Como se preparar para aventuras Outdoor

Muitas vezes pensamos que o preparo para ir trilhar, escalar ou tantos outros esportes outdoor está concentrado no preparo físico.

Eu estou prestes a embarcar para um mês inteiro de aventuras sozinha no Nepal e quis trazer para vocês um pouco dos diferentes preparos que tive para essa viagem.

Vale lembrar que a maioria dos preparos que tive valem para todos os praticantes de atividades outdoor, mesmo sem uma grande viagem à frente.

1 – Acompanhamento Médico

Quantos de nós quando decidimos ir à academia nos pediram uma liberação médica para começar os treinos e achávamos que isso era besteira. Ao começar a pensar em colocar meu corpo em montanhas mais altas, levei isso mais à sério e fui buscar um check up mais profundo.

O especialista mais indicado para isso é Cliníco Geral do Esporte. Você não precisa de um cardiologista para examinar seu coração, por exemplo. O clínico geral consegue avaliar e analisar todas as partes do corpo e como elas podem estar conectadas e só então, caso seja necessário, ele vai encaminhar para um especialista.

Existe uma especialidade médica do Esporte que avalia como a prática esportiva pode impactar nas diferentes partes do corpo e também quais devemos ter uma atenção especial em preparo para cada esporte específico.

Vale lembrar que minha indicação aqui é de um ACOMPANHAMENTO médio e não apenas um check up. Isso deve ser feito de forma contínua e não pontual. O meu caso é um exemplo desta importância.

Foi apenas pela constância nas avaliações médicas que percebi que tenho pressão alta e pude fazer exames mais detalhados para descartar outras doenças que trariam um risco maior caso eu estivesse na altitude.

2 – Preparo Físico

Com as observações apontadas pelo médico, podemos começar o preparo físico focado. Neste ponto eu acredito que duas questões são essenciais: conhecimento do esporte e avaliações biomecânicas.

A primeira é bastante óbvia! O profissional que vai elaborar o treino precisa entender da dinâmica do esporte outdoor para conseguir montar treinos mais focados e consistentes.

Trilhar não é só andar e escalar não é só braços, por exemplo. Os cuidados com os diferentes grupos musculares requerem atenção voltada aos desafios do esporte.

O segundo é o que eu menos vejo acontecendo por aí e muitas dorzinhas e lesões aparecem. Muitas vezes, dois atletas não deveriam estar fazendo o mesmo treino porque os corpos não só porque dois corpos são muito diferentes como também porque a prática dos esportes outdoor em si pode trazer alterações.

No meu caso, depois de uma temporada de escalada no PNI, meu quadril estava levemente desalinhado (percebido apenas na avaliação) e deveria ser realinhado antes de retomar exercícios mais pesados focados nele.

Conversem muito com seus preparadores físicos e garantam que realmente entendam seus esportes e avaliem a fundo e com frequência como vocês estão.

3 – Correções corporais

Como comentei, ao longo do preparo físico e das práticas esportivas, não apenas lesões podem acontecer como também desalinhamentos corporais. As vezes eles não são aparentes, não geram dores, porém, se continuarmos nos exercitando com o corpo não estando 100% pode levar a algo mais profundo e mais difícil de corrigir.

Para cuidar destes alinhamentos, profissionais especializados também são indicados. No meu caso, eu usei o combo de fisioterapia com uma especialista de esporte, além de um osteopata.

Ambos cuidaram de garantir que meu corpo estivesse pronto tanto para as cargas dos treinos como para as atividades outdoor. Além de botar tudo no lugar quando as grandes práticas nas montanhas deixavam tudo torto.

4 – Nutrição

Colocar esse corpo de pé e ter um bom rendimento tanto nos treinos quanto nas viagens não é algo simples. É necessário se pensar quais são os principais nutrientes e quais deles priorizar em cada momento.

Além disso, a alimentação é algo muito individual, que se diferencia entre um atleta, um esportista, uma pessoa que busca o emagrecimento ou aquela que trata algum problema de saúde. Por isso é necessário se consultar com um Nutricionista.

Um bom nutricionista não só deve saber sobre os alimentos, mas deve compreender a sua rotina e hábitos, dificuldades com a alimentação e objetivos, atividades físicas e dinâmicas de seus treinos, e também como trabalhar em parceria com todos os profissionais acima.

Para assim, construir um plano alimentar personalizado que te auxilie a conseguir alcançar o seu objetivo e todo o seu potencial. No meu caso, escolher um Nutricionista com todas essas qualidades e que também é montanhista fez toda a diferença tanto na minha preparação, quanto no planejamento para minha expedição.

5 – Vacinas

Foto: Ed Us on Unsplash

De forma geral, quando vamos viajar, olhamos apenas as “vacinas obrigatórias”. Ou seja, aquelas que se não tivermos, não poderemos entrar no país, porém os reais cuidados vão muito mais longe em riscos que nem pensamos existir.

Para isso, o mais indicado é buscar especialistas em infectologia e viagens. De forma geral, o melhor lugar para esta resposta é o Hospital (Instituto de Infectologia) Emílio Ribas que faz parte do SUS.

Em uma consulta agendada, o médico irá avaliar os diferentes riscos da viagem (além das vacinas de adulto que estão nos faltando) e irá fazer uma prescrição de todas as vacinas necessárias. Quanto antes essa consulta acontecer, é melhor porque algumas vacinas podem ter mais de uma dose para tomar.

Diversas vacinas importantes não estão disponíveis no SUS. Para isso, é importante uma clínica especializada. Se ela tiver o conhecimento de medicina do viajante, é melhor e também pode ser uma solução caso tenha dificuldades com os horários do Hospital Emilio Ribas.

6 – Saúde Bucal

É nesse momento que acreditamos que já está tudo certo com nosso corpo para as diferentes aventuras que queremos enfrentar e esquecemos da nossa saúde bucal. Será que escovar os dentes direito e não ter nenhuma cárie é suficiente?

Se tivermos alguma bolhinha de ar em alguma cavidade ou obturação e formos para alta montanha, esse ar irá expandir e causar muita dor. As escaladas nas ventanias da patagônia podem ressecar a nossa boca e não termos saliva suficiente para manter nossa saúde bucal.

Uma avaliação completa e indicações de cuidados específicos para cada esporte/aventura focados na saúde bucal são essenciais. As vezes uma pequena dor de dente pode acabar com uma viagem inteira.

7 – Primeiros Socorros

Agora que estamos preparados para começar a aventura, é essencial saber que, mesmo com tanto preparo, as coisas podem não sair como planejamos. Por isso que é tão importante saber lidar com as diferentes situações que podem acontecer na pratica de um esporte outdoor.

O mais indicado para isso é um curso de primeiros socorros focado em áreas remotas. Isso vale mesmo para médicos porque os procedimentos indicados podem ser diferentes daqueles a se fazer em um ambiente controlado como um hospital ou em pessoas que estão bem próximas dele.

Indico muito os cursos da Samanta Chu que é referência no assunto não só no Brasil.

Para casos especiais como o de alta montanha, estudar os casos específicos é bastante válido. Hoje no Brasil só existe um curso sobre o assunto (Gente de Montanha), porém, ele é muito mais voltado para médicos que querem se tornar responsáveis por expedições.

Enquanto não existir outro curso, ele pode ser válido.

Todos esses preparos nos ajudam e evitar e a saber lidar com os problemas nas aventuras de esportes outdoor. Sabemos que nesse universo de áreas remotas, um pequeno problema pode se tornar muito maior.

Então, quanto menos deles, melhor!

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