Alguns nomes são tão interligados, que é difícil desassociar um do outro. O time de futebol do Santos é imediatamente associado com o jogador Pelé. A equipe de basquete americano Chicago Bulls imediatamente remete ao atleta Michael Jordan. Na mesma lógica quando se fala Cordilheira do Himalaia, o nome de Reinhold Messner imediatamente vem à cabeça. Não poderia ser diferente, o montanhista europeu é o maior nome do esporte.
Messner, junto de Peter Habeler, foi o primeiro a escalar o Monte Everest (8.848 m) sem utilizar oxigênio suplementar em 1978. Entrou também para a história como o primeiro montanhista a alcançar, dois anos depois, o cume do Everest em solitário. Ambas as conquistas foram sem oxigênio suplementar. Ainda em 1978 tornou-se a primeira pessoa a atingir um oito mil em solitário (Nanga Parbat – 8.126 m).
Portanto, somente por estes dados (e existem muitos outros) Reinhold Messner é uma autoridade inconteste quando se fala de Everest. Não à toa que o montanhista frequentemente faz declarações contestatórias a respeito do circo que tornou-se a escalada ao Monte Everest. Muitas destas conquistas vazias, enaltecidas por veículos sem credibilidade e/ou conhecimento em montanhismo, são tentativas desesperadas de receber (ou atribuir) os louros de conquistas semelhantes de Messner. Atualmente escalar o Everest (e somente ele) não faz de ninguém um montanhista experiente, especialmente os que bradam que são “autoridades sobre o assunto de Everest” (grande parte em programas de TV à cabo). Muitos destes dublês de montanhistas, na verdade, tentam tornar-se versões pálidas (às vezes patéticas) de Reinhold Messner.
Toda esta vontade de “quero ser Reinhold Messner” é justificada (até certo ponto, claro) pelos suas conquistas no Everest e pela repercussão que houve à época. Muito desta conquista de 1978 pode ser acompanhada na sua obra “Everest: Expedition to the Ultimate”, que é um relato fascinante do esgotamento, da alegria e do desespero de escalar na zona da morte.
O livro é, acima de tudo uma fascinante história de montanha, ascensões bem-sucedidas e reflexões de Messner sobre tragédias recentes no Monte Everest. Nas reflexões do montanhista está descrito, de maneira mais ácida e menos resumida, as mesmas afirmações do parágrafo anterior.
“Everest: Expedition to the Ultimate” é muito mais que um livro sobre montanhismo, mas também uma história sobre determinação e resiliência de Reinhold Messner. A cada capítulo lido no livro é, à sua maneira, uma explicação detalhada de porque alguns praticantes se destacam e outros não. Messner, em cada descrição, mostra de maneira indireta a diferença entre um montanhista de verdade e alguém que deseja aparecer na mídia. Portanto, a obra de Messner, é um excelente entretenimento para quem sabe o que é, e como praticar, o montanhismo. Mas também é mais que obrigatória a jornalistas que, frequentemente, são enganados por apresentadores de TV ou publicitários quando o assunto é Everest.
Ficha Técnica
- Título: Everest: Expedition to the Ultimate
- Autor: Reinhold Messner
- Edição: 1ª
- Ano: 1979 (nova edição em 2014)
- Número de páginas: 286
- Editora: Vertebrate Digital
Existem livros do Messner traduzidos em português?
OI Francisco. Até onde eu sei, acho que não. Nenhuma edtora se interessou em traduzi-lo e disponibiliza-lo para o público.
O que recomendo a você é que procure a Companhia de Escalada, que é quem trabalha com volume de livros grandes que verifique a possibilidade de traduzir um.
Abs