Biossintéticos e Plásticos de base biológica: tudo o que você quis saber e ninguém te contou

Faz parte da iniciativa das principais marcas de equipamentos outdoor investir em sustentabilidade. O motivo, entre muitos outros, é de que a sustentabilidade é considerada hoje diferencial competitivo entre as marcas. Ainda engatinhando no Brasil, marcas como Patagonia, Fjallraven, entre outras, estão correndo atrás de substituir seus materiais, quase todos à base de petróleo (ou seja, não são biodegradáveis) por outros materiais.

Na linha de materiais ecologicamente corretos existem dois, que já podem ser considerados realidade: os plásticos de base biológica e os tecidos biossintéticos. A partir disso, é importante fazer a pergunta: você sabe o que são estes materiais? Pois este artigo é exatamente para isso, explicar de maneira simples o que eles são.

A primeira coisa a se aprender é que tecidos biossintéticos e plásticos de base biológica são duas coisas diferentes, embora pareçam ser a mesma coisa. Ambos possuem metodologia de construção similares mas, infelizmente, impactos no meio ambiente distintos.

O que são biossintéticos?

Não é segredo para ninguém que toda a indústria têxtil está tendendo a práticas mais sustentáveis, desde materiais usados ​​até implementação de metodologias. Atualmente, as fibras sintéticas representam aproximadamente 68% da produção global de fibras. O poliéster representa 75% da produção de fibras sintéticas.

Essencialmente, biossintéticos são fibras e materiais feitos de recursos renováveis, e não combustíveis fósseis. Não são necessariamente biodegradáveis, embora alguns sejam. São parte de culturas para a produção de biossintético de cana-de-açúcar, milho, trigo e capim.

Em termos de equipamentos, os biossintéticos são materiais básicos, como por exemplo os tecidos, fabricados, parcial ou totalmente, a partir de fontes biológicas, como plantas. Essas plantas, também chamadas de culturas de “primeira geração”, passam por um processo químico que as decompõe em polímeros. Estes polímeros são então fiados e transformados no tecido.

Em uma visão mais ampla, os tecidos biossintéticos fazem parte da transição para uma economia de base biológica. No entanto, existem algumas preocupações, incluindo o fato de que muitas fibras biossintéticas são uma mistura de materiais biodegradáveis ​​e não biodegradáveis.

Tecidos sintéticos como poliéster e acrílico, em geral, são fabricados a partir de combustíveis fósseis. Embora os biossintéticos usem materiais biológicos em vez de petróleo ou gás natural, a criação de uma fibra biossintética ainda requer vários ajustes químicos, daí o “sintético” em biossintético. Esta quantidade de ajustes químicos faz com que o tecido não seja totalmente ecológico.

As fibras biossintéticas proporcionam o mesmo desempenho que as fibras sintéticas, mas com a capacidade de se renovar na natureza (desintegrar-se em muito menos tempo) das fibras naturais. Isso significa que o têxtil biossintético não é apenas uma opção tecnologicamente nova, mas que teoricamente pode fornecer uma solução a longo prazo que poderia desfazer a forte dependência da indústria têxtil em combustíveis fósseis.

Por ser uma tecnologia recente, as vantagens ecológicas e econômicas dos biossintéticos são limitadas. Porque é também um tecido que tende a usar monoculturas destrutivas, como a indústria do leite ou algas marinhas. Especialistas alertam para o impacto negativo da produção de tecidos biossintéticos nas comunidades que dependem do cultivo de fibras naturais.

Plásticos de base biológica

O primeiro “bioplástico” foi descoberto em 1926, pelo francês Maurice Lemoine. A importância da descoberta de Lemoine foi ignorada por muitas décadas porque o petróleo era barato e abundante no começo do século XX. A crise do petróleo de 1973 reascendeu o interesse por alternativas renováveis de combustíveis. Hoje, com a crescente consciência ambiental, a pesquisa em bioplásticos está em ebulição. Uma das matérias-primas para produção desse tipo de plástico é a cana-de-açúcar. O bioplástico ou plásticos de base biológica é formado por resinas biodegradáveis, derivadas de fontes renováveis de biomassa, como gorduras e óleos.

Por exemplo, a cana-de-açúcar é processada para produzir etileno, que pode ser usado para fabricar, por exemplo, polietileno. O amido pode ser processado para produzir ácido lático e, posteriormente, ácido polilático (PLA). Como o Brasil é um dos maiores produtores de cana-de-açúcar do mundo, pode estar aí uma grande oportunidade de negócio para o futuro.

Mas vale uma observação: o conceito “bioplásticos” sugere que o polímero é mais ecológico ou que é derivado apenas da biomassa. Mas a verdade não é bem assim. As propriedades dos plásticos de base biológica podem variar consideravelmente de material para material. Por isso que alguns defendem o uso do termo “plásticos de base biológica” ou “polímeros de base biológica”, quando se referem a plásticos derivados de biomassa renovável. O termo “plásticos de base biológica” deve ser usado, inclusive, quando são misturados com plásticos à base de petróleo.

Por isso é necessário ficar atento que muitos plásticos de base biológica também podem conter materiais derivados de petróleo. Polímeros que possuem algo entre 10 a 100% de conteúdo de base biológica são geralmente chamados de plásticos de base biológica. Estes materiais são mais utilizados para termoplásticos e têm o benefício de serem parcialmente, ou totalmente, derivados de recursos renováveis.

Não necessariamente os plásticos de base biológica também são biodegradáveis ​​ou recicláveis. No que diz respeito à reciclagem, o único plástico de base biológica atualmente reciclado em larga escala é o bio polietileno, usado principalmente em embalagens.

Os plásticos de base biológica ainda são mais caros se comparados ao plástico comum, porque demanda um grande investimento para transformar a atual indústria de plásticos para se tornar mais circular e de base biológica. Neste ponto que entra a capacidade de pressão do público consumidor de pressionar a indústria por este tipo de material. A matemática é simples: se a demanda internacional aumentar significativamente, o desenvolvimento de plásticos de base biológica poderá ocorrer rapidamente.

As sacolas plásticas derivadas do petróleo têm um processo de decomposição de, em média, 100 anos. Enquanto as sacolas biodegradáveis demoram dois anos para o mesmo processo.

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