Após 36 anos do desaparecimento Caso Marco Aurélio pode ser reaberto

Faz parte das histórias do Pico dos Marins (2.420,7 m), no município de Piquete-SP, o Caso Marco Aurélio. No ano de 1985, o escoteiro Marco Aurélio Simon, de 15 anos, desapareceu misteriosamente e as investigações oficiais foram encerradas em 1990.

Mas, segundo informou o site Agora Vale, o caso pode ser reaberto. De acordo com o delegado da Polícia Civil de Piquete-SP, Fábio Cabett, uma testemunha apontou um local onde supostamente estaria os restos mortais do adolescente.

Caso Marco Aurélio

De acordo com a testemunha, uma mulher que prefere ficar no anonimato, o pai dela, que residia em um sítio próximo ao local do desaparecimento, teria enterrado Marco Aurélio dentro da casa morava. O motivo alegado pela testemunha era de que o filho desse homem sofria de transtornos mentais e teria assassinado o adolescente.

O jornalista Ivo Simon, pai de Marco Aurélio Simon, procurou a delegacia de Piquete para pedir a reabertura do caso. De acordo com Fábio Cabett, novas provas foram colhidas e o pedido para desarquivar o caso já foi feito ao Poder Judiciário de Piquete e aguarda decisão. Se a Justiça autorizar a reabertura do caso, a investigação será feita.

Fábio Cabett afirmou também que, se não tiver ordem judicial, não pode investigar ou fazer diligências.

Caso Marco Aurélio

Caso Marco Aurélio

Formado por um maciço rochoso com muitos paredões íngremes, o Pico dos Marins é um importante destino para quem pratica trekking. o local é frequentado por diversos perfis de grupos, sendo destino frequente para os escoteiros.

Foi com esse objetivo que em 1985 um grupo de escoteiros organizou uma excursão ao local. No grupo, fazia parte Marco Aurélio Simon. De acordo com relatos de integrantes do grupo, estabeleceram acampamento na base do Pico dos Marins e iniciaram uma ascensão ao cume.

Durante a atividade de ascensão, um dos garotos, identificado como Osvaldo Lobeiro, teria se machucado. Como estava anoitecendo, o líder do grupo de escoteiros, Juan Bernabeu Céspedes, supervisionou o ferimento e pediu que Marco Aurélio Simon que voltasse ao acampamento para abrir caminho para os demais.

Marco Aurélio havia sido nomeado monitor da equipe num “fogo de conselho” (uma espécie de reunião ao redor de uma fogueira) na noite anterior. Por isso foi ele o incumbido da responsabilidade.

Durante a sua descida, Marco Aurélio deveria marcar com giz pedras o número 240, número de identificação do Grupo de Escoteiros Olivetanos quando estivesse com pouca visibilidade. Enquanto desciam em direção ao acampamento, perderam o adolescente de vista após 15 minutos.

Durante a descida, o grupo de escoteiros, que eram formados por Osvaldo Lobeiro, Ricardo Salvione e Ramatis Rohmteriam, identificaram apenas três marcações feitas por Marco Aurélio. As marcas foram feitas até uma bifurcação e indicava que Marco Aurélio teria seguido por um trajeto com muitos obstáculos.

De acordo com relatos dos integrantes dos escoteiros, o lado da bifurcação escolhido por Marco Aurélio atrapalharia a passagem dos grupo, que ainda tinha uma pessoa com mobilidade reduzida por conta da lesão. O líder, Juan Bernabeu Céspedes, decidiu ignorar o caminho marcado por Marco Aurélio e seguiu a direção oposta.

De acordo com relatos, os integrantes opinaram o contrário de Céspedes. Marco Aurélio, segundo relatos, era um dos mais experientes do grupo escoteiro e conhecia técnicas de sobrevivência na selva e, em teoria, mesmo que tivesse que pernoitar na mata saberia providenciar métodos para visualização de resgatistas caso se perdesse.

Na manhã do dia seguinte, Céspedes decidiu procurar pelo garoto, mas como não o encontrou, decidiu acionar as autoridades.

Caso midiático

Como era filho do jornalista Ivo Simon, o caso rapidamente virou manchete em jornais e revistas do país inteiro. Com a divulgação houve grande mobilização e, segundo relatos, durante 28 dias mais de 300 pessoas, entre policiais civis e militares, soldado, bombeiros e voluntários (dentre eles montanhistas e guias da região) se mobilizaram na busca. A região foi vasculhada e sobrevoada por helicópteros e aviões durante os dias de busca.

As suspeitas caíram sobre Juan Céspedes, o líder do grupo, que foi tachado de irresponsável. Durante a investigação Céspedes foi suspeito de haver cometido um crime e foi intensamente interrogado. Nada foi encontrado que ligasse Juan Céspedes ao desaparecimento de Marco Aurélio.

A União dos Escoteiros do Brasil (UEB) teve sua reputação afetada devido ao caso. As investigações oficiais foram encerradas após o arquivamento do caso em 1990 pelo juiz Walter Luiz Esteves de Azevedo.

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