Equipamentos de montanha não são duráveis?

Com tantos fabricantes por aí, além de muita desinformação disseminada pelos “especialistas” em grupos de Whatsapp, há sempre o questionamento a respeito da durabilidade e longevidade de um equipamento de montanha.

Como há uma parcela muito pequena da população que realmente entende a diferença entre dois equipamentos similares, mas de qualidades diferentes, muitos vendedores se aproveitam disso e abam liberando no mercado produtos de qualidade duvidosa.

Por outro lado, há também vendedores que sabem valorizar um bom equipamento, mas não possuem a habilidade necessária para convencer o cliente do real valor de um produto.

Com a popularização de diferentes pontos de vista nas redes sociais, parte dos consumidores insatisfeitos com os benefícios do material para atividades na natureza acusa os fabricantes de obsolescência programada. Mas seria realmente verdade?

O que é obsolescência programada

Obsolescência Programada, ou obsolescência planejada, é quando um produto é lançado no mercado e se torna inutilizável ou obsoleto em um período de tempo relativamente curto de forma proposital.

Os fabricantes lançam mercadorias para que sejam rapidamente descartadas, estimulando o consumidor a comprar novamente.

O conceito de obsolescência programada nasceu há aproximadamente 100 anos. No início da década de 1920, um grupos de empresários constataram que “um produto que se recusa a desgastar-se, é uma tragédia para o negócio”. A frase é do então presidente da General Motors Alfred Sloan.

Assim nasceu uma estratégia de mercado para garantir um consumo constante através da insatisfação.

Basicamente consiste de fazer produtos que satisfazem as necessidades daqueles que os compram parar de funcionar (ou se tornar obsoletos) num curto espaço de tempo, tendo que ser obrigatória a substituição por outros mais modernos.

O documentário “The Light Bulb Conspiracy”, disponível para ser visualizado gratuitamente na internet, ilustra sem rodeios o surgimento do conceito.

Derivado do conceito de obsolescência programada, criou-se, por meio de marketing agressivo, a indução da sensação de desatualização criando um conceito de obsolescência perceptiva. Uma outra estratégia muito usada pelas empresas é a de usar motivos técnicos, como inexistência de novidades tecnológicas, para criar uma obsolescência técnica.

O que NÃO É obsolescência programada

Segundo o budismo, existem três qualidades básicas que caracterizam o universo. A primeira delas é a impermanência (as outras duas são a dor e a insubstancialidade). Ou seja, a religião que surgiu por volta de VI A.C. já sabia que nada no universo perdura para sempre, tudo se transforma continuamente e caminha para a própria dissolução.

Portanto, equipamentos sempre terão uma vida útil determinada. Portanto, em um raciocínio simplista, dois produtos similares terão longevidade compatível com sua qualidade.

Portanto, antes de desconfiar de todas as marcas que existem no mundo, tenha em mente que existe uma obsolescência programada quando a vida de um bem de consumo é intencionalmente diminuída. Provocando obrigatoriedade de ser substituído por outro.

Atualmente, a criação de produtos duráveis ​​e reparáveis ​​não é uma prioridade de muitos fabricantes, pois pode prejudicar sua leveza, estética, flexibilidade, volume, preço e/ou competitividade. Por outro lado, também não somos consumidores inocentes, porque no momento da compra, frequentemente valorizamos essas qualidades em detrimento da longevidade.

Portanto, não pode ser considerado obsolescência programada uma jaqueta de 300 gramas, que dura um quarto do tempo uma de 1.000 gramas, mas que oferece conforto no momento de praticar determinada atividade.

Se for lançado novas botas que tiverem uma aderência excepcional, porque um novo tipo de borracha foi usada, mas dura um terço do tempo em comparação com os solados tradicionais, não configura uma caso de obsolescência programada.

Portanto, antes de um produto ser acusado de ter longevidade limitada, verifique se você o escolheu após se informar conscientemente.

Consumo ético (ou abaixo o consumismo)

Procurar o melhor equipamento para praticar o seu esporte favorito é uma prática comum. Mas é necessário estar atento a uma diferença básica entre consumismo e consumo.

Necessitar de um equipamento de última geração apara permitir que consiga superar os próprios limites, é um ato de consumo. Ser um atleta que apenas quer ostentar um equipamento de última geração somente porque possui capacidade monetária para isso, é consumismo.

O ato de comprar está diretamente relacionado à necessidade ou à sobrevivência, ou seja, isso é o conceito básico de consumo. O consumismo está vinculado ao gasto em produtos sem utilidade imediata, supérfluos. Portanto, se você não prática atividade em um lugar que neve ocasionalmente, não é necessário adquirir produtos para neve.

Um dos principais aspectos relacionados ao consumismo está na busca da felicidade por meio das coisas, o que gera frustrações e novas exigências de compra.

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O consumo ético, também conhecido como consumo sustentável, está mais relacionado aos impactos ambientais gerados pelas marcas e trata-se de consumir, tendo em vista o impacto desse consumo no longo prazo em relação às demais pessoas e ao meio ambiente.

O consumo ético é o consumo social e ambientalmente responsável, questionando o uso de transgênicos, agrotóxicos, uso de animais em processos produtivos, ciclo de vida de produto extremamente reduzido, entre outras práticas que geram problemas ambientais.

Portanto, ao optar por comprar um equipamento de montanha, seja ele a jaqueta com o tecido mais moderno, ou mesmo uma bota com a borracha mais aderente, reflita se você realmente necessita dela e, principalmente, se a marca a qual você está comprando faz alto pelo esporte e pelo planeta.

Marcas que são reconhecidas por seus programas de sustentabilidade e preservação estão não somente cuidando do próprio negócio, mas também que você tenha onde usar o seu produto recém adquirido. Por isso, seja criteriosos e exija um posicionamento sustentável da sua marca, independente do preço que for pagar.

O consumidor moderno gosta da ideia de comprar um produto fabricado por uma empresa amiga do meio ambiente e de maneira ambientalmente correta. Para empresas modernas, além de durarem muito tempo, os produtos também podem ser reciclados para uso posterior.

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