A edição extra do Campeonato Mundial de Escalada da International Federation of Sport Climbing (IFSC) que acontece desde o início da semana passada em Hachioji, já definiu os primeiros classificados para a estreia da escalada os Jogos Olímpicos de Verão 2020 em Tóquio, Japão. Tanto na categoria feminina, quanto na masculina, alguns atletas considerados favoritos ficaram de fora. Nomes como Adam Ondra e Fanny Gibert terão de buscar uma outra maneira de se classificar, pois ficaram de fora dos primeiros 14 classificados, sendo 7 por gênero.
Existem para as Olimpíadas 40 vagas no total, das quais 20 são para a categoria masculina e outros 20 para a feminina. Quanto à distribuição de vagas, das 20 destinadas a cada sexo, uma é para o país anfitrião (Japão) e outra para o que se chama de “Locais de Convocação da Comissão Tripartite”, que são lugares de convite atribuídos por esta comissão. Dessa maneira, existem de fato para serem disputadas 18 vagas para cada gênero.
A cota máxima por país ou federação nacional é de dois atletas por gênero. Portanto, a cada cota preenchida por um país, a vaga é “herdada” por um atleta de outro país que ainda não foi contemplado ou que o país não tenha sua cota esgotada.
A classificação para a Olimpíada não foi fácil e exigiu que cada atleta enfrentasse uma verdadeira maratona. Após disputar fases classificatória, semifinal e final em boulder, vias guiadas e velocidade, os 20 melhores atletas tiveram de disputar a modalidade “combinado”, que é o formato de disputa que será usado na Olimpíada. O formato foi usado pela primeira vez nos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires.
Análise dos resultados
A categoria “combinado” exigiu muita concentração e uma baixíssima tolerância a erros. Este tipo de pressão acabou prejudicando o rendimento de atletas que outrora não tinham demonstrado a qualquer tipo de pressão. O escalador tcheco Adam Ondra, considerado o melhor escalador esportivo da atualidade (e um dos melhores de todos os tempos), foi um dos que sentiu a pressão e acabou sequer se classificando para as finais do combinado e não conseguiu a vaga para as Olimpíadas.
Os atletas sul-americanos não tiveram rendimento de destaque e nenhum conseguiu se classificar para a modalidade “combinado”. O brasileiro melhor colocado foi Felipe Foganholo Ho que ficou em 63º (de um total de 84 atletas). Concorrendo por uma vaga junto dos dos sul-americanos (há apenas uma vaga para todo o continente americano), os norte-americanos não obtiveram resultados assombrosos, mas mostraram que ao menos no torneio continental irão dominar. O destaque ficou para a escaladora Brooke Raboutou conseguiu se classificar às Olimpíadas. Atletas de prestígio dentro de seus países como Nathaniel Coleman (12º no combinado), Rudolph Ruana (13º no combinado) ficaram perto da vaga, mas como não possuem pontuação de destaque na Copa do Mundo de Escalada, devem focar na competição continental.
Os sul-americanos melhores colocados foram Carlos Granja (Equador) que ficou em 28º, muito perto de classificar-se para o combinado e Andrea Rojas (Equador) em 32ª. Uma das estratégias do Equador de classificar atletas é focar em treinamentos de velocidade. No país existe uma parede oficial e homologada há pelo menos 4 anos.
Categoria Feminina
Colocação | Nome | País |
1ª | Shauna Coxsey | Inglaterra |
2ª | Akiyo Noguchi | Japão |
3ª | Janja Garnbret | Eslovênia |
4ª | Petra Klingler | Suíça |
5ª | Ai Mori* | Japão |
7ª | Aleksandra Miroslaw | Polônia |
9ª | Brooke Raboutou | EUA |
10ª | Jessica Piltz | Áustria |
As atletas Futaba Ito (Japão) e Miho Nonaka (Japão), 6ª e 8ª colocadas respectivamente, disputam a colocação e a iminente vaga com Ai Mori. Akiyo Noguchi deve ficar com a vaga que o país sede tem direito.
Categoria Masculina
Colocação | Nome | País |
1º | Alex Megos | Alemanha |
2º | Jakob Schubert | Áustria |
3º | Tomoa Narasaki | Japão |
4º | Kokoro Fuji* | Japão |
6º | Rishat Khaibullin | Cazaquistão |
8º | Mickael Mawem | França |
9º | Ludovico Fossali | Itália |
10º | Sean McColl | Canadá |
Os atletas Kay Harada (Japão) e Meichi Narasaki (Japão), 5º e 7º colocados respectivamente, disputam a colocação e a iminente vaga com Kokoro Fuji. Tomoa Narasaki deve ficar com a vaga que o país sede tem direito.

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.
Por que será que o Brasil não está entre os classificados?