A história das meias de trekking

Um dos papéis das meias é absorver a transpiração. Os pés estão entre os produtores mais intensos ​​de suor no corpo, podendo produzir mais de 0,25 litros por dia. Por causa disso que são utilizada as meias, que ajudam a absorver o suor e atraí-lo para áreas onde a transpiração evapore.

Pode parecer uma novidade moderna, que nasceu na revolução industrial, mas a meia é uma das peças de roupas mais antigas da história da humanidade. Provavelmente é o tipo mais antigo de roupa que e é usado ainda hoje.

Meias encontradas em Oxyrhynchus

As meias evoluíram ao longo dos séculos a partir dos modelos mais antigos, feitos de peles de animais reunidas e amarradas nos tornozelos. O par de meias mais antigo encontrado foi descoberto na cidade de Oxyrhynchus, no Egito e datam de 300-500 d.C.. Mas os gregos antigos (período da história nos séculos XII a IX a.C.) já usavam meias chamadas “piloi”, feitas de pelos de animais trançados.

Os romanos também envolviam os pés com couro ou tecidos. Já por volta do século II d.C., os romanos começaram a costurar os tecidos, fazendo meias ajustadas chamadas “udones”. No século V d.C., meias chamadas “puttees ” eram usadas por pessoas na Europa para simbolizar a pureza.

Meia encontrada em Vindolanda, na Inglaterra, no século II

A técnica do tricô nasceu no Egito onde o entrelaçamento era feito com a ajuda de ossos ou madeira. As peças de tricô mais antigas que existem foram descobertas no Egito e são de 1200 d.C.. Especula-se que na mesma época que a lá começou a ser tricotada para tornarem-se meias. As primeiras meias de lã descobertas foram desenterradas em Vindolanda, na fronteira entre Inglaterra e Escócia, e datam do século II d.C.. Especula-se que eram para proteger contra o mau tempo britânico.

Durante a Idade Média (séculos V e XV d.C.), o comprimento das calças foi estendido e a meia tornou-se um pano mais apertado e de cores vivas cobrindo a parte inferior da perna. Como as meias não tinham elástico, tiras de pano foram colocadas por cima das meias para evitar que caíssem. Quando os calções ficaram mais curtos, as meias começaram a ficar mais longas (e mais caras).

Em 1.000 d.C., as meias se tornaram um símbolo de riqueza entre a nobreza. Embora os trabalhadores da Europa certamente estivessem tricotando suas próprias meias de maneira caseira até o final do século XII, a meia-calça dos nobres era muito superior.

A máquina de tricotar

Ilustração da máquina de tricotar de William Lee

No século XV, as aristocracias francesas e italianas abriram o caminho com suas finas meias de seda tricotadas à mão. Com o tempo, as pessoas descobriram que o tecido elástico da seda tinha dois benefícios: facilidade de movimento e capacidade de mostrar uma perna bem torneada. Foi aí que a aristocracia inglesa logo seguiu a Europa e as meias de malha de seda se tornaram a moda entre a elite da moda britânica.

Por volta de 1490, calções e meias tricotadas manualmente foram unidos para se tornar uma peça de roupa, que mais tarde seria conhecida como meia-calça. Estes eram feitos de seda colorida, lã e veludo, com cada perna de uma cor diferente.

No século XVI, as meias, como outras peças de vestuário, eram estritamente reguladas por leis rigorosas. No ano de 1566, a cidade de Londres empregou rígida fiscalização para garantir que ninguém usasse o tipo errado de meias em qualquer lugar da capital. As leis foram aplicadas pela “polícia de meias”. Esta força policial era constituída por quatro pessoas que eram posicionadas duas vezes por dia nos portões de Londres. Os “fiscais das meias” verificavam as pernas de quem entrava ou saía. Os barrados teriam de sair em busca de meias inadequadas.

A invenção de uma máquina de tricotar em 1589, inventada por William Lee, possibilitou que as meias podiam ser tricotadas seis vezes mais rápido do que manualmente. A rainha Elizabeth I se recusou a conceder a Lee a patente para sua invenção reclamando que sua máquina dele fazia meias de lã muito grossas para os tornozelos reais. A rainha não gostava da sensação das meias ou de sua forma bruta. Além disso, Elisabeth I tinha medo de que a máquina tirasse empregos de seus súditos.

No entanto, o rei da França Henrique IV viu a oportunidade que a invenção proporcionava e lhe ofereceu apoio financeiro. William Lee mudou-se para Rouen, onde construiu uma fábrica. Em pouco tempo, os franceses espalharam os teares de tricô por toda a Europa. As meias passaram a serem feitas também para as classes mais baixas. A diferenciação de classes ficava por conta do material usado. No entanto, máquinas de tricotar e trabalhadores tricotadores trabalharam lado a lado até 1800.

A classe mais baixa usava lã, enquanto as feitas para homens nobres eram de seda colorida. Após a Revolução Industrial (1760 a 1900), as meias tornaram-se mais fáceis e baratas de produzir, fazendo parte da cultura social europeia. Muitos dos princípios que William Lee desenvolveu ainda podem ser encontrados nas modernas máquinas têxteis atualmente.

No final do século XVIII, o algodão se tornou uma escolha popular para muitas peças de vestuário, incluindo meias. Países com clima mais quente, passaram a também utilizar mais intensamente o material em suas meias.

Nylon

Wallace Carothers

Fundada em julho de 1802, pelo francês Eleuthère Irénée Du Pont, como uma fábrica de pólvora, a DuPont tem um papel fundamental na fabricação das meias (assim como grande parte de equipamentos outdoor). Du Pont era discípulo de Antoine Lavoisier (o pai da química moderna) de quem foi aluno na Régie des poudres (agência governamental francesa responsável pela fabricação de pólvora).

Foi de Lavoisier que Du Pont adquiriu sua expertise em extração e fabricação de nitratos. Com estes conhecimentos, acabou se dedicando primeiramente a pólvora e depois tintas à base de celulose. Como uma fábrica bem-sucedida, tornou-se uma das empresas mais ricas dos EUA. Após sua morte, em 1834, sua família acabou transformando a fábrica de pólvora em uma companhia de ciência.

No início do século XX, a DuPont começou a experimentar com o desenvolvimento de fibras à base de celulose, eventualmente produzindo o rayon, uma espécie seda artificial. Como o rayon é fabricado a partir de polímeros naturais, não sendo considerado sintético. Mas a experiência da DuPont com o rayon foi um importante precursor para o desenvolvimento e comercialização de nylon.

O período de estudo da DuPont em nylon durou um período de onze anos, desde o programa inicial de pesquisa em polímeros em 1927 até seu anúncio em 1938. É creditado ao professor de Harvard Wallace Hume Carothers (que também criou o neoprene) a invenção da fibra de nylon, a primeira fibra têxtil sintética produzida pelo homem.

A resistência e a elasticidade das meias feitas com misturas de algodão e nylon levaram a uma evolução natural na fabricação. Essa mistura é usada até hoje. Mais tarde, o elastano foi adicionado à mistura para dar às meias flexibilidade extra e ajustá-las a uma ampla gama de usuários.

A partir do nylon, muitas outras fibras sintéticas começaram a ser produzidas. Atualmente as meias para trekking são feitas de várias fibras e, portanto, possuem comportamentos diferentes. Estes diferentes comportamentos servem para que o usuário saiba escolher pelo material qual melhor se adapta à sua necessidade.

  • Algodão orgânico: Esta fibra natural não são indicadas para fazer trekkings, apenas caminhadas urbanas. É muito agradável com altas temperaturas devido à sua excelente respirabilidade, mas deve ser evitada em áreas úmidas e no inverno.
  • Lã Merino: Esta fibra natural oferece bom isolamento térmico, mesmo quando está molhada. Entretanto, algumas pessoas desenvolveram sensibilidade ao material e, por isso, deve evitar usá-la para evitar coceira ou irritação na pele.
  • Lã de alpaca: Esta fibra natural provê menos coceira que lã comum, porque o comprimento da fibra é muito menor que a lã de merino, tornando-a macia e confortável em contato com a pele.
  • Fibra de bambu: Por causa da estrutura oca das fibras é muito absorvente e remove efetivamente a umidade da pele, oferece respirabilidade comparável ao algodão ou à lã.
  • Poliamida: Esta fibra sintética oferece maciez, resistência à fricção e manutenção da forma original da meia.
  • Polipropileno: Esta fibra sintética é muito leve com excelente velocidade de evaporação do suor.
  • Poliéster: Esta fibra sintética fornece isolamento térmico (se forem fibras ocas como as Thermolite) e transporte de umidade se forem fibras multicanal (seção em forma de estrela como as de CoolMax).
  • Lycra ou Elastano: Esta fibra sintética possui filamentos de borracha que proporcionam elasticidade e suporte, frequentemente presentes no cano da meia.
  • Fios de Prata ou cobre: Estas fibras sintéticas estão em pequenas quantidades nas meias, mas possuem micro partículas antibacterianas projetadas para minimizar o mau cheiro. Os fios de prata ou cobre evitam a proliferação de bactérias e fungos.
  • Acrílico: Esta fibra sintética não absorve umidade semelhante a certas lãs. Portanto, as empresas incorporam este material para reduzir o volume do material primário (como a lã), e ainda mantém sua capacidade de reduzir a absorção.

Comente agora direto conosco

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.