O que é sportswashing e por que você deveria se preocupar com isso?

O sportswashing é, em essência, uma forma mais recente do chamado greenwashing, que compreende um conjunto de estratégias de relações-públicas empregadas por empresas (e cada vez mais por nações) para parecerem ecoamigáveis sem efetivamente reduzirem seu impacto ambiental.

Confira exemplos mundiais dessa prática cada vez mais inserida no mundo esportivo e afins, além de entender o perigo de sua atividade.

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O que é sportswashing?

Divulgação/The UCSD Guardian

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Sportswashing é a prática de patrocinar equipes ou eventos esportivos para desviar a atenção de más condutas em outras áreas.
Essa tática é frequentemente adotada por empresas e governos com históricos negativos em questões ambientais ou de direitos humanos, aproveitando-se da paixão das pessoas pelo esporte para “limpar” sua reputação.

Atletas, clubes de futebol e afins são alvos frequentes de sportswashing

Divulgação/Business Post

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Atualmente, os mestres da estratégia não são apenas os próprios atletas, mas sim as corporações que buscam polir sua imagem através da aquisição de equipes esportivas.

Equipes da Premier League se tornaram um objeto de desejo dos bilionários, mas essa tática está expandindo para outros países. Bahia é um exemplo no Brasil.

A saber, o City Football Group, um grupo emiradense, comprou 90% das ações do clube Bahia após se tornarem SAF. Até o momento, é o único clube com investimento saudita no Brasil.

Em todo caso, equipes como Vasco da Gama, Red Bull Bragantino e Botafogo são outros conhecidos que recebem ajuda financeira de empresas estrangeiras.

Grandes empresas de combustíveis fósseis estão entre os principais adeptos do sportswashing, mas isso não é apenas uma preocupação ambiental.

Empresas e regimes envolvidos em violações significativas de direitos humanos também recorrem ao sportswashing para obscurecer suas ações problemáticas e melhorar sua imagem.

Como o sportswashing é realizado?

Divulgação/The Conversation

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O sportswashing envolve aquisição de equipes esportivas por entidades ligadas à degradação ambiental, patrocínio de equipes e organização de grandes eventos esportivos.

Essas práticas visam aumentar a popularidade e mitigar suas ações problemáticas, aproveitando a ampla adoração que equipes e competições esportivas recebem.

Embora possamos pensar que estamos imunes ao marketing, muitas vezes essas influências agem de forma subconsciente.

Mesmo que você seja cético em relação a empresas de petróleo, sua percepção sobre a personalidade de uma marca também é moldada pelo marketing e pelo conhecimento factual.

Exemplos recentes de sportswashing

  • Ciclismo Britânico e a Shell: a British Cycling estabeleceu uma parceria de longo prazo com a empresa petrolífera Shell, que alega que ajudará o esporte a avançar em direção à neutralização de carbono.
  • Sede da Copa do Mundo e Grandes Prêmios: a Rússia sediou a Copa do Mundo de futebol masculino em 2018, o Catar em 2022 e a temporada de Fórmula 1 de 2021 viu a inclusão dos Grandes Prêmios do Catar, Arábia Saudita e Azerbaijão.

Sportswashing na Premier League

Divulgação/Independent.ie

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A Premier League é a liga esportiva mais assistida do mundo, com uma audiência de 3,2 bilhões na temporada 2019/2020. Portanto, não é surpreendente ter se tornado um alvo crucial para o sportswashing global.

Isso tem um impacto particular no Reino Unido, com grandes empresas multinacionais e estados estrangeiros comprando e controlando clubes em todo o país.

Desde 2008, os Emirados Árabes Unidos possuem o Manchester City, e a tendência está se acelerando. Recentemente, o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita adquiriu 80% do Newcastle United.

Essa não é apenas uma questão ligada aos clubes: a maioria dos grandes torneios de futebol também está envolvida em sportswashing. De 2012 a 2022, a empresa estatal russa Gazprom patrocinou a Liga dos Campeões da UEFA.

Por que você deveria se preocupar com o sportswashing?

Divulgação/Global Sport Matters

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Essas empresas tratam os clubes de futebol e seus torcedores como peças em suas campanhas de relações-públicas. Elas fingem se importar com a história e a base de torcedores do clube, mas isso é apenas a forma mais recente de encobrir sua sujeira.

Pode parecer que investir em um clube de futebol é uma ação positiva, mas sem lealdade verdadeira, essas empresas podem vender o clube assim que ele deixar de ser útil.

Basta olhar para o polêmico terceiro uniforme do Newcastle United para ver o quanto essa nova geração de proprietários se importa com os clubes que compram.

O novo uniforme tem semelhanças desconcertantes com o uniforme da seleção da Arábia Saudita, mesmo que o clube nunca tenha usado essas cores em seus 130 anos de história. Isso mostra o quão audacioso o sportswashing pode ser.

Não é coincidência que os países mais envolvidos nessa prática frequentemente sejam petroestados. Em 2018, quando a Rússia sediou a Copa do Mundo, 63,1% das exportações russas eram ligadas a combustíveis fósseis. Já os números mais recentes do Catar em 2020 mostram que 81,8% de suas exportações vieram de petróleo e gás.

Esses países provavelmente estão mais interessados em ocultar suas questões de direitos humanos do que em suas pegadas de carbono, mas não há dúvida de que o dinheiro financiando esses eventos e aquisições é proveniente dos lucros sujos do petróleo e do gás que sustentam os petroestados.

O compromisso dos atletas e sociedade

Divulgação/The Drum

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Embora não haja obrigação legal para que atletas abordem a lavagem esportiva, aqueles com visibilidade ampliada têm maior responsabilidade social.

A ação dos atletas pode contribuir para desencorajar a lavagem esportiva, e organismos desportivos internacionais também devem agir de acordo com diretrizes de empresas e direitos humanos da ONU.

Em última instância, o público exerce o poder decisório sobre o sucesso dos investimentos em lavagem esportiva. A atenção dada a eventos esportivos e ações de países autoritários determinará se a estratégia de marketing prevalecerá sobre reformas efetivas.

No fim, a lavagem esportiva pode ser um fenômeno difundido, mas a conscientização e responsabilidade de todos desempenham um papel crucial em sua abordagem.

Foto destaque: Reprodução/Blogdescalada

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