A inquietação da alma de um aventureiro é que impulsiona os montanhistas de coração.
Há as escolhas de realizar algo dentro ou fora da zona de conforto.
Escolhas estas que determinam a sua evolução espiritual e técnica de cada um.
Importante salientar também que nem sempre é algo heroico, e sim literalmente desafiar a si mesmo.
Ao contrário do que acreditam (e pregam de maneira dogmática) publicações que na realidade são pálidas traduções de outras publicações estrangeiras valorizando somente fatos heroicos e fora da realidade (desde que sejam feita por estrangeiros, claro) e esquecem (ou simplesmente ignoram) o mais importante é a superação de cada indivíduo.
A superação que independe se o praticante seja iniciante ou experiente.
Buscando este tipo de experiência desafiadora, além de procurar um novo assunto para um novo filme os produtores da “Posing Productions” foram até a Antártida buscar um rochedo imponente de 3 mil metros de altura.
Usando recursos visuais imponentes já estimulam o espectador a mensurar o tamanho do desafio a ser enfrentado pela equipe (recorrente na Posing Productions diga-se) de escala.
Logo após a apresentação da equipe (de maneira exemplar) o filme documenta com tomadas que fazem o público se perguntar como foi filmado os ângulos e quanto pode ter saído a expedição para a Antártida.
Toda a aventura é muito bem retratada e documentada, com um narrador de voz neutra mas que consegue transmitir toda a tensão e dificuldade de cada um dos escaladores.
Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas como vento forte e um frio de -15°C, aliado a isso agarras que desprendem facilmente as imagens são estáveis, com excelente tomadas e foco impecável.
Mesmo o ritmo mais lento não chega a comprometer o conjunto da obra que evidencia um salto de qualidade da produtora Posing Produtions.
A qualidade apresentada em pequenos detalhes é perceptível ainda mais quando fica evidente que houve uma preocupação com quantidade e qualidade de imagens de escalada e de pontos fracos de cada escalador.
Não houve atos heroicos, não houve gritos guturais apesar de haver uma exposição da marca principal de patrocínio que beira a vulgaridade.
“The Last Greatest Climb” pode se considerar hoje forte candidato a premiações para qualquer festival de filmes outdoor que participar, e desde já uma obra prima em termos de filmes documentais de escalada.
Sem dúvida nenhuma com a produção foi instaurada um novo patamar de qualidade que produtoras que se julgavam de vanguarda terão agora de correr atrás.
Nota do Blog de Escalada:
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.