Conheça Carla Pérez: a única mulher sul-americana a subir o Everest sem oxigênio suplementar

O público brasileiro quando perguntado se já ouviu falar de Carla Pérez, muito provavelmente irá associar à apresentadora, “cantora” e ex-dançarina brasileira. A artista ficou famosa por ser “a loira do “É o Tchan!”. Entretanto, no Equador existe uma homônima da baiana que, além do acento no sobrenome, é uma montanhista que é destaque no esporte sul-americano.

No ano passado a equatoriana, após passar 20 anos se preparando, consagrou-se como a primeira mulher da América do Sul a subir ao topo do Monte Everest (sem o uso de oxigênio suplementar. Em todo o mundo, apenas sete mulheres conseguiram este feito, sendo que a sétima chegou ao teto do mundo no mesmo dia que ela.

Carla Perez no Chimborazo

A história de Carla Pérez é contada no documentário “Apología del Everest”, ainda inédito no Brasil. A montanhista, que possui 35 anos teve seu primeiro contato com a montanha quando tinha apenas quatro anos de idade. À época seu pai a levou para um passeio familiar a um vulcão extinto localizado próximo à Quito, capital de seu país. A montanha era Pasochoa (4.200 m).

Após a primeira experiência, ela voltou à montanha quando tinha apenas 12 anos. Por sua paixão, se inscreveu no clube e escalada do Colegio San Gabiel de Quito, mas escutou a frase que transformou sua vida: “aqui só aceitamos homens”. Posteriormente se inscreveu ao Club de Andinismo de la Escuela Politécnica Nacional do Equador junto de sua irmã, aprendeu a escalar em rocha e gelo e a dominar os equipamentos de montanha.

Aos 16 anos assistiu ao documentário sobre o montanhista Iván Vallejo sobre sua aventura no Everest sem oxigênio. O equatoriano Vallejo foi o segundo sul-americano a realizar a façanha. A partir daí nasceu o sonho de repetir o feito.

Aos 18 anos foi morar na França para fazer faculdade de geoquímica, a partir de uma bolsa oferecida pelo governo do Equador. Ficando próxima dos Alpes aprimorou suas técnicas de montanhismo. Anos mais tarde, já em 2009, Pérez escalou o Monte Aconcágua (6.962 m) pela parede sul, pois considerava a rota normal “super fácil”.

No ano de 2012 Carla Pérez escalou sua primeira montanha de 8.000: Manaslu (8.163 m). À época foi a primeira mulher de seu país a subir até esta altitude. A equatoriana tentou subir ao cume do Monte Everest um ano depois e por causa da baixa temperatura (que lhe congelava as mãos), aliado ao mal tempo, teve de abortar o cume a menos de 200 metros dele.

Carla Perez no topo do Everest

Após este insucesso, a montanhista voltou ao Nepal no ano seguinte para subir ao cume do Cho Oyu (8.201 m) para realizá-lo sem oxigênio suplementar e em solitário. Após este cume sentiu-se confiante para tentar novamente escalar o Everest em 2015. Porém teve uma lesão, e teve de adiar o planejamento por um ano. Mas em 2016 houve um terremoto que cancelou a temporada de montanhismo no Nepal.

Como parte da preparação para sua ascensão histórica, subiu ao Broad Peak (8.051 m), 12ª montanha mais alta do mundo, situado na região de Karakoram. Mas em 2017 teve a sua redenção: subiu ao Monte Everest sem suplemento de oxigênio e entrou para a história.

Carla Pérez tem planos de agora abrir novas rotas aos cumes das montanhas mais altas do mundo. Mas antes disso quer fazer história: escalar o K2 (8.611 m) e o Kanchenjunga (8.586 m), duas das montanhas mais difíceis entre as de 8.000 m.

Além disso, quer realizar uma marca pouco conhecida: O Leopardo das Neves. O Leopardo das Neves é um antigo prêmio de montanhismo dos cinco picos mais altos da extinta União Soviética: Pico Ismail Samani (7.495 m), Khan Tengri (7.010 m), Pico Korzhenevskoi (7.105 m), Pico Jengish Chokusu (7.439 m) e Pico Lenine (7.134 m). Atualmente mantém-se como prêmio reconhecido na Comunidade de Estados Independentes (organização supranacional envolvendo 11 repúblicas que pertenciam à extinta União Soviética)

Atualmente não há na América do Sul praticamente nenhuma outra montanhista que possua um currículo como a de Carla Perez. A equatoriana, ao que parece, quer entrar para a história não somente como a melhor do continente, mas também de todos os tempos.

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