Normalmente todo montanhista ou escalador ressalta que é necessário ser racional ao máximo em situações limite. A declaração é feita desde os montanhistas mais experientes até os aprendizes e iniciantes. Não há como negar que em situações limite, como as de subir montanhas (sem ser arrastado pelo guia) ou escalar vias desafiantes a racionalidade deve sobrepor-se à passionalidade.
Quando racionais, tendemos a pensar bastante antes de tomarmos uma decisão. Porém todos sabem que a realidade não é bem assim. Existe uma série de programações evolucionárias no cérebro humano que desperta comportamentos automáticos e intuitivos. Há muitos tópicos a respeito do comportamento que devem ser entendidos, para saber como funciona nossa mente e porque tomamos decisões, na maioria das vezes, tão irracionais.
Partindo deste princípio que ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Daniel Kahneman reuniu seus anos de pesquisas sobre o tema em seu livro “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”. A ideia ideológica de que o homem é (ou pelo menos deveria ser) essencialmente racional foi colocada em xeque em sua obra, especialmente após apresentar a influência das impressões intuitivas em nossas decisões ditas racionais.
Kahneman ganhou o Nobel de economia por seu trabalho em economia comportamental (behavioral economics) a qual estuda o impacto que a cognição (especialmente os erros cognitivos) tem sobre os comportamentos econômicos e tomadas de decisão da sociedade. Pensamentos automáticos e disfuncionais estão relacionados aos ditos erros cognitivos, que são os que “teimam” em aparecer, automaticamente, em situações importantes da vida.
Em “Rápido e Devagar” o autor separa o pensamento das pessoas de duas formas:
- Intuitiva, rápida e emocional
- Lenda, lógica e deliberativa
Por conta desta separação, diversas áreas, como psicologia, medicina, economia e política, foram afetadas.
Um exemplo cristalino sobre a filosofia do livro é quando perguntamos qual o resultado da soma 1+1. Para algo fácil e simples a resposta é intuitiva e, desse modo, a pessoa estará utilizando o pensamento rápido, intuitivo e emocional.
O motivo desta resposta rápida é que não há nenhum trabalho em achar a resposta. Entretanto, se a pergunta for 27 x 29 qualquer pessoa normal necessitará mais que poucos alguns segundos para responder. Nesse caso a pessoa necessitou utilizar a forma de pensamento mais lenta, mais lógica e deliberativa.
Para Kahneman, as emoções e intuições tem igual ou maior importância que simples análises gráficas ou numéricas. O entendimento de como funciona essas duas formas de pensar pode ajudar tanto em nossas decisões pessoais e profissionais como financeiras.
Entre tantos conceitos elencados por Daniel Kahneman ao longo de sua obra, fica evidente que cada um deles são importantes para a compreensão do processo de decisão e de como pequenas mudanças na nossa estratégia de comunicação podem ter um grande impacto na capacidade de persuasão, aquisição e retenção de interlocutores.
Ficha técnica
- Título: Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar
- Autor: Daniel Kahneman
- Edição: 1ª
- Ano: 2012
- Número de páginas: 624
- Editora: Objetiva
Equipe da redação