As pequenas bandeiras que engenheiros usam para marcar alinhamentos e fazer sinais para serem vistas de longe, são conhecidas como bandeirolas. Procurando no dicionário, uma bandeira pequena é uma bandeirola.
No Himalaia, especialmente no Nepal, que é um conhecido centro de peregrinação budista-hindu, há a predominância das pequenas bandeiras coloridas por todos os locais do país. Fotos destas bandeirolas praticamente fizeram com que a imagens já se remetesse ao Nepal.
Em muitas das montanhas, principalmente no Monte Everest (8.849 m), costuma-se ver uma série de bandeiras coloridas no topo, embora pouco se saiba sobre o seu significado.
O budismo
Budismo é uma doutrina filosófica e espiritual que tem como preceito a busca pelo fim do sofrimento humano e assim alcançar a iluminação. Os budistas não adoram um deus ou deuses, sendo muito mais uma busca individual e uma atitude perante o mundo.
A prática do budismo chegou ao Nepal pelo Tibet. Até então, os habitantes nepaleses seguiam a religião Bon, uma prática xamanística e era comum pendurar bandeirolas de cinco cores, representando os cinco elementos. Isso foi feito sob a convicção de que essas pequenas bandeiras ofereciam proteção.
O templo budista de Swayambhunath é talvez o principal cartão-postal da capital Katmandu. O budismo tem forte referência histórica, já que o príncipe Sidarta Gautama, o Buda, nasceu no século VI a.C., em Lumbini, que na época ficava na Índia, mas hoje está dentro do Nepal.
Como o budismo estava ligado às bandeiras Bon, mantras e iconografias, estas foram pintadas nas bandeiras, criando as origens do que é conhecido hoje como ‘bandeiras de oração tibetanas’.
Bandeirolas tibetanas de oração
Embora geralmente sejam vistos no topo de certas montanhas, a verdade é que não há indicação exata de onde colocá-las, e podem ser vistos em diferentes lugares. Porém o costume é colocá-las ao ar livre, pois o propósito das bandeirolas de oração é serem penduradas onde o vento pode ativar as bênçãos.
Elas não devem ser colocados no chão ou usados em roupas. Além disso, as bandeirolas de oração antigas devem ser queimadas. Alguns acreditam que, se as pequenas bandeiras forem penduradas em datas astrológicas desfavoráveis, podem trazer resultados negativos enquanto estiverem voando.
A melhor hora para colocar novas bandeiras de oração é pela manhã, em dias de sol e vento. Com o tempo, as bandeirolas tibetanas ganharam uma importância que vai além de seu uso no Tibet, e passaram a ser relacionadas à montanha, para além de uma localização geográfica.
Existem dois tipos de bandeirolas:
- Horizontais: Chamadas de lung ta (significa “cavalo do vento”) em tibetano. São quadradas ou retangulares e são conectadas ao longo de suas bordas superiores por um longo barbante ou fio.
- Verticais: chamadas de Darchor (Dar significa “aumentar a vida, fortuna, saúde e dinheiro” e Cho que significa “todos os seres sencientes”) em tibetano. São geralmente grandes retângulos únicos presos a postes ao longo de sua borda vertical.
Mas e as cores? Sim, as cores também tem um significado para as bandeirolas tibetanas e correspondem aos 5 elementos da teoria chinesa. As cinco cores são organizadas da esquerda para a direita em uma ordem específica de azul, branco, vermelho, verde e amarelo:
- Azul: Céu e espaço
- Branco: O ar e o vento
- Vermelho: Fogo
- Verde: Água
- Amarelo: A terra
De acordo com a medicina tradicional tibetana, saúde e harmonia são produzidas através do equilíbrio dos cinco elementos. As bandeirolas não levam orações aos deuses, o que é um equívoco comum. Em vez disso, os tibetanos acreditam que as orações e mantras serão soprados pelo vento para espalhar a boa vontade e a compaixão por todo o espaço que os permeia.
O sol, o vento e a chuva irão enfraquecer ou desgastá-las com o tempo, fornecendo um lembrete sutil de que todas as coisas são impermanentes ou temporárias. Isso porque, segundo o budismo, não existe um “eu” permanente, porque nós estamos em permanente processo de mutação.
De acordo com o budismo, após a nossa morte, nada resta de nós, a não ser nosso carma (as nossas intenções, desejos). Pois, segundo a religião, que a ligação que possuímos com as coisas existe por um tempo e depois ela pode cessar.

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.