A quem serve meditação? Àqueles que querem desistir.
Meditação em uma leitura mais profunda não deve ser vista como um meio à um fim. Não é algo que fazemos para chegar em algum lugar. Mas como meio de vida ela inevitavelmente nos leva em direção a benefícios.
Acompanhar o fim de nossos ciclos repetitivos de comportamento acontece de tal maneira que passamos a experimentar mudanças na forma como experimentamos e aprendemos com o mundo. Mesmo no início de nossos esforços, em um caráter de treinamento disciplinar, a meditação faz isso por nós.
Uma utilização mais eficiente do corpo
Desbloqueio de poderosos processos internos de cura, podem aumentar a velocidade de nossa recuperação e a capacidade de adaptação, uma verdadeira tecnologia interna que não costumamos acessar. Podemos observar também uma certa melhora eficiência motora e energética, talvez associada ao natural relaxamento muscular.
Nosso corpo é uma metáfora manifesta de como usamos a mente e as emoções. A simples utilização apropriada da respiração influencia como as emoções se relacionam com os pensamentos, resultando em maior capacidade de discernimento e direcionamento mental. A tomada decisões e foco para nos manter no caminho tornam a superação de limites um novo modo operante na vida do meditador, algo natural e constante.
E não é como se buscássemos ganhar algo novo, mas coisas acontecem quando abandonamos algo pesado. No que diz respeito ao sucesso, meditação se relaciona com a nossa capacidade de desistir de crenças antigas, à habilidade de manter nossa mente adaptável e presente momento a momento.
Acreditamos que sabemos desistir, soltar o que não serve. Fazer coisas de maneira diferente quando percebemos que a maneira antiga não nos leva mais lá. Mas a verdade é que esta incapacidade é exatamente a verdadeira fonte de toda nossa frustração. Dentro dos limites do corpo isso se relaciona às formas de adoecimento, lesões recorrentes, à exaustão, ao desanimo com o treinamento, enfim. Se continuamos incapazes de mudar as causas continuaremos incapazes de realizar o melhor de nosso potencial.
Por outro lado, se plantamos uma semente de mudança, de maneira apropriada, ela se desenvolve por conta própria.
Compreender que apenas não fomos orientados para mudar, e portanto não sabemos como, é um primeiro passo. Ao contrário, fomos ensinados a nos defender contra mudanças, a nos assustar com mudanças, a lutar contra elas.
Quando percebemos sinceramente que os resultados de nossos esforços repetidamente nos levam aos mesmos lugares, nossa abertura a essa mudança deveria ser algo que vem de maneira natural. Quando isso acontece, desejamos nos abrir, aprender e desistir.
Passamos a desistir de tentar “fazer” mudanças e passamos a “assistir” elas acontecerem naturalmente. E no final, nos surpreendemos com o que aprendemos no meio do caminho sobre nossa capacidade realização.
É simples. Mas não é fácil. Existem formas de adotar esse estilo de vida meditativo:
Devemos escolher de acordo com o tempo que estamos dispostos a nos dedicar.
Semanalmente, diariamente, eventualmente, integralmente. Podemos participar de retiros extensivos. Dias, meses ou até mesmo anos de vivencia, onde seremos direcionados pelas regras de convívio e extensivo acompanhamento disciplinar.
Mas existem também os retiros curtos. Eles podem ser um bom primeiro contato para aquele que ainda precisa reorganizar os horários e as prioridades que está dando à vida. Tudo que essa pessoa precisa neste momento é de inspiração e uma pequena orientação teórica e prática para poder plantar essas novas sementes.
Eventualmente encontraremos tempo para nos dedicar diariamente. Em grupo, ou individualmente, permearemos nossa prática em meio às atividades de nosso dia a dia.
Chegará um momento onde a meditação deixará de ser uma atividade disciplinar, e passará a ser um modo de comportamento, momento a momento vivendo no presente. Os benefícios acabam surgindo, mas a essa altura o nosso comportamento já deixou de ser condicionado em nossa expectativa por eles.
Pratiquem sempre, entre bons amigos. Divirtam-se!