Livro da semana: "Deadly Peaks - Mountaineering's Greatest Triumphs and Tragedies"

Generalizar, segundo o conceito do dicionário, é tornar algo geral, comum e vulgarizar. Ao fazer generalizações, tornamos comum a muitos indivíduos algo que diz respeito apenas a um ou a poucos. Portanto, sem querer generalizar, o ser humano tem fascínio pelo mórbido. Exatamente por esta teoria que parece que as tragédias no montanhismo provoquem tanto fascínio e curiosidade. A curiosidade mórbida, inclusive, é tema do mais controverso episódio da série britânica”Black Mirror”criada por Charlie Brooker: “The National Anthem”.

Uma tragédia pode ser uma catástrofe natural (inundações, seca, etc), um crime passional ou um atentado com numerosas vítimas, por exemplo. Ingredientes que, infelizmente, parecem ser constantes no universo do montanhismo. Um prato cheio para jornalistas usarem e abusarem de adjetivos e interjeições para enaltecer o perigo e superação. Por atrair tanta atenção do público em geral, o escritor Frederic Hartemann. Autor, que possui doutorado em literatura, também criou outras obras como “The Mountain Encyclopedia” e “Grasping for Heaven”, seu objetivo é sempre buscar cobrir as histórias de glórias e tragédias de montanhistas.

Com um título auto explicativo, Hartemann colocou em sua obra “Deadly Peaks – Mountaineering’s Greatest Triumphs and Tragedies” uma coleção das mais notórias conquistas e desastres da história do esporte. Todas as histórias foram colocadas em ordem cronológica, seguidas de breves narrativas. O livro é relativamente “curto” (possui 304 páginas), com histórias densas e carregadas de dramas.

Dentro da obra histórias sobre montanhas icônicas como Matterhorn, Denali, K2, Cerro Torre, Siula Grande e Nanga Parbat são abordadas. Não é segredo para ninguém que muitas pessoas já perderam a vida em busca de cumes e glória. A busca por reconhecimento e o enfrentamento de riscos andam lado a lado no montanhismo. Subir montanhas é muito mais que um desafio mental ou físico. Como pode ser percebido em cada uma das histórias da obra, quando o montanhista acaba ficando em uma situação extrema, o espírito é a única coisa a os mantêm vivos.

O livro serve nos dias de hoje, muito menos como uma espécie de compartilhamento de histórias, funcionando mais como chamado para a reflexão a respeito da angústia que vive hoje todos em querer ser a celebridade de nossos meios sociais. O montanhismo cada vez mais tem sido usado como plataforma para isso.