O montanhismo e as atividades ao ar livre estão enraizados no colonialismo!

Por Denilson Silva
@savagesatori

Elas sempre foram atividades apreciadas pelos colonos mais ricos e continuam a ser apreciadas por seus descendentes. Antes de falarmos mais sobre os “parques” construídos em terras indígenas e quilombolas e o deslocamento das comunidades que eles impuseram, a palavra colonização deve ser destrinchada.

Imagem: Freepik

Colonização e seu significado

As duas principais definições do Dicionário Oxford são:

  1. A ação ou processo de ocupação e controle sobre os povos originários de uma área;
  2. A ação de apropriar-se de um lugar ou povo para uso próprio.

Nos esportes de montanha, o atleta desafiará a natureza, explorará certa região e conquistará o cume. Eles normalmente não colocam mais uma bandeira no topo das montanhas (embora ainda vejamos isso), e nem todo montanhista ou trilheiro age como um colonizador na natureza.

Mas o problema surge quando a história da colonização e sua relação com a exploração não é sequer levada em consideração pelos que “brincam” nesses parques e montanhas.

Parques Nacionais e a relação com a colonização

Os Parques Nacionais desempenharam e ainda desempenham um papel terrível na colonização e na remoção dos povos indígenas de suas terras ancestrais e de quilombolas de suas terras de refúgio, além de em muitos casos perpetuarem o trato criminoso que o Estado estabelece na relação entre o povo pobre e a terra.

A criação e manutenção destes parques muitas vezes empurram o conceito de “terra nullius”, ou seja, que esta terra está aberta para uso, que não era de ninguém e agora é de todos e/ou também o conceito de que as terras foram apropriadas para um bem maior. Mas isso está errado, pois desconsidera e passa por cima de fatores humanos importantes.

Todos os Parques Nacionais pertencem originalmente aos Povos Originários e sempre serão terras indígenas. É crucial considerar a importância e as raízes relacionadas à terra que estamos ocupando quando nos envolvemos em atividades na natureza. Conhecer e respeitar a história é um primeiro passo importante.

Invasores nesta terra, os colonos e seus descendentes

Assim, como invasores nesta terra, os colonos e seus descendentes têm muito trabalho a fazer para mudar as práticas coloniais

No que tange toda a comunidade outdoor, isso envolve enfrentar o passado sombrio de nossos esportes favoritos e mudar as maneiras como realizamos nossas atividades recreativas.

E isso envolve, por exemplo, não apoiar pessoas, marcas, campanhas ou esforços que não representem histórias negras e indígenas de forma sincera e respeitosa, exigir que acima de tudo tragam justiça social para seus indivíduos e comunidades.

Observe se aquilo que você apoia realmente empodera os povos originários e os negros, ou se são apenas ações de marketing e lábia digital em busca de promoção pessoal e lucro.

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Parte deste artigo foi extraído de publicação do @cyclista_zine contendo trecho escrito por Madeline Dunnet, além de traduzido, adaptado e elaborado por Denilson Silva @savagesatori sociólogo e co-criador do Negritude Outdoor, um movimento coletivo negro de esportes e atividades ao ar livre, que trabalha para celebrar e expandir a presença e protagonismo de negras e negros no universo outdoor brasileiro, em todas as escalas. Um ato por representatividade, diversidade e empoderamento!

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