Montagu

Lady Mary Wortley Montagu é lembrada principalmente por suas cartas, particularmente as Cartas da Turquia, como esposa do embaixador britânico na Turquia. Suas cartas foram descritas por Billie Melman, professora de História na Universidade de Tel Aviv, como “o primeiro exemplo de trabalho secular de uma mulher sobre o Oriente muçulmano ”

Montagu é considerada a pioneira da literatura feminina sobre viagens no Oriente. Nos seus textos, é narrada a história de sua viagem à Turquia. Seu texto faz uma leitura de um mundo feminino turco através dos olhos de uma dama europeia dos anos 1700.

Isabella Bird

Isabella Bird é a primeira mulher a fazer parte da Royal Geographic Society em Londres, depois de percorrer o mundo três vezes. Desde a infância, Bird era frágil, sofrendo de dor na coluna, dores de cabeça e insônia. Um médico a recomendou uma mais ao ar livre

Como fruto deste conselho, Isabella aprendeu a fazer hiking na infância e depois a remar. Sua única educação veio dos pais. Sua extrema curiosidade quanto ao mundo exterior tornou impossível que seu cérebro e sua natureza geralmente fossem estreitados e endurecidos pela atmosfera estritamente evangélica de sua infância.

Quando os médicos pediram que fizesse uma viagem marítima, em 1854, a vida de Bird começou quando surgiu a oportunidade de ela navegar para os EUA, acompanhando seus primos em segundo grau até a casa da família.

Viajou em 1872 para a Austrália e depois para o Havaí, onde escalou escalou Mauna Kea (4.207) e Mauna Loa (4.69 m). Optou por não voltar para a Inglaterra e se estabeleceu no Colorado, nos EUA porque o local era conhecido por “ter o ar excelente para os enfermos”.

Vestida com calças e cavalgando não de lado, mas de frente como os homens faziam (embora ela ameaçasse processar o Times por dizer que se vestia como um), Bird percorreu mais de 2.000 km nas Montanhas Rochosas em 1873.

Suas cartas para a irmã, impressas pela primeira vez na revista The Leisure Hour, compreendeu seu quarto e talvez mais famoso: A Lady’s Life in the Rocky Mountains.

Mary Kingsley

Na sua infância, Mary Kingsley teve algumas aulas de alemão quando criança, mas teve acesso à biblioteca do pai, onde ele lhe contava histórias sobre países exóticos. Kingsley preferia biografias de exploradores e livros científicos.

Após uma visita às Ilhas Canárias, decidiu viajar pela costa da África. Mary Kingsley viajou sozinha pelo continente, retornando à sua terra natal com uma grande coleção de insetos, moluscos, plantas, diferentes espécies de répteis e peixes. Quando voltou para casa em novembro de 1895, ela foi recebida com entusiasmo por jornalistas.

Kingsley ganhou mais notoriedade quando publicou seus primeiros livros Travels in West Africa, Congo Français, Corisco and Cameroon (1897) e West African Studies (1899).

Ida Pfiffer

Até os 45 anos, a austríaca Ida Pfiffer era uma dona de casa que sonhava viajar. Quando conseguiu criar seus filhos, vendeu sua casa e seu piano. Com esse dinheiro começou suas viagens de exploração do mundo. Pfiffer realizou duas grandes viagens ao redor do mundo.

A primeira publicação de sua jornada, Eine Frau fährt um die Welt (1851), torna famosa em toda a Europa. Conforme foi se tornando mais conhecida, obtinhas passagens gratuitas em navios estadunidenses e alemães.

Foi a primeira mulher a ser aceita como membro honorário nas sociedades geográficas de Berlim e Paris. Foi também condecorada pelo rei da Prússia com uma medalha de ouro por sua contribuição às artes e às ciências.

Gertrude Bell

Gertrude Bell é filha do grande industrial metalurgista Isaac Lowthian Bell. A fortuna de sua família serviu mais tarde para financiar as viagens de Gertrude pelo mundo.

Arqueóloga, linguista e a maior alpinista de sua época, a britânica Gertrude Bell é o símbolo da mulher exploradora. Sua paixão por escalada nos Alpes, se tornando uma das melhores montanhistas do mundo.

Após formar em história em Oxford, iniciou uma carreira como escritora, viajante e arqueóloga. Fluente em persa e árabe, Bell trabalhou para o governo britânico no Cairo durante a Primeira Guerra Mundial.

Os trabalhos de Bell publicados durante as duas décadas anteriores à Primeira Guerra Mundial incluem Safar Nameh (1894), Poems from the Divan of Hafiz (1897), The Desert and the Sown (1907), The Thousand and One Churches (1909) e Amurath to Amurath (1911). Bell também manteve uma vasta correspondência durante esse período, que foi compilada e publicada em 1927.

Alexandra David-Néel

Alexandra David-Néel é o pseudônimo da francesa Louise Eugénie Alexandrine Marie David, escritora espiritualista, budista, anarquista, reformadora religiosa e exploradora francesa. David-Néel viajou durante quatorze anos por todo o Tibete e foi reconhecida como a primeira mulher europeia a ser consagrada lama.

Os seus interesses ideológicos atraíram-na desde cedo para longas viagens. Com as largas estadias no Tibet foi adquirindo grande conhecimento dos lamas budistas. Alexandra chegou a passar longos anos de ensino e, muito curiosa, estava motivada a querer sempre ampliar o seu conhecimento.

No decorrer de suas viagens e estudos escreveu mais de quarenta livros sobre o budismo.

Freya Stark

Famosa por suas explorações no deserto árabe em 1927, Freya Stark foi uma escritora britânica de viagens que é conhecida por duas dúzias de livros altamente pessoais, nos quais ela descreve locais história e cultura.

Muitas de suas viagens foram para áreas remotas na Turquia e no Oriente Médio, onde poucos europeus, principalmente mulheres, já haviam viajado antes. Em seu primeiro livro importante, The Valleys of the Assassins (1934), Stark estabeleceu seu estilo, que combinava dicas práticas de viagem com um divertido comentário sobre as pessoas, lugares, costumes e história da Pérsia (atual Irã).

Depois disso, viajou bastante no Oriente Médio, Turquia, Grécia e Itália (onde chegou a morar). Anos mais tarde viajou para a Ásia, mais especificamente Afeganistão e o Nepal. Ao longo de sua carreira escreveu The Southern Gates of Arabia (1936), Letters from Syria (1942), Alexander’s Path (1958), The Minaret of Djam (1970).

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